Não sou do Porto...muito.
Junto ao meu perfil pode ler-se: "PORTO, Portugal".
É forte.
É forte isto de ser do Porto. No fundo há sempre uma pontinha de inveja quando alguém de fora se vira para mim e diz: "ah..tu és do Porto!?... " Serei?
Talvez...Nasci em Gaia, moro na Maia, toda a vida estudei no Porto, e agora trabalho em Gaia. Sorrio quando chego à Maia...tenho mixed feelings quando venho ao Porto. Já vivi muito esta cidade. Quando era miúda (entenda-se desde o 5º ano, altura em que comecei a vir para casa sózinha, em transportes públicos), era rara a vez que fazia o mesmo caminho a pé. Já bastava a repetição do trajecto da camioneta (eu era fina, não andava de autocarro). E perdia-me em deambulações pelas ruas da cidade e pelas histórias que inventava com os personagens com que me cruzava. Sonhava de olhos abertos, conhecia de cor as ruas da cidade, as cores, os cheiros, as esquinas, as montras, os jardins, as sombras, as gentes, os trajectos alternativos, os atalhos...e até a caca de cão. Entretanto tive um affair com a cidade e a coisa não correu bem. Fiquei a conhecê-a ainda mais intimamente. Conheci-lhe as entranhas e conheci-lhe todas as fachadas. Desenvolvi uma relação de amor e ódio, infelizmente nunca fui capaz da indiferença. E depois a cidade mudou. Fez obras. FAZ obras. E eu comprei carro e afastei-me da cidade. Porque não há pior que trazer o carro para a cidade, logo, também não me trazia a mim.
Mas agora revoltei-me com o custo da gasolina. E com os limites que o carro impõe à vida citadina. Agora voltei a andar de autocarro. E a atravessar a cidade. Com os colegas de trabalho. Vou na conversa, ou sózinha a ouvir a música ambiente e a entoação da senhora que antecipa... "PRÓXIMA PARAGEM"...bah. Ou não ouço nada e só viajo...E depois saio na baixa e volto a perder-me nas lojas, nas livrarias, nas novas pedras da calçada e nas velhas, deformadas por centenas de anos de passos de gente daqui...Tinha fome disto e nem sabia. O carro é para ir para longe. O autocarro é para ir para dentro.
Ainda não sou capaz de morar no Porto. Nisso, não sou do Porto. O Porto nunca me terá. Ou tem, mas a uma distância de segurança.
Se sou do Porto? Não.
Ando lá perto.
É forte.
É forte isto de ser do Porto. No fundo há sempre uma pontinha de inveja quando alguém de fora se vira para mim e diz: "ah..tu és do Porto!?... " Serei?
Talvez...Nasci em Gaia, moro na Maia, toda a vida estudei no Porto, e agora trabalho em Gaia. Sorrio quando chego à Maia...tenho mixed feelings quando venho ao Porto. Já vivi muito esta cidade. Quando era miúda (entenda-se desde o 5º ano, altura em que comecei a vir para casa sózinha, em transportes públicos), era rara a vez que fazia o mesmo caminho a pé. Já bastava a repetição do trajecto da camioneta (eu era fina, não andava de autocarro). E perdia-me em deambulações pelas ruas da cidade e pelas histórias que inventava com os personagens com que me cruzava. Sonhava de olhos abertos, conhecia de cor as ruas da cidade, as cores, os cheiros, as esquinas, as montras, os jardins, as sombras, as gentes, os trajectos alternativos, os atalhos...e até a caca de cão. Entretanto tive um affair com a cidade e a coisa não correu bem. Fiquei a conhecê-a ainda mais intimamente. Conheci-lhe as entranhas e conheci-lhe todas as fachadas. Desenvolvi uma relação de amor e ódio, infelizmente nunca fui capaz da indiferença. E depois a cidade mudou. Fez obras. FAZ obras. E eu comprei carro e afastei-me da cidade. Porque não há pior que trazer o carro para a cidade, logo, também não me trazia a mim.
Mas agora revoltei-me com o custo da gasolina. E com os limites que o carro impõe à vida citadina. Agora voltei a andar de autocarro. E a atravessar a cidade. Com os colegas de trabalho. Vou na conversa, ou sózinha a ouvir a música ambiente e a entoação da senhora que antecipa... "PRÓXIMA PARAGEM"...bah. Ou não ouço nada e só viajo...E depois saio na baixa e volto a perder-me nas lojas, nas livrarias, nas novas pedras da calçada e nas velhas, deformadas por centenas de anos de passos de gente daqui...Tinha fome disto e nem sabia. O carro é para ir para longe. O autocarro é para ir para dentro.
Ainda não sou capaz de morar no Porto. Nisso, não sou do Porto. O Porto nunca me terá. Ou tem, mas a uma distância de segurança.
Se sou do Porto? Não.
Ando lá perto.
3 Comments:
Deixa lá, a malta de Sto. António dos Cavaleiros também diz que é de Lisboa e não é.
beijinhos
Ricardo Carvalho
(suspiro)... quem me dera a mim ser do Porto !
Vendo bem as coisas, eu chamo-me Sílvia e sou do Porto. E tu quem és e de onde és?
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