A ti. E a ti.
Eu não quero berrar contigo. Nem contigo. Não quero ser amarga, nem ríspida nem impaciente. Não quero ser má. Não quero berrar com nenhum dos dois. Mas não consigo evitar.
Parece que estão sempre no lugar errado, à hora errada a pedir-me algo que realmente não quero dar, não quero fazer, a exercer uma ascendência que perderam e tentam recuperar. Asfixiam-me com todo o espaço que coloco entre nós, e cada vez que se aproximam, eu grito. Não sei porquê, não sei de onde vem esta revolta toda, esta intolerância, esta hipersensibilidade. Mais ninguém tem este efeito em mim, só tu. E tu. Não sei se vos magoo, devo magoar, mas também nunca me parece que vocês alguma vez tenham levado em consideração os meus sentimentos. Sempre foi assim. Sou miúda, sou nova, não sinto, não penso, só existo, só erro, só falho, não sei o que faço. Só incomodo. Devia ter cessado de existir quando vocês deixaram de ser quem eram. Mas fiquei ali, tipo mono, a segurar uma corda de duas pontas e sem ninguém do outro lado. Sempre foram vocês contra mim, e eu a meu favor, cada um a puxar para cada lado. A vossa corda rompeu, e eu acabei por deitar fora a minha. Fui-me embora. Fui-me embora várias vezes, porque vocês também foram embora e ainda não voltaram e agora não podem mais voltar ao mesmo sítio. Eu também não sei o caminho de volta. Só sei que vou lá estar, no fim do caminho, quando vocês pararem de fugir.
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