Em todos os sentidos.
Eu entro dentro de água e começo logo a levar com as ondas na cabeça, fico lixada, começo a irritar-me e até vocifero que detesto o mar e as ondas. Mas depois o J., bruto, distante, exigente, mesmo à treinador de competição, grita comigo "lá para trás!", e eu vou. E depois vêm as ondas e eu dou às barbatanas e a prancha parece que não sai do sítio e eu não consigo apanhar as ondas. O J. grita, comanda "apanha essa!" e eu volto a tentar e apanho a onda, toda torta, a trocar os braços, nem noção do que faço bem ou mal, e lá venho e depois volto lá para trás...
O J. está nas espuminhas com os alunos de surf e eu estou cá atrás, sem pé, sózinha e as ondas parecem-me todas enormes. E começo a pensar na vida. A falar com o mar. Até que o mar me lava a alma e me manda um set inteiro para aproveitar. E quando tal, já não penso em mais nada, curto até me doerem os braços e o fato 3:2 começar a deixar entrar o frio.
No início, é sempre difícil. No início, demora sempre mais do que pensávamos. Mas um dia destes, as coisas começam a fazer sentido. E é esse momento por que espero. Em todos os sentidos.
O J. está nas espuminhas com os alunos de surf e eu estou cá atrás, sem pé, sózinha e as ondas parecem-me todas enormes. E começo a pensar na vida. A falar com o mar. Até que o mar me lava a alma e me manda um set inteiro para aproveitar. E quando tal, já não penso em mais nada, curto até me doerem os braços e o fato 3:2 começar a deixar entrar o frio.
No início, é sempre difícil. No início, demora sempre mais do que pensávamos. Mas um dia destes, as coisas começam a fazer sentido. E é esse momento por que espero. Em todos os sentidos.
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