domingo, fevereiro 10, 2019

Sete é um número perfeito.

Eu e ele, sentados à mesa da confeitaria.
- Sabes, estou a pensar em voltar a pintar o cabelo de castanho... É a minha cor original. O que é que achas? Achas que me ficaria bem?
Ele arregalou os imensos olhos, debruçou-se sobre a mesa e, com as mãozinhas sempre frias, amparou-me as madeixas de cabelo que me emolduravam o rosto, olhou para mim, olhou para os cabelos que lhe cobriam as mãos e disse:
-Mas, assim tu ficas tão linda! Estás bem assim.
O meu coração derreteu e demos as mãos. Trocamos mais umas quantas palavras das quais já nem me lembro porque o meu coração estava cheio de mimo e eu já só tinha olhos para aquelas mãozinhas frias, de dedos compridos, que eu tentava aquecer. Ele continuava ali, de mãos dadas comigo e dedicar-me uma atenção rara.
Entretanto, chegaram os húngaros (os biscoitos, não os tipos) e ele meteu um à boca, enquanto me pegava no telemóvel para me mostrar um vídeo mesmo, mesmo fixe.