1974, Geração Trintage #5
Há alturas na vida em que tudo muda. Muda o emprego, muda a casa, muda a cidade, ou não muda nada disto, mas muda o mais importante: mudam as pessoas. As pessoas à minha volta mudaram. Ou fui só eu que mudei.
É terrivelmente triste chegar à conclusão que não se tem um exército de amigos. Mas também é terrivelmente libertador sentir que não há ninguém a desperdiçar o nosso tempo.
É terrivelmente triste chegar à conclusão que não se tem um exército de amigos. Mas também é terrivelmente libertador sentir que não há ninguém a desperdiçar o nosso tempo.
6 Comments:
Também tens dias, não é?
Maus, maus, são aqueles em que me sinto completamente sozinha. Porque toda a gente tem algo a fazer... e com alguém... que não sou eu. Faz-me sentir um tapa-buracos. E pior que a ausência física (filha única, estou habituada) é querer falar com alguém mas não querer incomodar os programas. Pffff... são dias, pelo menos já sei com o que posso contar, agora desilusões... é terrivelmente triste mesmo. E quanto mais velhas somos, pior.
Tenho tido desses dias, sim. E há consolo em saber que não é loucura nossa. É mesmo assim. O importante - que custa um bocadinho - é não deixares de fazer as coisas que queres porque ninguém está disponível. As pessoas da nossa idade (os infantis 27 a 33 anos) são rápidas demais a dizer que não, que não deves, que não podes, que não fica bem, que já passou o tempo. Balelas. Dizem isso porque estão casadas, emparelhadas, já começaram a ter filhos e têm vidas preenchidas com outras pessoas. Mas acredita que se passassem por um divórcio/separação ou uma deslocação para terra estranha, se iriam sentir tal qual nós. Mas só se compreendem as situações depois de passar por elas.
Estar só é um estado puro, e um estado forte, um ponto de partida, apesar de não parecer. Por isso se torna tão complicado escolher um companheiro de viagem.
Mas quem sou eu para dizer seja o que for? Tenho dias.
Dói mesmo. Muito. Mas saímos do outro lado, sentindo-nos sobreviventes de uma guerra que ninguém vê, mas muita gente sente.
Temos é de sair, abrir o coração (apesar dos compartimentos encerrados a sete chaves e ferrolhos) e aceitar pessoas novas, de mundos diferentes, outras idades, outras paragens. A minha sugestão é diversificar, viajar, trabalhar como voluntária, procurar outras soluções que sejam à nossa medida, e parar de nos compararmos aos outros. Afinal, não existe ninguém no mundo mais importante para mim do que eu mesma. E eu mereço tudo. E cada uma de nós,
claro.
Amigos há muitos... mas tem cuidado porque também existem os falsos.
Para chamar de amiga, tenho de conhecer muito bem a pessoa e mais importante do que isso é analisar as atitudes que ela tem com as pessoas de quem gosta e os conselhos que ela me dá.
Mas isso sou apenas eu, e quem sou eu!
Os verdadeiros amigos aparecem (quase) sempre quando precisamos.
Nós é que achamos que ainda não precisamos!
A vida normal dos "30" é como dizes bastante estereotipada e "regular" nesse sentido!
Também tenho 30 e nunca fui nem serei (se tiver tempo para viver) a pessoa que vive com a simplicidade do estereotipo regular em que se inserem.
Digo isto com mais desagrado do que agrado. É verdade! o tempo muda as pessoas, as relações vão e vêm (no meu caso isolo-me mais).
Mas tb noto muitas das pessoas que vi crescer que muitas o fazem para conceptualizar a vida, o dia a dia, enfim dar sentido ao geral da nossa vida e também às pequenas coisas que fazemos.
O conceito é único (para nosso conhecimento) do ser humano, precisamos dele para "suportar" a consciência (embora muito relativa) que temos de nós e do que nos rodeia. Especialmente quando não se gosta muito do que nos rodeia, e que por uma ou outra nos imponha sitiações que não queremos.
A necessidade de simplicar as coisas mostra-se mais com o tempo. Mostra-se internamente e na forma como interpetamos o exterior. No meu caso isolo-m para isso, para não perturbar a fragilidade que é viver com objectivos pouco definidos.
Na adolescencia e pós-adolescencia a vida é fascinada, as experiencias têm um caracter de novidade (sendo novas ou não). Mas a genética ou lá o que seja não nos quer sempre iguais, vai-se mudando...
Mas tem uma coisa também, eu que sou uma pessoa que consegue direccionar o amor para praticamente qualquer coisa, sinto que me falta uma pessoa que realmente construa comigo. Mas isso axo que não é estereotipo mas sim instinto.
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J.
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