Últimas palavras antes de...trintar.
Há quem ache que eu dou demasiada importância à minha idade.
Eu DOU demasiada importância à minha idade. Mas nem é uma coisa consciente. É algo que me mói, este desajuste entre o conceito de "chegar aos 30", de "ter 30", e a suave realidade que agora constato.
Nunca me imaginei com 30 anos. Já me imaginei com 50, 60 até 80, mas com 30 nunca aconteceu. É aquela idade em que os sonhos dos 25 já deviam estar realizados e a vida supostamente entraria em velocidade cruzeiro...direitinha ao resto dos nossos dias.
Casa, carro, marido, dois filhos, um cão, um gato, e um emprego fixo.
Não sei porquê nunca pensei nisso. Nunca consegui imaginar verdadeiramente o cenário porque sempre que considerava este suposto objectivo colectivo, toda esta estabilidade e previsibilidade se traduziam em estagnação. Tédio.
Aos 20 anos, comecei logo a aperceber-me de que a vida não era nada daquilo que os meu pais me tinham prometido. Para já, eles tinham-se divorciado. Logo, desde aí, cheguei à conclusão libertadora nº1 de que nada dura para sempre, e o casamento também não. Com o curso de Jornalismo, também nunca teria um "Consultório", nem me quis parecer que o emprego fixo se concretizasse logo, logo. Saí de casa cedo, quando já tinha repetido à minha mãe de que não sairia de casa para casar, e essa foi a única convicção que se concretizou. Vivi anos numa cabana cheia de amor, mas sem mobília. Aprendi a defender o meu espaço contra as pressões para ter um aparador-cristaleira-mesa-e-seis-cadeiras. Descobri que prefiro atulhar-me de viagens, pessoas e recordações do que de objectos. Dinheiro era recorrentemente pouco. Nunca me deixei prender por empregos que não me realizavam e continuo a exigir ter prazer na função que me ocupe os dias. Quando me chamaram de "Doutora" respondi mal. Hoje faço o que gosto, mas a minha mente aberta aceita conceber outros cenários. Não tenho rotina, atravesso fases. E quando já nada fazia prever um regresso, a vida trouxe-me de volta a casa da mamã. Foi um choque para ambas, mas lá nos vamos recompondo. Recolhi às boxes quando os meus amigos estão a iniciar a corrida. É um contraste interessante, confesso. Não sou a melhor pessoa do mundo, nem para lá caminho, mas o passeio é divertido. Faço merda e meto a pata na poça quase todos os dias, mas isso é sinal de que há mais para aprender. Aos 29 anos, sinto que cresci sem que tenha envelhecido. Amanhã faço 30 anos. Tá-se bem. Bora tomar um copo?
Eu DOU demasiada importância à minha idade. Mas nem é uma coisa consciente. É algo que me mói, este desajuste entre o conceito de "chegar aos 30", de "ter 30", e a suave realidade que agora constato.
Nunca me imaginei com 30 anos. Já me imaginei com 50, 60 até 80, mas com 30 nunca aconteceu. É aquela idade em que os sonhos dos 25 já deviam estar realizados e a vida supostamente entraria em velocidade cruzeiro...direitinha ao resto dos nossos dias.
Casa, carro, marido, dois filhos, um cão, um gato, e um emprego fixo.
Não sei porquê nunca pensei nisso. Nunca consegui imaginar verdadeiramente o cenário porque sempre que considerava este suposto objectivo colectivo, toda esta estabilidade e previsibilidade se traduziam em estagnação. Tédio.
Aos 20 anos, comecei logo a aperceber-me de que a vida não era nada daquilo que os meu pais me tinham prometido. Para já, eles tinham-se divorciado. Logo, desde aí, cheguei à conclusão libertadora nº1 de que nada dura para sempre, e o casamento também não. Com o curso de Jornalismo, também nunca teria um "Consultório", nem me quis parecer que o emprego fixo se concretizasse logo, logo. Saí de casa cedo, quando já tinha repetido à minha mãe de que não sairia de casa para casar, e essa foi a única convicção que se concretizou. Vivi anos numa cabana cheia de amor, mas sem mobília. Aprendi a defender o meu espaço contra as pressões para ter um aparador-cristaleira-mesa-e-seis-cadeiras. Descobri que prefiro atulhar-me de viagens, pessoas e recordações do que de objectos. Dinheiro era recorrentemente pouco. Nunca me deixei prender por empregos que não me realizavam e continuo a exigir ter prazer na função que me ocupe os dias. Quando me chamaram de "Doutora" respondi mal. Hoje faço o que gosto, mas a minha mente aberta aceita conceber outros cenários. Não tenho rotina, atravesso fases. E quando já nada fazia prever um regresso, a vida trouxe-me de volta a casa da mamã. Foi um choque para ambas, mas lá nos vamos recompondo. Recolhi às boxes quando os meus amigos estão a iniciar a corrida. É um contraste interessante, confesso. Não sou a melhor pessoa do mundo, nem para lá caminho, mas o passeio é divertido. Faço merda e meto a pata na poça quase todos os dias, mas isso é sinal de que há mais para aprender. Aos 29 anos, sinto que cresci sem que tenha envelhecido. Amanhã faço 30 anos. Tá-se bem. Bora tomar um copo?
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