quarta-feira, janeiro 19, 2005

Centro de Saúde · parte I

A última vez que tentei marcar uma consulta no meu Centro de Saúde disseram-me que sim senhor, que teria consulta daí a 6 meses. Como? Seis meses? "A doutora tem a agenda cheia e depois vem o verão e depois está tudo marcado para Setembro, portanto só mesmo para Novembro". Obrigada, deixe lá, eu morro entretanto.
Queria ter marcado uma consulta porque não gosto de "ir às vagas". Primeiro, porque é uma violência ter de lá estar às 8 da manhã, rodeada de criancinhas indispostas (e com razão) e velhinhos cheios de espectoração. Segundo, porque o máximo de atenção que consegui da minha médica numa vaga durou menos de 5 minutos. Queria conversar com ela, por isso, pensei, numa consulta conseguiria talvez uns...6 minutos. Em vão. Sempre.

Nas últimas semanas, tenho andado em baixo. Achei que a coisa ia ao sítio, mas ontem tudo se complicou. Fiquei com febre.
Passei a noite com febre e decidi que desta tinha mesmo de ser. Como utente do SNS responsável que sou, não me dirigi ao hospital, onde até tenho uns conhecimentos, mas sim ao meu Centro de Saúde. Como mal dormi a noite toda, acordei tarde. Eram 11 e qualquer coisa quando lá cheguei.
Dirigi-me à secretaria e expliquei que não tinha consulta marcada e perguntei se poderia ver a minha médica ou, em alternativa o médico de recurso. A funcionária tratou-me como se eu estivesse a pedir uma audiencia com o Presidente da República. "A esta hora? Tinha de cá ter estado para as vagas às 8 da manhã!" Mas essa hora foi-me impossível. "Olhe, suba as escadas e vá à sala de consulta da doutora e pergunte-lhe se ela a recebe". Está-me a sugerir que interrompa uma consulta? "Vá! Bata à porta e pergunte. Eu não posso fazer nada."E encolheu os ombros. Eu guardei o Cartão de Utente e subi as escadas.
A sala de espera estava vazia. Os médicos estavam a receber delegados de informação médica. Só a minha médica estava a dar uma consulta. Em frente à porta, o horário dizia 8h/13h. Ainda estou dentro do horário. Eu espero.
Era meio-dia e meia quando ela terminou de consultar uma amiga e as duas filhas. E eu ali, sem vontade de comer há dois dias e sem grande energia, dirigi-me a ela e perguntei se ela me daria 5 minutos. "O quê? A esta hora?! Tenha dó, menina! O que é que tem? Eu disse-lhe, e que já me sentia assim há umas duas semanas. "Ah é? E só me aparece hoje e ao meio dia e meia? Volte cá de tarde, ao recurso. Eu recebo-a nessa altura". A minha médica sempre foi rezingona, mas no fim esboçou-me um sorriso. Até logo, então, sôtora.

Os Centros de Saúde não são user-friendly, definitivamente. O meu esforça-se por me recordar desse facto sempre que lá vou. E quando lá vou, ainda sinto que vim incomodar. E depois espantam-se que os portugueses se auto-mediquem, ou que recorram às farmácias antes de recorrer a um Centro de Saúde.
Vou lá daqui a nada. Vou agora mesmo. Não me quero atrasar para uma espera que pode demorar até às oito da noite.
Que incómodo!

5 Comments:

Blogger Nuno said...

A menina tem noção que se o seu Centro de Saúde tiver nome de abelha, é o pior do país. Opinião de utentes, médicos e delegados. Melhor sorte e as melhoras.

quarta-feira, 19 janeiro, 2005  
Blogger Nuno said...

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quarta-feira, 19 janeiro, 2005  
Blogger S. said...

Mas não é, amigo Nuno.
E isso de estatísticas engana muito. Enquanto uns são reputadamente maus, outros são-no efectivamente. O meu é assim-assim.
E já estou melhorzinha, graças à doutora.

quarta-feira, 19 janeiro, 2005  
Blogger S. said...

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quarta-feira, 19 janeiro, 2005  
Blogger S. said...

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quarta-feira, 19 janeiro, 2005  

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