Mitos Urbanos #1: O Martim Moniz.
Sempre que digo a alguém que moro no Martim Moniz, é um desastre de Relações Públicas.
Há quem não acredite "no meu azar", há quem não acredite que é possível eu estar bem instalada. Há quem expresse pena. Há quem deixe escapar uma expressão de ligeiro....hmmm... nojo, e quem pondere não voltar a dirigir-me a palavra. E há, também, quem me dê o benefício da dúvida e pense: "Se a Sílvia lá mora, não pode ser tão mau assim". Se esta gente estivesse toda junta quando eu digo que moro no Martim Moniz, esta gente toda diria, em uníssono, "Bem, o Martim Moniz é muito mau!" Pois. Mas não é.
Não é mau. É muito feio (apesar de a estação de Metro ser das mais bonitas) porque é velho e sujo. E está cheio de imigrantes (não confundir com os estrangeiros que são os nórdicos, europeus e americanos, loiros, alvos e turistas) que, por terem fisionomias diferentes (mais escuras), línguas incompreensíveis, costumes e credos diferentes, e vestirem roupagens étnicas-mas-não-fashion, geram estranheza. E a estranheza gera medo, e o medo gera resistência, e a resistência gera incapacidade de adaptação que resulta, invariavelmente, em ignorância.
Na verdade, o Martim Moniz não é pior que as outras zonas de Lisboa que aparecem menos vezes nos tablóides. Não é um sítio bonito. Mistura abandono com decrepitude com pobreza com exclusão com sujidade com imigrantes com pouca iluminação (e lojas com merchandise do Benfica, o pior de tudo). As pessoas ali também não são bonitas. O Martim Moniz tem gente que dorme nas ruas, drogados, polícias, africanos, indianos, chineses e muitos alfacinhas, tem uma praça, uma estação de Metro, tem dois Centros Comerciais muito fatelosos e tem o 28, tudo aqui na central Mouraria, no coração da Baixa de Lisboa, e já virou frase feita.
Há quem não acredite "no meu azar", há quem não acredite que é possível eu estar bem instalada. Há quem expresse pena. Há quem deixe escapar uma expressão de ligeiro....hmmm... nojo, e quem pondere não voltar a dirigir-me a palavra. E há, também, quem me dê o benefício da dúvida e pense: "Se a Sílvia lá mora, não pode ser tão mau assim". Se esta gente estivesse toda junta quando eu digo que moro no Martim Moniz, esta gente toda diria, em uníssono, "Bem, o Martim Moniz é muito mau!" Pois. Mas não é.
Não é mau. É muito feio (apesar de a estação de Metro ser das mais bonitas) porque é velho e sujo. E está cheio de imigrantes (não confundir com os estrangeiros que são os nórdicos, europeus e americanos, loiros, alvos e turistas) que, por terem fisionomias diferentes (mais escuras), línguas incompreensíveis, costumes e credos diferentes, e vestirem roupagens étnicas-mas-não-fashion, geram estranheza. E a estranheza gera medo, e o medo gera resistência, e a resistência gera incapacidade de adaptação que resulta, invariavelmente, em ignorância.
Na verdade, o Martim Moniz não é pior que as outras zonas de Lisboa que aparecem menos vezes nos tablóides. Não é um sítio bonito. Mistura abandono com decrepitude com pobreza com exclusão com sujidade com imigrantes com pouca iluminação (e lojas com merchandise do Benfica, o pior de tudo). As pessoas ali também não são bonitas. O Martim Moniz tem gente que dorme nas ruas, drogados, polícias, africanos, indianos, chineses e muitos alfacinhas, tem uma praça, uma estação de Metro, tem dois Centros Comerciais muito fatelosos e tem o 28, tudo aqui na central Mouraria, no coração da Baixa de Lisboa, e já virou frase feita.
16 Comments:
Gostei da dsitinção entre estrangeiros e emigrantes. Foi das melhores definições de racismo e xenofobia que li até hoje.
É que é mesmo assim como dizes e os que praticam esses actos hediondos se fossem à Alemaha e lhe chamassem turcos, se calhar ponderavam os conceitos.
Parabéns pelo Martim Moniz, tá tão perto de tudo.
Tenho saudades do 28, era quase como estar num double decker em Londres. É o melhor percurso que se pode ter em Lisboa por pouco dinheiro.
O ião saudoso
Ora porra, é preciso vir um mulherão do norte pa explicar isto ao resto dos lisboetas!
Boa boa boa boa ;)
Uma miúda do Norte, ok?
E sim, eu sou boa... a explicar coisas como estas. :)
O que não falta são "Martins Monizes" espalhados pelo país inteiro. E...?
Eu não tenho problema nenhum em dizer que ali está um local para onde nunca irei morar. Não é mito, é mesmo mau.
Ora porra, gosto-te.
Mesmo a morares no Martim Moniz.
Tu fazes-te, miúda.
Magnólia, se eu dissesse que moro à mesma distância do Miradouro da Graça já me deixas ser tua amiga?
Um conselho, nunca digas "desta água não beberei", ou "no Martim Moniz não morarei", também dá, porque há mais coisas entre o Martim Moniz e a Graça do que sonha a tua vã colecção de neurónios.
E já agora, consegues descrever-me um desses outros "Martins Monizes" que conheces espalhados pelo país?
;)
Carlitos, se eu não me fizer, que me fará?
(ATENÇÃO! ATENÇÃO! estou em modo de frases feitas!!! aaarrghh!)
Fico feliz por saber que, acabada de chegar, já te sentes mais conhecedora sobre Lisboa do que aqueles que cá moram desde que nasceram. Por isso longe de mim fazer-te qualquer tipo de descrição acerca do que se passa fora da minha cidade, não estou à altura.
Ainda bem que ficas feliz. Valha-te ao menos isso para te curar o mau feitio!!
Por vezes, quem acabou de chegar vê muito mais do que quem lá está.
A habituação e a rotina geram ideias feitas e, na maioria dos casos, provocam miopia.
É isso.
Só mais uma coisinha, Magnólia, para falar de outras cidades é preciso conhecê-las, ir lá ver, ir lá sentir, falar com as pessoas, morar ao pé delas.
Ou seja, é preciso sair do sítio que (achamos que) conhecemos e ir ver coisas diferentes viajar um bocadinho, ver mundo, ver como vive gente diferente e aprender a respeitar essa diferença. É isso que faz falta a muita gente que se basta com o mundo que tem dentro da barriga.
Antes de mais um feliz ano novo para ti. Eu concordo contigo, eu vivi um pouco de tempo no intendente, e toda a gente me dizia, "é perigoso... é uma porcaria.. bla bla bla", e eu achei seguro, perto do bairro, perto da universidade, um ambiente colorido.. sim claro, há prostituição e umas personagens meio esquisitas, mas não me incomodavam.. o que é que um gajo há de fazer?!
;) Raúl
Deixar os cães ladrar...
pois para mim é motivo de bocejo se tiver de ir ao martins moniz.Há aí uma loja de malas que tenho de lá ir de cada vez que a tap destroi a minha bagagem.Não gosto muito, mas pronto, sempre tens a praça da figueira perto.
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