Down and then up again.
Porque a S. não é uma super-mulher, apesar de querer parecer isso às vezes, e apesar de ter a boa da tshirt e os óculos também, há dias em que aterra. Sem trem.
Nos últimos dias, andava a voar baixo.
Ontem, lá se acabou o combustível e kaput! bati no fundo - o que é muito necessário, especialmente quando se precisa de voltar a subir.
Era daqueles tristezas que não se explicam. Andava triste. Porque já não sabia de que terra era, porque tudo em Lisboa é giro, é novo, mas é estranho. Ainda não é património meu, ainda é um cenário no qual me movo para trás e para a frente. As pessoas são simpáticas, mas não são ainda as minhas pessoas. Isso vai com tempo, como tudo, eu sei. Entretanto, nada me atrai ao Porto nesta altura, o que é estranhíssimo. Nada e muito pouca gente. Talvez seja mesmo assim. Longe da vista, longe do coração, mas com uma perspectiva mais alargada. A isto, juntaram-se umas desilusões recentes com pessoas que só não eram amigos porque, na verdade, eu própria já não deixo que qualquer um se aproxime. Aliás, os próprios amigos têm, às vezes, de fazer força para chegarem perto de mim (é uma dica, ok?). Começou a irritar-me ter sempre razão em algumas coisas. Sou do tipo que dou espaço às pessoas para se espalharem. Claro que prefiro que nunca se espalhem, mas, invariavelmente, aquelas que eu sei que não se aguentam, espalham-se logo, logo. E isso, irrita-me sumamente. Irrita-me o ser desiludida mais vezes do que sou agradavelmente surpreendida. Anyway...
Depois, há a dor de ter de vender o meu carro. Custa-me horrores. É um símbolo da minha independência, a minha fiel montada de todas as vezes que precisei de chegar a algum lado, o carrinho velho, podre e sujo com que desafiava quem achava que a "drª Sílvia" era uma coitada que não tinha dinheiro para mais (tenho é inteligência para outros investimentos). Apetece-me emoldurá-lo e pendurá-lo na minha parede. Quando me voltarem a perguntar se ainda tenho o meu carro, queria continuar a responder: - "SIM! Tenho, e anda muito bem"... glup!... :(
A pressão para o vender é como uma agressão, e dá-me vontade de gritar e chorar e espernear e mandar o materialismo à merda. Mas depois o meu avô liga-me e com o jeitinho único que ele tem, faz com que tudo pareça natural e para o meu bem.
Também tenho saudades imensas da minha cadela. Há uma almofada enorme na minha cama que tende a cair em cima de mim durante a noite. Quando acordo de manhã, sinto como se fosse o peso da Loirinha, mas depois abro os olhos e, não só não estou em casa, como a Loira não está comigo.
O curso aqui está a correr bem e eu gosto muito. Continuo a achar que tem sido uma boa aposta e que tenho aprendido coisas interessantes. Mas não é perfeito. Não pelos conteúdos ou pelos formadores, ou até pela própria escola, mas pela energia que não flui na turma. Desculpem a sinceridade, mas à excepção de uma e outra pessoa, parece que tá tudo morto. E são todos mais novos do que eu. O que lhes andam a fazer nos liceus e faculdades, eu nem imagino. Lobotomias, será? Com tanta apatia e serenidade, só pode ser isso. Até os formadores desesperam!! Vai daí, mais saudades aparecem. Saudades do ambiente criativo da agência, dos desafios curtos a que tinha de responder todos os dias, das brincadeiras com o Xico e com a Sandra.
Sou criativa e funciono bem em ping-pong. Mas quando a meu ping não corresponde um pong, eu fico a anhar. E depois não consigo pensar, e aquilo que penso não tem feedback, a confiança esvai-se e o stress mau toma conta. Não consigo ter ideias e não consigo escrever. A criatividade esfuma-se e eu passo mal.
Ontem, saí da escola e fui ao cinema. Fui ver o Match Point e detestei. Achei um mau filme com um argumento sofrível. Uma americanada com assinatura BBC (how could it!?) num pomposo Queen's English (who's that Woody person, anyway?). Saí de lá frustrada. Mais frustrada ainda.
Foi a gotícula de frustração que fez transbordar a lágrima. Saí do metro na Alameda e vim a pé para casa. Queria entrar numa confeitaria para lanchar, mas estava com imensa vontade de chorar por tudo e por nada, e não aguentei entrar em lado nenhum.
Foi no preciso momento em que decidi chatear alguém que não tivesse nada a ver com isto (alguém que me distraísse desta miséria auto-infligida) que lancei mão do telemóvel (que estava em silêncio e enterrado no fundo da mochila) e vi que estava aceso. Alguém tinha acabado de me ligar. Era o Edgar. Liguei-lhe de volta, mas quando ouvi a voz dele, desfiz-me a chorar. Ele tinha-me ligado porque estava com tempo livre e queria estar comigo. Descambei ali mesmo. É obvio que ele veio logo ter comigo, e depois fomos para o treino onde fomos acusados de fazer jogo de compadre e comadre, mas essa era a energia a rolar na hora. A capoeira revela muita coisa.
E assim foi. O dia acabou com um episódio de Lost, e depois fui dormir.
Ficou tudo bem.
Como este post ficou mesmo muito longo e eu não acredito que ninguém o leia, não me poupei aos pormenores. Que se lixe. De vez em quando, faz bem.
Nos últimos dias, andava a voar baixo.
Ontem, lá se acabou o combustível e kaput! bati no fundo - o que é muito necessário, especialmente quando se precisa de voltar a subir.
Era daqueles tristezas que não se explicam. Andava triste. Porque já não sabia de que terra era, porque tudo em Lisboa é giro, é novo, mas é estranho. Ainda não é património meu, ainda é um cenário no qual me movo para trás e para a frente. As pessoas são simpáticas, mas não são ainda as minhas pessoas. Isso vai com tempo, como tudo, eu sei. Entretanto, nada me atrai ao Porto nesta altura, o que é estranhíssimo. Nada e muito pouca gente. Talvez seja mesmo assim. Longe da vista, longe do coração, mas com uma perspectiva mais alargada. A isto, juntaram-se umas desilusões recentes com pessoas que só não eram amigos porque, na verdade, eu própria já não deixo que qualquer um se aproxime. Aliás, os próprios amigos têm, às vezes, de fazer força para chegarem perto de mim (é uma dica, ok?). Começou a irritar-me ter sempre razão em algumas coisas. Sou do tipo que dou espaço às pessoas para se espalharem. Claro que prefiro que nunca se espalhem, mas, invariavelmente, aquelas que eu sei que não se aguentam, espalham-se logo, logo. E isso, irrita-me sumamente. Irrita-me o ser desiludida mais vezes do que sou agradavelmente surpreendida. Anyway...
Depois, há a dor de ter de vender o meu carro. Custa-me horrores. É um símbolo da minha independência, a minha fiel montada de todas as vezes que precisei de chegar a algum lado, o carrinho velho, podre e sujo com que desafiava quem achava que a "drª Sílvia" era uma coitada que não tinha dinheiro para mais (tenho é inteligência para outros investimentos). Apetece-me emoldurá-lo e pendurá-lo na minha parede. Quando me voltarem a perguntar se ainda tenho o meu carro, queria continuar a responder: - "SIM! Tenho, e anda muito bem"... glup!... :(
A pressão para o vender é como uma agressão, e dá-me vontade de gritar e chorar e espernear e mandar o materialismo à merda. Mas depois o meu avô liga-me e com o jeitinho único que ele tem, faz com que tudo pareça natural e para o meu bem.
Também tenho saudades imensas da minha cadela. Há uma almofada enorme na minha cama que tende a cair em cima de mim durante a noite. Quando acordo de manhã, sinto como se fosse o peso da Loirinha, mas depois abro os olhos e, não só não estou em casa, como a Loira não está comigo.
O curso aqui está a correr bem e eu gosto muito. Continuo a achar que tem sido uma boa aposta e que tenho aprendido coisas interessantes. Mas não é perfeito. Não pelos conteúdos ou pelos formadores, ou até pela própria escola, mas pela energia que não flui na turma. Desculpem a sinceridade, mas à excepção de uma e outra pessoa, parece que tá tudo morto. E são todos mais novos do que eu. O que lhes andam a fazer nos liceus e faculdades, eu nem imagino. Lobotomias, será? Com tanta apatia e serenidade, só pode ser isso. Até os formadores desesperam!! Vai daí, mais saudades aparecem. Saudades do ambiente criativo da agência, dos desafios curtos a que tinha de responder todos os dias, das brincadeiras com o Xico e com a Sandra.
Sou criativa e funciono bem em ping-pong. Mas quando a meu ping não corresponde um pong, eu fico a anhar. E depois não consigo pensar, e aquilo que penso não tem feedback, a confiança esvai-se e o stress mau toma conta. Não consigo ter ideias e não consigo escrever. A criatividade esfuma-se e eu passo mal.
Ontem, saí da escola e fui ao cinema. Fui ver o Match Point e detestei. Achei um mau filme com um argumento sofrível. Uma americanada com assinatura BBC (how could it!?) num pomposo Queen's English (who's that Woody person, anyway?). Saí de lá frustrada. Mais frustrada ainda.
Foi a gotícula de frustração que fez transbordar a lágrima. Saí do metro na Alameda e vim a pé para casa. Queria entrar numa confeitaria para lanchar, mas estava com imensa vontade de chorar por tudo e por nada, e não aguentei entrar em lado nenhum.
Foi no preciso momento em que decidi chatear alguém que não tivesse nada a ver com isto (alguém que me distraísse desta miséria auto-infligida) que lancei mão do telemóvel (que estava em silêncio e enterrado no fundo da mochila) e vi que estava aceso. Alguém tinha acabado de me ligar. Era o Edgar. Liguei-lhe de volta, mas quando ouvi a voz dele, desfiz-me a chorar. Ele tinha-me ligado porque estava com tempo livre e queria estar comigo. Descambei ali mesmo. É obvio que ele veio logo ter comigo, e depois fomos para o treino onde fomos acusados de fazer jogo de compadre e comadre, mas essa era a energia a rolar na hora. A capoeira revela muita coisa.
E assim foi. O dia acabou com um episódio de Lost, e depois fui dormir.
Ficou tudo bem.
Como este post ficou mesmo muito longo e eu não acredito que ninguém o leia, não me poupei aos pormenores. Que se lixe. De vez em quando, faz bem.
5 Comments:
:)
glad you're ok now.
;)
Estamos cá S. para o que for preciso, mesmo para colocar o teu carro ao lado do Mini estacionado no prédio da Av. 24 de Julho!
a cada dia k passa tenho a estranha sensação k por detrás do mito existe 1 ser humano ... será?
bjos
eu que sou um gaju distraído, devo ter lido todos os teus posts nos últimos tempos...mas este escapou-me... andava em frequências nesta altura... e até nem ia comentar, mas revi-me um pouco no que dizes... de facto as faculdades (pelo menos na minha) não favorecem a criatividade nem a estimulam.
lobotomia? não chegaria a tanto, mas olha que andas lá perto. eu que até me acho capaz de ter umas ideias engraçadas, sinto o meu cérebro atrofiado e inibido pelo clima anti-criativo das aulas e colegas de turma. porque será que o ser humano é um ser tão influenciável pelo meio que o rodeia? porque é que nos moldamos ao meio em vez de o moldarmos nós mesmos? bem... não ligues..
não me esqueço de assinar desta vez..
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