segunda-feira, dezembro 13, 2004

Fazer ou ainda não fazer.

1.
Há mais de uma semana que a minha mãe me pediu que fizesse a árvore de Natal. Não me apetece. Cada vez mais me apetece menos fazer a árvore de Natal. Ou melhor,este ano, não me apetece mesmo nada fazer a árvore de Natal porque não é a minha árvore de Natal. A minha árvore de Natal está encaixotada na cave da casa do meu avô, juntamente com o resto que sobrou da minha casa e da minha independência. Em sinal de luto, não me apetece fazer a árvore de natal na casa da minha mãe.

2.
Ontem fui a casa dos meus avós e a minha avó mostrou-me, toda contente e orgulhosa, a sua árvore de natal - carregada de luzes - e o presépio antigo, repleto de figurinhas de barro (as mesmas da cascata de S. João que o meu avô costumava fazer), e ainda mais luzinhas.
Gostei do presépio. Mas passei a gostar mais ainda depois da minha avó acrescentar: "Vês, já tenho aqui o meu presépio. Insisti em montá-lo. Senão, para que é que me servia a árvore?".
Tinha musgo e tudo.

3.
Quando eu era pequenina, eu e o meu avô raspávamos o musgo do muro de granito, em frente.

4.
Hoje vou para casa mais cedo. Vou fazer a árvore de Natal em casa da minha mãe.

7 Comments:

Blogger Manuel said...

Então, sempre fizeste a árvorezinha em casa da mamã?
Eu tenho cada vez menos pachorra para o Natal, na realidade nem me apercebo muito que já é praticamente Natal. Por muito que eu tente dizer que a actividade lectiva não influencia a minha vida pessoal, a realidade acaba por ser bem diferente e presépios, árvores, etc. acabam por passar algo ao lado.
Também me lembro, de com os meus 8 anos, ir com um primo meu (que morava ao meu lado) buscar musgo e pedras (para simular montes) para os nossos presépios. Hoje o primo é casado, pai de duas crianças, e eu estou aqui, na mesma casa e longe de pensar em casamento (aceitam-se propostas para pré-contrato [vulgo: namoro] de meninas simpáticas e sorridentes que tenham pachorra para ouvir as minhas crenças/convicções: CVs para manuel.silva <arroba&rt; spymac.com; experiências anteriores não são valorizadas e recomenda-se o envio de fotografias).
Também ao longo do tempo deixei de ver encanto no Natal, comecei a aperceber-me que era tudo fachada, que realmente as pessoas não se tornavam mais bondozas/abertas, que cada vez mais se caminha para um "individualismo colectivo" (estamos todos no mesmo sítio [normalmente a baixa ou os shoppings], estamos todos a viver o mesmo espírito mas está cada um para seu lado, cada um a querer saber apenas de si). O próprio significado do Natal deixou de fazer sentido para mim... o propósito religioso... os conflitos que têm origem nas questões religiosas... Fará sentido cantar-se "Noite feliz, noite de amor" blá-blá-blá quando a realidade é bem diferente? Eu não gosto das religiões (pelo facto de tentarem dizer que determinados actos são "mal"... nomeadamente questões que devem ser apenas da consciência de cada um como o aborto, o próprio acto sexual em si, o que se vê ou não se vê na televisão, etc.), eu não gosto do consumismo (mas sou algo consumista, mais do que desejaria ser)... o Natal representa essas duas coisas. Gostava de poder extrair do Natal a (ligeira) abertura das pessoas e extrapolá-la para os restantes dias do ano.
Bom Natal a todos.

terça-feira, 14 dezembro, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Bem, não consigo escrever tão bem e tão eloquentemente como o Manuel.

Por isso vou ao assunto: o Natal perde piada porque somos estúpidos.
Não temos de esperar até à meia-noite.
Já sabemos que o Pai Natal não existe e também que as cartas ao dito senhor são usadas pelos CTT para forrar o chão das centrais de processamento de correspondência.
Deixamos de comer rabanadas como se não houvesse amanhã - ou porque sabemos do mal que faz à saude ou à linha. No mesmo patamar se enquadra o pão-de-ló com aquele creme de ovos dietético, a aletria, o leite creme, o bolo-rei e os enchidos, apenas para citar alguns.
E talvez seja por aí que a "piada" se tenha perdido...


TT

terça-feira, 14 dezembro, 2004  
Blogger Manuel said...

TT, já que é para falar de bolinhos... Deixa-me só também aproveitar para deixar aqui água na boca aos restantes leitores e autora do blogue... O que eu gosto mesmo são de uns bolinhos de cenoura que a minha mãe faz sempre para o Natal e Ano Novo... Dão uma trabalheira do caraças (é preciso andar a barrar formas de papel com manteiga derretida para o bolito não se colar ao fundo, que aparentemente não é nada de especial mas imaginem fazer isto a 100 formas de papel (das mais pequenas ou quase) para depois serem imediatamente cheias com massa e depois irem ao forno... Esta costuma ser a minha tarefa, por isso é a que valorizo mais (para o resto sou um desastre... já experimentei a tarefa de encher as formas mas depois de ir ao forno aquilo saía pela forma fora, por mais que eu tentasse "controlar" a situação) mas o que eu posso dizer é que os bolinhos são uma delícia! (Quem quiser a receita faça o favor de entrar em contacto com a administração.)
Também posso falar de outras duas perdições que tenho sempre no jantar de Natal: nozes e pinhões, mas isso compra-se feito... Depois há sempre os bolos e as tartes caseiras que as restantes tias e primas fazem o favor de levar para lá... Enfim... Digamos que o lado social de estar ali toda a família e dos bolinhos é a melhor parte da época.

Agora fiquei com os bolinhos de cenoura na cabeça...

terça-feira, 14 dezembro, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Este ano acho que não vou fazer Árvore de Natal... É um pouco estúpido sentir-me triste por isso... afinal quantas pessoas não a podem ter...
Mas eu queria fazer uma. Uma aí de um metro e oitenta, que nem é assim tão alto como se pensa. Queria colocar os pendentes e as luzes que ao longo dos anos tenho vindo a acumular. Queria colocar-lhe um nadinha de 'neve' e achar que era uma das mais bonitas que fiz...
Mas este ano não pode ser. E eu não consigo deixar de me sentir triste... E assim tento 'roubar' para mim um pouco do encantamento de todas as outras que vejo pelas ruas de Lisboa.

R.V.

quarta-feira, 15 dezembro, 2004  
Blogger S. said...

RV,
Porque é que não pode ser? Não podes montá-la em tua casa?
Que tal decorar uma árvore num jardim? Num pinhal. E ninguém saberia quem o fez, mas se alguém a visse ia ficar contente...antes de lhe roubar as decorações.
Se queres fazer uma árvore de Natal, faz mesmo! :)

P.S. - Ainda não fiz a árvore da minhã mãe... :S

quarta-feira, 15 dezembro, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu adoro o Natal...
A minha árvore então é um espectáculo...e não estou nada preocupado com shopping, prendas (ainda não sei muito bem o que oferecer ao meu pai… ) , individualismos colectivos, jantares de natal da empresa de amigos mais chegados, de amigos da faculdade, de amigos chegados que não falam com os outros amigos chegados, de amigos de outros amigos etc…
O Natal faço-o à minha maneira… o resto é tudo treta.

Quanto ao Anonymous, convido-o desde já a visitar o centro de tratamento de correspondências do norte para poder constatar ao vivo o material com que é forrado o chão da central.
Aliás, todas as cartas endereçadas ao Pai Natal são processadas de forma a que todas as crianças possam receber alguma lembrança.

Parece-me que a notícia de que não haveria Pai Natal deixou marcas...

p.s. Não sei se já tinha dito, mas a minha árvore de Natal é um espectáculo


Ass. Cimbalino

quinta-feira, 16 dezembro, 2004  
Blogger S. said...

É um espectáculo, sim senhor, que eu já vi.
E é por isso que ainda não fiz a arvore em casa da minha mãe. Fiquei abismada, deslumbrada, banzada com a espectacularidade da tua árvore, ó Cimbalino. Bloqueei. Quero uma assim pela Natal.
Se escrever para o Pai Natal dos Correios, recebo uma, então?
Beijos, Super-Cimbalino!
:)XX

sexta-feira, 17 dezembro, 2004  

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