quarta-feira, abril 06, 2005

Complicar não é preciso.

SMS retórica: Pensei em ti. Beijinho.
Resposta inesperada: Em quê?

9 Comments:

Blogger S. said...

i. Visitas da casa.
Este blogue recebe umas quantas visitas por dia. Os mais regulares acabaram por se tornar amigos cibernéticos que, se não fosse pela distância, tenho a certeza se tornariam amigos reais, de carne e osso, com voz e expressão corporal, que ocupariam espaço em metros cúbicos e não apenas em bits e bytes.
Até aqui tudo bem.
nunca, mesmo muito nunca, recebi um comentário de alguém que eu conheça realmente. À excepção dos meus alucinados colegas de trabalho que se entretêm a criar personagens caridosas para animarem no meu blogue (e o tornarem ainda mais interessante pela caixa dos comentários do que pelos posts propriamente ditos), e de alguns comentadores que tive a audácia de conhecer pessoalmente (algo que só muito raramente faço, em condições inexplicáveis, e sempre a contra-gosto), não conheço as pessoas que comentam no meu blogue. Mas não é esta a questão que me inquieta.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

ii. Ah e tal e coiso, e depois...espinha.
A questão que faz escrever este post anormalmente enorme é que as pessoas que conheço, os amigos, os familiares, os mais íntimos, tendo conhecimento da existência deste livro entreaberto sobre alguns aspectos da minha existência, se abstêm de comentar.
Nunquinha tive eu a grata surpresa de ler um comentário da melhor amiga, do amigo que diz que me adora, do primo (mas 'tá-se bem, primo, isto foi só para reforçar o argumento), da mãe, do amigo da mãe.
Isto parece-me mesmo muito estranho. Mas mais estranho ainda é que, quando publico algo que lhe possa dizer respeito a um deles, ainda que numa perspectiva de exercício de escrita, ou até distorcida, ironizada ou pelo caricato da situação, sempre sem revelar nomes ou condições, há casos de gente (mais uma vez não revelo nomes nem condições) que se sente incomodada, sentida, surpreendida (apanhada com o dedo no pudim?) e que depois vem tirar satisfações indirectas comigo. Indirectas! Do estilo, "ah e tal, fizeste isto assim assim? E disseste que coiso e tal?". E depois há aqueles que negam(!) alguma vez terem vindo ao blogue, ou que tenham tempo ou interesse ou até a competência para "essa coisa dos b...comé que se diz?" Mas o certo é que cada vez que lá vai posta, são esses que mais se engasgam com a espinha.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iii. Assim vai a vida.
O último caso foi de uma amiga minha. Uma das minhas melhores amigas. Pelo menos é assim que eu penso nela.
Nunca nos vemos. Por preguiça minha, por preguiça dela, porque ela tem a família e os afazeres dela (sim, eu compreendo tudo isso) e eu tenho os meus compromissos e os meus amigos não-misturáveis com os amigos da condição/contexto/esfera dessa minha amiga. Assim, vemo-nos nos anos uma da outra, casamentos, baptizados e funerais. Infelizmente.
Eu mantenho um blogue e há muito que lhe dei conhecimento dele.
Ela manda emails para a sua mailling list a contar as novidades do filhote e as aventuras e indignações de uma pequena reaccionária (ela mesma) no estranho mundo em que vivemos.
Eu respondo quase sempre de forma curta.
Ela nunca fez um comentário no meu blogue.
E assim vai.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iiii. Responder a emails ou para sempre esquecê-los.
Os emails dela são intermináveis. Uma excelente leitura, magistrais pelo estilo, cativantes pelo conteúdo, sempre muito curiosos e... longos. Pela altura que termino de ler, já pouca disponibilidade me resta para responder, questionar, apoiar, concordar, contrapor ou que quer que ultrapasse as duas ou três linhas, incluindo os beijinhos. Muitas vezes acontece que vou abrir os restantes emails e me esqueço daqueles a que poderia responder. Considero-me informada, esclarecida e depois vou fazer o que tenho a fazer, nem que seja actualizar o meu próprio blogue.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iiiii. Mostarda em alta no nariz das comadres.
Acontece que essa minha amiga (ora aqui vai posta) gosta de ser o centro das atenções (argumento não aberto a discussão, além de que toda a gente gosta, logo tem de haver espaço para todos), e espera que as pessoas tenham sempre uma atitude de reconhecimento e reverência (é mesmo assim) para com cada gesto, ideia, texto, habilidade, talento único, infindável sapiência, ou piadinha contundente que a menina solte para a atmosfera.
O talento dela é inegável, a inteligência é notória, a competência incontestável (sem bajulação), mas tudo isto são dados adquiridos. A-dqui-ri-dos. Não é preciso rever a matéria dada. Toda a gente sabe e reconhece. Podemos avançar?

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iiiiii. Revelação em 5 palavrinhas.
Não podemos avançar.
Porque por 5 palavrinhas, no meu blogue, que nela foram inspiradas e que não demonstraram a devida reverência com suficiente dobra-espinha, a menina ficou confusa e, subitamente, se revelou demostrando todo o incómodo que as restantes 25 mil palavras, que não lhe são dedicadas, lhe vêm causando.
E vêm causando esse incómodo todo porque ela vive tão completa e feliz (ainda bem) dentro do seu próprio umbigo, que se esquece que, fora dele, existe um mundo de outros umbigos absolutamente insondáveis, pertencentes uma imensa maioria de pessoas que têm experiências de vida diferentes das dela e que, necessariamente, a ela lhe serão desconhecidas.
Ora isto, para a menina-que-sabe-tudo, é inconcebível (foi esta a palavra que utilizaste não foi?). Porque ela não falha, ela não se engana, ela tem a suprema opinião, sentença e tratado sobre todas as coisas vivas e inertes do planeta, quiçá do, universo.
Eis senão que, a escrita sobre experiências que ela nunca teve, o expressar de opiniões nascidas de situações que ela nunca viveu ou testemunhou, a referência a contextos de que ela não participa, a conjugação de palavras para exprimir ideias que nunca lhe passaram pela cabeça, em vez de uma contigência natural de uma vida que não é a dela (é a minha), subitamente se transforma em insultos à sua inteligência, afrontas ao seu modo de vida, desafios à nossa amizade.
Ora porra!
(Agora peguei pesado, sim. Era isso que querias, não era? Agora, aguenta-te à bronca).

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iiiiiii. A catarse, enfim.
O meu blog tem quase um ano. Ela nunca comentou um único post. Nunca me disse que me lia até ao momento em que me atirou à cara com tudo o que leu.
Recordo que, em 25.000 palavras, bastaram 5 vocábulos para despoletar uma reacção, e logo uma tão negativa (meia dúzia de emails cheios de acusações e pontos de exclamação). Só pode ser porque a negatividade já lá estava antes.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger S. said...

iiiiiiii. Agora em discurso (in)directo.
Eu estava num mau dia, e isso tu não podias adivinhar. Mas depois de eu to ter dito, podias ter evitado o furacão que armaste para te convenceres a ti e a mim de que, aconteça o que acontecer com os outros, o mundo gira sempre à tua volta.
Eu já sei que não gira. Tu ainda vais a tempo de aprender.
Mas este é o meu blogue, e aqui o mundo gira um bocadinho à minha volta também. Porque eu o criei assim. Não o criei para te incomodar.
Se isso te incomoda, lamento. Não voltes a lê-lo. Eu nunca notaria a diferença.

sábado, 09 abril, 2005  
Blogger exactamente said...

Para começar, este blog é excelente. Depois, também estou fartinho dos amigos que não visitam o meu blog, porque, vá-se lá saber, ficaram com uma estúpida de uma inveja ou lá o que seja, e fazem questão de frisar sempre que não sabem o endereço. E depois, são apanhados pelos nomes dos computadores nas estatísticas e isso é muito feio. Detesto gente assim.
A tua reacção a essa infantilidade foi primorosa. Parabéns.

terça-feira, 12 abril, 2005  

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