Desabafo completo.
Sinto-me completamente desaproveitada. Sinto que seria bem capaz de fazer mais e de me sentir melhor com o meu dia a dia se ele não fosse aqui, tão confortável, tão previsível, tão cómodo. Sinto que gostaria de estar noutro sítio qualquer, onde a vida tivesse o valor de apenas um dia, onde o instinto pudesse trabalhar tão bem como a inteligência que sei que tenho.
Gostaria de salvar vidas, de não desperdiçar a minha nos interesses materiais que anestesiam as pessoas à minha volta e a mim também. Gostaria de estar longe. Sempre que fecho os olhos e me imagino num lugar onde fosse completamente feliz, pouco mais tenho que uns calções caqui cheios de bolsos, uma tshirt desbotada e, nos meus pés, a imaginação oscila entre uma chanatas de meter o dedo ou umas botas de montanha surradas. O meu cabelo está sujo de pó e transpiração, e não há cabeleireiros por perto.
Ao meu colo está uma criança, uma de muitas, nenhuma delas é minha, mas todas precisam de mim. Bastava-me ajudar uma por dia, esquecer-me de mim, Sílvia, portuguesa, 30 anos, filha de e de, profissão X, estado civil o raio-que-o-parta, e ser apenas pessoa. Ser muito pessoa, completamente pessoa, gente, humana, animal com hiper-sentidos e instinto protector, ser vivo, estar viva e ligada à terra, sentir os elementos. Ter a chuva, o calor, o frio, o sol, o vento, a terra, o alimento como as coisas mais importantes e não uma chatice qualquer porque me estraga o penteado, me mancha os sapatos, me engorda, me faz parecer bem ou mal. Gostava de saber cultivar a minha própria comida, construir a minha habitação, fazer fogo, tratar doenças, viver em comunidade, esquecer-me do dinheiro e da desinformação. Dava tudo para não ter de gastar energia a satisfazer as vaidades alheias, mas a concretizar apenas as minhas expectativas e não as dos outros que mal me conhecem. Amar. Ser amada. Estar completa e desejar apenas o que tenho. Viver simplesmente, se é que isso é possível. Ter um entendimento sereno da vida, da morte, da alma e da minha função do mundo. A televisão só me confunde. O sistema só me distrai. Encontrar a verdade e saber lidar com ela.
Gostaria de salvar vidas, de não desperdiçar a minha nos interesses materiais que anestesiam as pessoas à minha volta e a mim também. Gostaria de estar longe. Sempre que fecho os olhos e me imagino num lugar onde fosse completamente feliz, pouco mais tenho que uns calções caqui cheios de bolsos, uma tshirt desbotada e, nos meus pés, a imaginação oscila entre uma chanatas de meter o dedo ou umas botas de montanha surradas. O meu cabelo está sujo de pó e transpiração, e não há cabeleireiros por perto.
Ao meu colo está uma criança, uma de muitas, nenhuma delas é minha, mas todas precisam de mim. Bastava-me ajudar uma por dia, esquecer-me de mim, Sílvia, portuguesa, 30 anos, filha de e de, profissão X, estado civil o raio-que-o-parta, e ser apenas pessoa. Ser muito pessoa, completamente pessoa, gente, humana, animal com hiper-sentidos e instinto protector, ser vivo, estar viva e ligada à terra, sentir os elementos. Ter a chuva, o calor, o frio, o sol, o vento, a terra, o alimento como as coisas mais importantes e não uma chatice qualquer porque me estraga o penteado, me mancha os sapatos, me engorda, me faz parecer bem ou mal. Gostava de saber cultivar a minha própria comida, construir a minha habitação, fazer fogo, tratar doenças, viver em comunidade, esquecer-me do dinheiro e da desinformação. Dava tudo para não ter de gastar energia a satisfazer as vaidades alheias, mas a concretizar apenas as minhas expectativas e não as dos outros que mal me conhecem. Amar. Ser amada. Estar completa e desejar apenas o que tenho. Viver simplesmente, se é que isso é possível. Ter um entendimento sereno da vida, da morte, da alma e da minha função do mundo. A televisão só me confunde. O sistema só me distrai. Encontrar a verdade e saber lidar com ela.
13 Comments:
Outro post que me tocou. A Sílvia é cool...
Apoiado. Por vezes também sinto isso. Infelizmente a sociedade tende a impôr-nos um certo egocentrismo e materialismo, e não certos valores muito mais importantes na vida.. Um beijinho, gostei de te ver no domingo ;)
Não sei que diga.
Sei que isso é que é V I V E R!
És grande, porra!
Sou uma grande porra, ya.
Porra outra vez?.... ai ai...
Se é isso que queres, vai atrás duma coisa dessas. Agora não te iludas tanto com essas ideias de que gostas se não fazes nada por isso.
Ou:
te mentalizas que gostas de viver com sonhos e que tens medo de os realizar, porque como nunca estiveste sujeita às condições que descreves a fazer o que escreves, não sabes se te irias dar bem, o que faz de ti uma poeta emocional ideologista que divaga entre ideias de fazer o que tu pensas ser o Bem, comocionada pela vida "confortável" que levas.
Ou:
Arregaças as manguinhas, pegas na trouxinha, e aí vai ela, não precisas sair do país para fazer grande parte do que descreves.
A minha opinião pode divergir em duas situações:
Se tens mesmo vontade de fazer isso e não vais porque tens medo ou estás demasiado acorrentada ao teu quotidiano, acho mal. waky waky!
Se foi apenas um daqueles momentos Zen que todos nós temos. Não te preocupes, tb já me aconteceu, isso passa.
Agora se isso é dito :"Isso é que é viver!" pergunto-me se estarão a escrever no blog via Net numa missão humanitária em cascos de rolha, ou que caralho estarão a fazer, morrer por ai?
Não é para desanimar (pelo contrário), mas se tal quadro se concretizasse, o mais provável é que sonhasses em ter um cabeleireiro à mão, menos crianças à roda, ar condicionado e uma vida mais cómoda. Há que cultivar o zen, o aqui e agora, que usufruir a vida tal como ela se nos apresenta.Nada é perfeito, nada é imperfeito.
Um beijinho oriental
Ya, a isto chama-se liberdade de expressão.
Um Beijinho.
Passou?
Branca de Neve
CONFISSÃO:
Por duas vezes, preenchi aos formulários da Cruz Vermelha Internacional, coligi a documentação solicitada e até consegui cartas de referência. Só nunca tive tomates para enviar.
Dizem que à terceira costuma ser de vez. Não sei.
Tantas e tantas vezes tive esse momento Zen que acabei, um dia, a observar à volta o tudo e os todos... Acabei chegando à conclusão mais lógica: o que é bom começa de dentro para fora, como quando atiramos uma pedra para a água e os círculos começam a alargar-se... Há muito para fazer por cá (devo concordar com Sarrafo) além de alimentar essas vaidades às quais estamos sujeitos, nem sempre por querermos mas sempre porque é preciso (diz-se) pode dar-se a mão a tanta coisa e a tanta gente. Pensa bem: já fizeste um triste sorrir hoje? Já deste "Bom dia" a um desconhecido? Já viste como isso lhe ilumina o rosto? Já agradeceste com a boca cheia o café que tomaste ou o bolo que te serviram? Já reparaste como levantam o sobrolho e vão a sorrir para o cliente seguinte? As coisas pequeninas fazem tanta diferença que nos esqucemos delas... Às vezes é bom começar por dentro! Como diz a amiga mais junto do peito "Um dia tudo faz sentido!" e não é que faz mesmo!?...
Quem me conhecer que te conte, Katz.
E quanto a ficar cá dentro, admito, só com plantas e animais (o que já fiz e voltaria a fazer). Para aguentar pessoas - que é difícil - acho que preferia viajar. Às vezes é própria a Portugalidade que me incomoda. Mas isto sou só eu a desabafar.
Falamos a mesma língua... Óptimo! No entanto, com as devidas excepções, a portugalidade, acredita, é uma internacionalidade elevada a muito pouco... E quem por lá anda sabe do qu falo, e sabe, também, que há pior do que esta portugalidade... Mas nada melhor do que sair para chegar a essas conclusões!
(Já se os tópicos forem outros... Bem, aí a Portugalidade é, com toda a certeza, elevada a mais do que é possível expressar-se).
Ser português é tão bom como a nossa doçaria tradicional. Só que, às vezes é preciso desenjoar.
... e quando viajo, acredita, passo muita fominha. Ai quem me tira o bacalhau, o arrozinho de mil maneiras, o nosso pão, as torradas, a meia de leite, o pingo, o café, os compais, tira-me a vontade de estar longe. :P
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