sexta-feira, outubro 28, 2005

Passagens.

Pela primeira vez, Lisboa humanizou-se para mim. De todas as 782549 vezes em que passei pela capital, confesso que sempre achei que tinha betão a mais, espaços verdes ressequidos e demasiados figurantes inexpressivos a atravessar nas passadeiras e a encher os túneis do Metro.
Desta vez, foi diferente. Desta vez, para começar, tinha alguém à minha espera na Estação do Oriente. Melhor ainda, tinha alguém à minha espera na plataforma, logo quando eu cheguei. Acreditem que faz toda a diferença. O cenário já não é de betão, tubos e fibra de vidro, mas sim de sorrisos, abraços e delicadezas. O Vasco da Gama já não me pareceu um assalto consumista às minhas parcas posses nortenhas, mas antes um centro comercial que eu consegui evitar com êxito.
A viagem era de trabalho, mas revelou-se uma viagem de pessoas. Estive com muitas pessoas, pessoas importantes e pessoas que me disseram coisas importantes, pessoas cujos exemplos foram importantes. Pessoas, pessoas, pessoas, e isso foi muito importante. Desde quem me recebeu em sua casa da melhor maneira possível, até à velhinha que me agarrou no braço e cuidou de mim no autocarro para que eu saísse na paragem certa porque "eu era do Porto", aos rapazes atenciosos no cybercafé no Bairro Alto, à amiga que me fez companhia no Metro e no supermercado e na espera do comboio, àquela pessoa que eu desejava ver há mais de ano e meio e que tive a honra de o encontrar num dos momentos mais bonitos da vida dele, áqueles que me receberam nas suas agências e que me disseram o que eu precisava escutar e me apontaram nas melhores direcções, sendo isso justamente o que eu buscava neles.

Começar a perceber e tirar o melhor partido do sistema de transportes colectivos também me deu uma sensação de maior integração e independência face à cidade (obrigada às velhinhas, sobretudo). Já me oriento bem, e até já tenho zonas onde gostaria de morar, avenidas que gostei de percorrer a pé, enquanto pensava no resultado de conversas que tive. E esteve frio e choveu. Até nisso, Lisboa me pareceu mais confortável, mais fácil de lidar, mais próxima do meu habitat natural.
Desta vez, Lisboa humanizou-se para mim, eu descobri que até podia viver ali.
Afinal há vida em Lisboa, muita vida, tanta vida que o Porto me pareceu muito calmo quando regressei.
Obrigada a quem me recebeu aí. Valeu. Mesmo.
Agora estou de passagem. Só não sei por onde.

15 Comments:

Blogger Calvin said...

A Gare do Oriente é uma coisa lindíssima. Muito mais bonita do que o Estádio do Dragão... ;oD Pelo Bairro Alto e não disseste nada? Uma língua para fora para ti e um grande BRRRRR! :o)

sábado, 29 outubro, 2005  
Blogger S. said...

"A Gare do Oriente é uma coisa lindíssima."!!??
AAAAAAAHHHHHHHH LOOOLOLOLLLOL!!!
"Muito mais bonita do que o Estádio do Dragão"!!!!??
BBBRRRRRRRRRR AAAAAAHHHH AHAHAHAHA!!!!!

sábado, 29 outubro, 2005  
Blogger Calvin said...

Bom, admito que o teu critério esteja inquinado para poderes fazer uma avaliação imparcial... :oD Mas dizer que a Gare do Oriente não é lindíssima? Tss tss tss... :o)

domingo, 30 outubro, 2005  
Blogger S. said...

Demasiado, não. É como é. Só isso.

domingo, 30 outubro, 2005  
Blogger Magnolia said...

Tu estiveste aqui e não disseste nada? Murchei. Humpf!

domingo, 30 outubro, 2005  
Blogger nelsonmateus said...

kero aki prestar homenagem as velhotas do mundo inteiro pork sempre k estive perdido no decorrer das minhas aventuras ... foram elas k m indicaram o caminho da salvação!

bjinhos pras velhotas do mundo inteiro! elas merecem ...

domingo, 30 outubro, 2005  
Blogger Alexandre said...

Não disseste nada...
Tanta gente aqui em Lisboa ansiosos pelo dia, e tu vens e NADA!
buah!

domingo, 30 outubro, 2005  
Blogger S. said...

Não foi propriamente uma visita turística. Andei sempre a correr de um lado para o outro, bem carregada (ai as minhas cruzes, senhores!!!) e lá consegui encaixar uns quantos cafés. Mas como nunca sabia onde ia estar e a que horas, não disse a ninguém. Mas pode ser que venha a ter mais tempo para todos vocês, meus fãs, num futuro mais ou menos próximo. A bere!

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger Montenegro said...

E eu a pensar que terias ido para o Tuvalu...

... pelos Algarve's já sei como é, só cá aparecem pelo Verão! :P

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger S. said...

Eu? Escrever um livro?
Já escrevi, mas era um guia turístico. E logo para o Porto. Achas que conta?
Não tenho a ambição de escrever livros. Escrever umas linhas, ou até páginas ainda vá, agora livros inteiros... isso é muita ambição e um risco grande de aborrecer espíritos alheios. :P

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger S. said...

Esse já há´e não fui eu que o escrevi.
Mas quem é o pai da Joaninha?

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger asterisco said...

Eu não gosto dos bonequinhos, irritam-me, tenho a opinião que o destinatário merece sempre o esforço das palavras, mas desta, vai:
8)

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger S. said...

Então, Asterisco, em vez de eu escrever assim: **************, passo a dedicar-te a tradução por extenso: "beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho, beijinho"!
Tu mereces tudo!!

segunda-feira, 31 outubro, 2005  
Blogger asterisco said...

ENA PÁ! ENA PÁ!!! E vão três cedências:
8D

quarta-feira, 02 novembro, 2005  
Blogger Sinclair said...

Lisboa adormeceu já se acenderam
mil velas nos altares nas colinas....
www.calmantes.blogspot.com

segunda-feira, 26 dezembro, 2005  

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