Do ninho para o mundo.
Vou tentar explicar o meu estado de espírito recorrendo a um exemplo de... cama. Não, não envolve sexo. Só cama. Quentinha, confortável, é também conhecida por: ninho.
Imaginem a situação em que estão confortavelmente nas vossas caminhas. Está quentinho, aconchegante, ninguém vos chateia. Lá fora, é capaz de estar sol, há muita coisa para fazer, montes de possibilidades. Mas, ali na caminha, entre os lençóis favoritos e a almofada insubstituível, nada vos falta, tudo parece suficiente, o mundo é perfeito. Ainda assim, quando o sono não anestesia a consciência, sabem que se calhar era engraçado ir dar uma volta. Mas, pensamento contínuo, voltam logo a pensar ali dentro do quarto e debaixo do edredon, é que se está bem. Tudo é conhecido, previsível, seguro e controlado. Podiam ficar ali para o resto da vida. Se a vida fosse só isso. Se não soubessem que a vida pode ser mais do que isso. Se escolhessem ignorar a vida e isso.
Como se isso fosse possível (para muitos até é).
Eu gosto do conforto do ninho, mas sei que há mais mundo lá fora.
Não consigo deixar de pensar que "lá fora" há outras coisas, montes de outras coisas, todas diferentes e surpreendentes, pouco controláveis, menos previsíveis, até desconhecidas a acontecer, novos ambientes e outras maneiras de dormir. É tentador. Enquanto eu penso em sair, a cama desafia-me a ficar. Apetece-me sair, mas também me apetece ficar. Sinto que posso sair, mas posso perfeitamente deixar-me ficar. Sei que, ao sair, irei investir energia que, aqui, posso perfeitamente poupar. Sei também que, ao sair, me irei cansar, encontrar gente que me vai tirar o sono ou, então, apagar-me as luzes. Irei expôr-me aos elementos, apanhar frio a mais, calor a mais, chuva e vento pelas galochas, e posso até constipar-me, mas também vou fazer exercício, aprender coisas novas, desenvolver anticorpos, e crescer. É bom. Atrai-me.
A caminha, controlada e cómoda, é boa. Seduz-me.
Enquanto ando nisto, também ando inquieta. Muito inquieta e muito consciente desta inquietude. Cada vez mais, aliás.
Não sou adepta das soluções bruscas e dos transplantes radicais. Todos os processos têm o seu tempo. A noite serve para retemperar, mas nenhuma noite dura para sempre. Assim que a minha energia estiver reposta e a inquietação tomar conta, eu terei desarrumado a cama de tal maneira que não vou conseguir ficar nem mais um segundo, e que vou pinchar de lá para fora na hora.
Sair vai, afinal, parecer-me uma atitude irreversível, mas natural.
Quando o momento chegar, não vai custar nada. Por isso, não me apressem.
E agora, vou dormir. Com licença.
Imaginem a situação em que estão confortavelmente nas vossas caminhas. Está quentinho, aconchegante, ninguém vos chateia. Lá fora, é capaz de estar sol, há muita coisa para fazer, montes de possibilidades. Mas, ali na caminha, entre os lençóis favoritos e a almofada insubstituível, nada vos falta, tudo parece suficiente, o mundo é perfeito. Ainda assim, quando o sono não anestesia a consciência, sabem que se calhar era engraçado ir dar uma volta. Mas, pensamento contínuo, voltam logo a pensar ali dentro do quarto e debaixo do edredon, é que se está bem. Tudo é conhecido, previsível, seguro e controlado. Podiam ficar ali para o resto da vida. Se a vida fosse só isso. Se não soubessem que a vida pode ser mais do que isso. Se escolhessem ignorar a vida e isso.
Como se isso fosse possível (para muitos até é).
Eu gosto do conforto do ninho, mas sei que há mais mundo lá fora.
Não consigo deixar de pensar que "lá fora" há outras coisas, montes de outras coisas, todas diferentes e surpreendentes, pouco controláveis, menos previsíveis, até desconhecidas a acontecer, novos ambientes e outras maneiras de dormir. É tentador. Enquanto eu penso em sair, a cama desafia-me a ficar. Apetece-me sair, mas também me apetece ficar. Sinto que posso sair, mas posso perfeitamente deixar-me ficar. Sei que, ao sair, irei investir energia que, aqui, posso perfeitamente poupar. Sei também que, ao sair, me irei cansar, encontrar gente que me vai tirar o sono ou, então, apagar-me as luzes. Irei expôr-me aos elementos, apanhar frio a mais, calor a mais, chuva e vento pelas galochas, e posso até constipar-me, mas também vou fazer exercício, aprender coisas novas, desenvolver anticorpos, e crescer. É bom. Atrai-me.
A caminha, controlada e cómoda, é boa. Seduz-me.
Enquanto ando nisto, também ando inquieta. Muito inquieta e muito consciente desta inquietude. Cada vez mais, aliás.
Não sou adepta das soluções bruscas e dos transplantes radicais. Todos os processos têm o seu tempo. A noite serve para retemperar, mas nenhuma noite dura para sempre. Assim que a minha energia estiver reposta e a inquietação tomar conta, eu terei desarrumado a cama de tal maneira que não vou conseguir ficar nem mais um segundo, e que vou pinchar de lá para fora na hora.
Sair vai, afinal, parecer-me uma atitude irreversível, mas natural.
Quando o momento chegar, não vai custar nada. Por isso, não me apressem.
E agora, vou dormir. Com licença.
5 Comments:
"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos"
Sigmund Freud
...por isso vamos adormecer a preguiça porque "lá fora há outras coisas”...humm mas a caminha sabe tão bem! :)
Como, BN?
a brincar a brincar chegaste a msm conclusão k eu.
tá na hora d eu m mexer.
pro norte, pro sul, pra espanha, pra frança ... nã sei ainda.
só sei k chegou a altura d mexer-m ... vamos ver o k m diz o pai natal ... :|
Acho que é uma geração inteira, Nelson.
hum ... só pode kerer dizer k tou na geração certa!
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