terça-feira, janeiro 31, 2006

A urgência de escrever.

Há alturas em que só a escrever é que passa. Momentos em que temos mesmo de chegar até um computador, um moleskine, um guardanapo de café. Minutos em que o mais importante no mundo é ter uma caneta que escreva e um sítio onde assentar as palavras. Não precisam fazer sentido, não se destinam a ser lidas, ou talvez sim. Serve para desabafar, para acalmar a revolta de um pensamento que a palavra dita não consegue porque não é livre. Porque ninguém escuta, porque ninguém concorda, ninguém contrapõe porque não é o momento para discutir e tentar defender o inquestionável.
São momentos de profunda solidão auto-infligida, uma fuga para um lugar seguro, um mundo perfeito, estranho, clandestino, inexplicável, visível apenas ao seu criador.
Pode ser a hora de lavrar a sentença mais dura sem direito de apelo. Coincide, por vezes, com a desilusão, o fim, o momento em que algo se quebra e não está lá ninguém para contestar. Ou pode ser a celebração de algo que merece ser recordado, lido e relido, emoções revividas, sentimentos que não se podem esquecer. Pode ser o mais valente "tou-ma-cagar", um perfeito "in-your-face", um "não-me-chateies", ou então um "não sei que faça". Pode ser um desejo, uma lista de coisas para fazer, um "prós e contras". Pode ser só para aquecer as mãos, rodeios para evitar o busílis, tempo a mais e nada mais que fazer. Há quem pinte, há quem corra, há quem encontre alguém para foder. Há quem escreva e não cause dano. Há quem escreva e destrua a seguir. Mas quem escreve, pensa, e quem pensa raciocina e, quando raciocina, resolve.
Escrever resolve, às vezes. Escrever é terapêutico e pode durar segundos ou horas. Pode ser febril e produzir resultados brilhantes nesse momento único, e que seriam impossíveis em qualquer outra altura.
Podem escrever-se tratados ou apenas uma palavra na areia. Pode perder-se tudo e jamais recuperar, ou reescrever e fazer melhor ainda.
Escrever irrita, escrever acalma, escrever resulta.

9 Comments:

Blogger Alexandre said...

Tiraste-me as palavras da mão.

O meu problema é não saber bem a origem deste meu estado de espirito.

terça-feira, 31 janeiro, 2006  
Blogger S. said...

Estupidamente Feliz? Não é dos piores, não senhor.

terça-feira, 31 janeiro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

"Escrever resolve, às vezes." gosto da relativização das coisas. é assim mesmo.

terça-feira, 31 janeiro, 2006  
Blogger nelsonmateus said...

gosto kuando escreves assim ... revela 1 silvia diferente dakela k costumamos ver aki.

terça-feira, 31 janeiro, 2006  
Blogger S. said...

E que tipo de Sílvia costumais ver aqui?

terça-feira, 31 janeiro, 2006  
Blogger Unknown said...

Compartilho contigo essa paixão pela escrita. Estou constantemente a escrever, e há quem veja nisso um afastamento da realidade. Porque por vezes, converso melhor por escrito, porque ao escrever, as verdades saem mais depressa, mais reais. As boas e as más.

Escrever nem sempre resulta, como tu própria afirmas. Mas é sempre bom tentar.

quarta-feira, 01 fevereiro, 2006  
Blogger nelsonmateus said...

amanhã ... digo-te amanhã ... agora tenho k passar pelas brasas ou amanhã nã faço ponta d'1 corno.

quinta-feira, 02 fevereiro, 2006  
Blogger nelsonmateus said...

1 silvia ... impulsiva, sem papas na língua, irónica, cómica e senhora do seu nariz.

sexta-feira, 03 fevereiro, 2006  
Blogger S. said...

;)

sexta-feira, 03 fevereiro, 2006  

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