terça-feira, março 07, 2006

Tratá-los como se tivessem 5 anos.

Fiquei no Porto mais um dia para resolver um berbicacho criado por uma das nossas mais caras instituições nacionais. Não vou dizer qual é, só vos digo que uma das principais causas do desemprego em Portugal são os próprios funcionários dos Centros de Emprego. Ooops, já disse!
Açambarcadores... haveriam de provar do próprio produto para ver o que é doce. Os únicos excelentes funcionários são os recepcionistas e telefonistas. Daí para cima, quanto mais "Dr's", maior o perigo.
Aquilo é gente que não se entende, gente não entende quem lá vai, não escuta, não sabe comunicar e não se quer responsabilizar.
Contradizem-se uns aos outros, desdizem-se, sacodem a água que metem dos capotes uns dos outros. Quem lá vai é reduzido a um número atachado a um chupista acéfalo e sem esperança. Há que contar com isso, e entrar no jogo.
É preciso falar-lhes como se tivessem 5 anos de idade e remetermo-nos à idade dos porquês até ao nível da exaustão. Caso contrario, é quase seguro sairmos de lá com a corda no pescoço e a achar que a merecemos.
Esperei dois dias pelo telefonema devido e depois fui à luta. Quando entrei, a senhora já tinha o dedo em riste a dizer que já tinha sido repreendida por isto e que me ia ligar e que eu é que tinha feito tudo errado. Concordei, disse que sim, que fiz tudo errado, exactamente errado como me tinha sido instruído pelos doutores A, B e C. Esta era a doutora D, que afinal nem era doutora, mas ia, mais uma vez, ter de limpar a bodegada armada pelos outros senhores "lá em cima". Expliquei-lhe os erros e a falhas de comunicação, expliquei-lhe como aconteceram, disse-lhe que era importante identificá-los para que as mesmas pessoas não voltassem a incorrer nos mesmos erros e a causar os mesmos danos aos desinformados utentes. Falei-lhe de igual para igual. Fiquei do tamanho dela. Fiz-lhe muitas perguntas, dei-lhe espaço para que mostrasse tudo o que sabia e me explicasse tudo o que os outros não conseguiram em todo o tempo que já me haviam desperdiçado. Escutei-a e situei o mal-entendido. Concluímos que foi uma sucessão de dificuldades de comunicação, que a culpa tinha sido do outro funcionário, que a informação deveria ter sido dada como agora estava a ser dada, que todos os funcionários deviam ser como a senhora, e que se o fossem nada disto teria acontecido. Fui diplomática como não o teria conseguido ser há uns anos atrás. Desta vez, deixei a mesa na posição em que a encontrei e a funcionária com a auto-estima elevada. Acho até que hoje vai achar que salvou uma pobre alma e até a face da instituição. Foi um dia ganho para ela.
Para mim, não ficou tudo perdido.
Acho que começo a perceber como estas coisas se fazem...

4 Comments:

Blogger Rafael said...

Oh minha amiga...
O meu primeiro estágio foi na função pública. Aprendi algo valioso. Com os doutores, o melhor remédio é deixá-los entalados. A partir desse dia, tratam-te como se fosses D. Silvia I, Rainha de Portugal. O pior é que quem paga, são sempre os de baixo.

Boa noite.

quarta-feira, 08 março, 2006  
Anonymous Anónimo said...

CONVITE
Silvia.
Vens cá jantar sexta-feira?(.)
Estás encantadora nessa foto.
peixinhos
(laranjinha_do_mar@hotmail.com)

quarta-feira, 08 março, 2006  
Blogger S. said...

Martinha,
-> CONVITE ACEITE!!! <-
Sexta lá estarei, ready to party!!!
:DX

quarta-feira, 08 março, 2006  
Blogger S. said...

2X1, acho é que lhes fazia bem experimentarem o desemprego e o contacto mano-a-mano com os seus expeditos colegas. Seria, com certeza, um estágio muito esclarecedor e profilático.

quarta-feira, 08 março, 2006  

Enviar um comentário

<< Home