quinta-feira, maio 18, 2006

A vertigem da tentação.

Às vezes, só mesmo a musiquinha certa é que nos safa. Um ou dois números de telefone de emergência, um ouvido atento do outro lado, alguém que oferece um raciocínio frio e distante, e coberto de razões que não queremos escutar.
Às vezes queremos coisas que já não se usam, às vezes queremos fruta fora de época. Às vezes, damos por nós a ser vítimas daquilo que já fizémos a outros, e sabemos exactamente o que vai acontecer. E nem censuramos, nem criticamos, nem sequer nos revoltamos. Simplesmente sabemos que é assim, que aquele é um processo natural e que seguirá o seu curso, qual betoneira que nos vai passar por cima, caso escolhamos não nos afastar.
É como ir ao cinema ver um filme no qual não se tem interesse, apesar de a surpresa ser possível. É como saber que se tem um jogo fraco e ainda assim aceitar competir. É entrar manco na corrida. É atirar pérolas a porcos. É não fazer nada daquilo que realmente se deseja. É contentar-se com pouco. É ir sempre a jogo porque agora se faz assim e se lixe a verdade dos sentimentos.

Tenho uma intuição que mete nojo.
Dantes ignorava-a, e de cada vez que a ignorava, arrependia-me amargamente. Agora já começo a atentar nesta tremenda visão.
Onde é que se desliga? But, would I?

3 Comments:

Blogger Rosmaninho said...

Não desligues, não desligues. É o pior que se pode fazer. ;)

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Anonymous Anónimo said...

"às vezes queremos fruta fora da época"
A grande verdade que li nestes últimos tempos!

Um beijinhos de uma leitora assidua.

quinta-feira, 18 maio, 2006  
Blogger Joana said...

É mesmo isso tudo....
é isso tudinho...

(e mais não digo se não estrago)

sexta-feira, 19 maio, 2006  

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