Escorpião.
O caminho era diferente, a cidade era outra, mas a atitude era exactamente a mesma. Saí de casa para fazer algo que me tira mais do que me acrescenta, para dar alguma coisa a quem só suga, e com a certeza de que não iria regressar encantada da vida. Ainda assim, fui. Outra vez. O padrão já está mais que desenhado, reconhecido, estudado. É fácil quebrá-lo. Bastava seguir os mesmos conselhos que dou aos outros. Bastava ligar a quem me conhece bem, sendo por isso mesmo que não ligo.
Mas eu não me ouço, não me respeito, desafio-me a mim mesma, mando-me à merda e vou apanhar as canas. Ontem foi como se tivesse regredido no tempo, nas decisões que havia tomado, e me deixado cair novamente naquela forma de vida parva e viciada que já me permiti ter. Ainda fiz uns telefonemas para ver se arranjava distracção à altura, se arranjava desculpa para dizer que afinal não ia. Mas não. Peguei no carrinho e lá fui eu, meia a curtir o passeio por Lisboa à noite, meia a perguntar-me que raio ia eu fazer, porquê e o que ganhava com aquilo.
A resposta ia invariavelmente ter ao meu "síndrome de madre teresa", à minha curiosidade pela natureza humana, pela minha ilusão do resgate dos mal resolvidos da vida, e à minha insistência em sentir a vibração e desvalorizar os comportamentos. Devia era cuidar da minha vida e dar atenção a quem realmente merece, em vez de arranjar nova sarna para me coçar.
Nestas alturas, noto o quão instável é a minha mistura de razão e animalidade. Reajo mais do que penso, e penso muito para justificar as reacções, os apetites, os actos mais impensados. Porque sim, porque apetece, porque não perco pedaço (pelo menos não visível), porque alguém fica melhor, porque aprendo sempre alguma coisa, porque prolongo um jogo que podia nunca ter começado, porque me convenço ainda melhor daquilo que já sei, mas prefiro ignorar. Porque me seduz desafiar as minhas próprias regras. Porque sei que deixo marca. E porque me defendo de coisas maiores.
Mas eu não me ouço, não me respeito, desafio-me a mim mesma, mando-me à merda e vou apanhar as canas. Ontem foi como se tivesse regredido no tempo, nas decisões que havia tomado, e me deixado cair novamente naquela forma de vida parva e viciada que já me permiti ter. Ainda fiz uns telefonemas para ver se arranjava distracção à altura, se arranjava desculpa para dizer que afinal não ia. Mas não. Peguei no carrinho e lá fui eu, meia a curtir o passeio por Lisboa à noite, meia a perguntar-me que raio ia eu fazer, porquê e o que ganhava com aquilo.
A resposta ia invariavelmente ter ao meu "síndrome de madre teresa", à minha curiosidade pela natureza humana, pela minha ilusão do resgate dos mal resolvidos da vida, e à minha insistência em sentir a vibração e desvalorizar os comportamentos. Devia era cuidar da minha vida e dar atenção a quem realmente merece, em vez de arranjar nova sarna para me coçar.
Nestas alturas, noto o quão instável é a minha mistura de razão e animalidade. Reajo mais do que penso, e penso muito para justificar as reacções, os apetites, os actos mais impensados. Porque sim, porque apetece, porque não perco pedaço (pelo menos não visível), porque alguém fica melhor, porque aprendo sempre alguma coisa, porque prolongo um jogo que podia nunca ter começado, porque me convenço ainda melhor daquilo que já sei, mas prefiro ignorar. Porque me seduz desafiar as minhas próprias regras. Porque sei que deixo marca. E porque me defendo de coisas maiores.
12 Comments:
e o pior é que não resistes; vais, uma e outra vez, insistes, consomes-te, acabas-te.
as mortes são sempre anunciadas, a data é que não.
Anitaaaaaaaaaaa!!!!
Onde estás? que fazes? onde escreves, se escreves? Volta, anitaaaaaaaaa!!!
:)
(agora com a postura recuperada)
Pois... O pior é que acredito na vida após a morte.
atira-te ao mar e depois diz que te empurraram!
Ya. Volto do outro mundo só para te dizer isso. E para assinares os comentários tb, sff.
Silvia,
o teu texto é brutal! impressionante como descreves, de uma forma concisa, directa e perfeita, aquilo que eu faço vezes sem conta...
Enfim,
ou ainda somos muito novas e temos mais do que tempo para levar na cabeça para definitivamente aprender, ou, de facto, um dia este projecto de "madre teresa" terá os seus frutos...Epá, perder a esperança naquilo em que acreditamos é que não!!!
Força, és um espectáculo!
Penso que produzimos uma "droga" quando cedemos à nossa vontade irracional, aos nossos estranhos desejos e enganos propositados...É algo viciante, muitas vezes incontorlável...eu encaro como um sinal de estar viva, encantada e consciente da minha inconsciência ...
Este blog, de vez em quando, ganha uma aura de terapia de grupo, não acham? Lá está... o cognome deste blog sempre foi "O Asilo". De vez em quando comprova-se. Mas é positivo. É prova que não somos assim tão diferentes uns dos outros.
dssssss...carago...não se pode escrever nada...
Claro que pode. Pode e deve. :)
Este blog é (ou foi em tempos) conhecido, carinhosamente, por "O Asilo". Tu é que se calhar não és desse tempo. :)
marianne esquentadita, olha aqui e aqui.
Junto-me a esta alegre terapia de grupo e sou feliz.
Silvia verbalizaste tudo o que sinto... aquela sensação de eterna máquina de lavar... de voltar ao mesmo... de ceder a mim mesma...
é isso tudo moça, é isso tudo
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