segunda-feira, agosto 08, 2005

S.udoeste #4: Um descampado num planeta à parte.

Gostei muito da sensação de não precisar de chaves, de andar de um lado para o outro sem ter os bolsos a tilintar. Valores tinha muito poucos, por isso deixava tudo na tenda. A brilhante pulseirinha amarela abria todas as portas e mantinha-nos identificados à distância como as reses de uma boa manada. A descontração, oh.., a descontração era quase animal.
Esqueci-me de que havia jornais, televisão, que o mundo ia para além da Zambujeira do Mar. Quando a Judite comprou o Público no Sábado, eu olhei para o jornal com espanto, tipo, mas isso ainda existe!!??? O som da Sic Notícias com Portugal a arder pareceu-me estranho no café onde carregamos os telemóveis. Não era o mesmo planeta. Na reserva, os índios acampados degladiavam-se com gritos audíveis e muito serôdios, nos mais diversos sotaques, sejam Lisboa, Moita, Tomar, Algarve, Bragança e claro Puuuáááárto, na interpretação entoada dos seguintes cânticos: "Oh Eeeeeelsaaa!!", "Obikweluuu", "O gato é gay" e "Bom dia!!" a qualquer hora do dia, mas especialmente da noite. E ainda havia o falar à préto, que dominou uma bela tarde em Odeceixe.