quarta-feira, agosto 16, 2006

Viajar sozinha.


Cada vez gosto mais.
Quem me conhece, sabe que sou gregária. Que gosto de estar rodeada de gente. Mas quem me conhece ainda melhor, sabe que gosto muito de estar sozinha. Que adoro e defendo a minha auto-determinação. Que gosto de mudar de planos, ou que nunca os tenho realmente, ou apenas faço esquiços. A experiência já se encarregou de me provar, repetidamente, que planos feitos a cinzel tendem a esboroar-se.
Digamos que tenho vontades. Vontade de ir ali e acolá. Gosto que me acompanhem.
Geralmente acompanho quem me convida até ao fim do mundo, se a minha presença for necessária, desejada e se eu vir nisso uma experiência positiva.
Não gosto mesmo nada de acomodar preguiças, más-vontades e taus alheios. Por isso, gosto de estar sozinha quando a ideia é ir ao sabor do vento.
Nestes dias, tive momentos de doce-fazer-nenhum. Tive momentos de esperar que me viesse a vontade de fazer alguma coisa, até mesmo a de levantar o traseiro da praia. Também tive momentos de lavar a roupa toda no tanque. Tive momentos de mudar a decoração da tenda, e muuuuuitos momentos para dormir. Passei a ter momentos allbran que davam para acertar o relógio. Tive momentos de lavar o carro à esponja (e conferir-lhe assim um aspecto sujinho, mas intencional) e depois para testar o resultado, seguiram-se os momentos de pegar no carro e seguir as intermináveis estradas alentejanas até ao cucuruto dos montes e escarpas e de me sentar a centímetros (a centímetros) de onde as gaivotas cagam sentadas (sim, ali no alto onde até as caganitas têm vertigens).
Tive vontade de ler, finalmente. Não tive vontade nenhuma de escrever. Escrevi algumas das melhores SMS de sempre nestes momentos. Não tive vontade de tirar fotografias. Para além de só raramente ter pessoas comigo, não tive vontade de me fotografar a mim mesma só para mostrar onde estive, e preferi gravar as paisagens e sensações associadas numa imagem mental que só para mim fará sentido.
Continuo a sentir que a melhor parte da viagem não é o estar, é o ir.
Gosto de ter pessoas à volta e de conviver com elas. Mas é quando volto a poder acelerar em direcção ao meu próprio destino, conferir as placas no mapa, ou simplesmente seguir as que me cativam, é que me sinto bem.
Ganhei respeito e admiração pelas gentes alentejanas e recordei o quão bonito e espectacular é este nosso Portugal.
Ah! E enjoei do pão alentejano... :P

8 Comments:

Blogger nelsonmateus said...

ironia do destino. agora k chegaste destas tuas aventuras ... parto eu a procura das minhas.

quarta-feira, 16 agosto, 2006  
Blogger S. said...

Vai, busca! Vais ver que se não as encontrares, encontram-te elas a ti.
Obrigada, Nelsinho, por ainda cá vires. Beijos e muito boas férias!!!

quinta-feira, 17 agosto, 2006  
Anonymous Anónimo said...

como é ser-se uma pessoa banal
e não conseguir fugir à banalidade?
nem que fosses para o alasca...

quinta-feira, 17 agosto, 2006  
Blogger S. said...

Esclarece-me sobre o teu conceito de banalidade. Ah, e assina, sim?

quinta-feira, 17 agosto, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Quem assina, não assassina.

quinta-feira, 17 agosto, 2006  
Blogger S. said...

I'm standing by and staying put. Wanna stay over?

sexta-feira, 18 agosto, 2006  
Blogger nelsonmateus said...

"aventura" é o meu nome do meio. ;)
ps: o prazer é todo meu criatura

quinta-feira, 24 agosto, 2006  
Blogger S. said...

Adoro quando me chamas "criatura"...

sexta-feira, 25 agosto, 2006  

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