É a minha vez nos teus sapatos.

Há um ano atrás pediste-me uma ajuda, um sacrifício, um apoio para uma coisa que estavas a fazer e que era simplesmente enorme. Eu disse logo que sim, e fiz o que pude. Logo a seguir, quis partilhar algo contigo. Algo que era bom para mim e que te faria bem a ti. Queria a tua companhia porque eras minha amiga, e queria fazer-te bem porque era tua amiga. Disseste que não. E eu insisti, mostrando-te ainda mais argumentos pelos quais seria muito bom que viesses comigo. E tu lá disseste que sim, e eu acreditei. Mas quando chegou o momento, disseste que não. E não vieste. Mas eu fui, e, uma vez lá, voltei a pedir-te que te juntasses a mim. E tu disseste que não, pela milionésima vez, como te era natural dizer sempre que não. Eu não entendia como era possível, e magoava-me.
Hoje teria um convite para ti. Mas não to faço. E não aceito nenhum dos teus, agora com uma naturalidade que me é estranha, sem o mínimo remorso ou tentativa de me justificar. 'Não' é a resposta natural. Como tu fazias comigo. Agora entendo-te. Ficámos assim, e tenho pena. Mas será que tu tens?

Numa outra altura, numa outra vida, era eu que irreflectidamente dizia sempre que não à mesma pessoa. Essa pessoa também já não me faz convites.
É a minha vez nestes estúpidos sapatos.