Não sei por onde vou, mas já não vou por aí.
Todos temos um limite. Só não nos permitimos admitir ver onde esse limite se encontra.
Por vezes, ultrapassamos o nosso limite, desafiando o nosso próprio bem-estar em prol das necessidades e objectivos de outrém. Pode ser no trabalho, pode ser nas relações com os outros, mas será sempre, primeira e verdadeiramente, na relação connosco mesmos.
E perdemos o limite de vista.
E perdêmo-nos a nós mesmos de vista, e do coração.
E só quando não nos reconhecemos mais — e a última réstia da nossa centelha divina nos incendeia os pelinhos do rabo — é que percebemos que temos de cuidar de nós mesmos primeiro.
Isso não significa passar a ignorar os outros. Isso é infantilidade.
Isso não significa passar a maltratar os outros. Isso é fraqueza de carácter, trauma profundo a precisar de atenção, má formação ou, no mínimo, má educação.
Isso significa, sim, comunicar razões, impôr limites e agir em conformidade.
Às vezes demora ao chegar ao limite.
Às vezes, perde-se uma vida inteira a viver para lá do limite, morrendo um bocadinho a cada dia, sem saber o que correu mal, até se morrer infeliz e vitimizado.
Às vezes, perde-se meia vida a obedecer às circunstâncias externas que nos são nefastas porque acreditamos que estamos a fazer o bem, e só essa convicção é meio alimento para que continuemos. Mas é só meio alimento.
Vivemos carenciados, coisa que só aumenta.
Até que, às vezes, vivendo mal com o desconforto, temos a irreverência de o questionar.
Oh, mas que irreverência! O mundo em volta não gosta disso! Chama-te maluca, diz-te "não estás bem da cabeça!", "isso é utopia", "mudaste!", mas nós sabemos que há ali uma porta num sítio qualquer, algo que um dia vamos encontrar e que nos vai permitir ver as coisas com clareza e discernimento. Nós sabemos que existe, só o smog do ram-ram não nos deixa ver claramente. Existe!
E porque o Universo nos dá sempre o que pedimos (ainda que não o queiramos conscientemente), um dia a porta revela-se. Aí, nós revelamo-nos à porta.
Ou bem que estamos prontos e avançamos, ou mal que nos recusamos a ver e nos acagaçamos, ficando mais uns tempos a viver no acolhedor e bem conhecido conforto do desconforto.
É verdade que, por vezes, precisamos de um empurrãozinho. É verdade que, por vezes, até podemos ter uma multidão de gigantes a soprar vuvuzelas e empurrar até que nos esborrachem contra a porta, que, se não estivermos preparados, não a vemos, não a vamos abrir, ou pior, vamos escondê-la de nós mesmos, e vamos lutar para a manter fechada.
Felizmente, também é verdade que, quando estamos prontos, ainda que enremelados e entorpecidos pelo nevoeiro mental, emocional e societal, nos permitimos que um pequeno sopro de anjo nos encoste à porta apenas o suficiente para ela se abrir... E atravessamos.
Caímos estatelados do outro lado. Deixámos tudo para trás. Gastámos toda a nossa última energia de resistência e ficamos ali um tempo, como despojos que dão à costa, meios mortos. Mas prontos para renascer.
Fez-se o click.
A chave rodou na fechadura, engatou no trinco e destrancou o ferrolho. Desatou-se o nó. Fez-se luz, e um novo sol ilumina cada célula do nosso corpo, e a energiza e nos faz sentir o amor pela vida de volta no coração. Foda-se! Aí tudo parece brilhar de novo, tudo, até o mais óbvio e imutável, parece estar mais nítido.
Subitamente, sentimos a força da vida a retornar, os sentidos a voltarem a captar as sensações mais subtis de prazer... e voltamos a sentir-nos vivos. Voltamos a rir, encontramos pessoas com quem fluimos, uma após a outra, como se até ali tivéssemos vivido num planeta estranho e agora voltamos a casa e toda a gente termina as nossas frases e entende as nossas piadas e nos partilha do nosso sentido de humor inteligente, e cada nova interacção, reforça que "esta sim, sou eu".
Reencontrei o trilho. Reconheço a minha tribo, e sinto-me de regresso a uma casa que não sei onde fica, mas que me "lembro" que era mesmo muito fixe.
Minha gente, eu vou a caminho!
PS. Fora de brincadeiras, esta merda acontece mesmo.
Procurem ajuda. Ela existe e está à vossa espera. Atentem aos sinais — eles mostram o caminho. Basta darem o passo.
Por vezes, ultrapassamos o nosso limite, desafiando o nosso próprio bem-estar em prol das necessidades e objectivos de outrém. Pode ser no trabalho, pode ser nas relações com os outros, mas será sempre, primeira e verdadeiramente, na relação connosco mesmos.
E perdemos o limite de vista.
E perdêmo-nos a nós mesmos de vista, e do coração.
E só quando não nos reconhecemos mais — e a última réstia da nossa centelha divina nos incendeia os pelinhos do rabo — é que percebemos que temos de cuidar de nós mesmos primeiro.
Isso não significa passar a ignorar os outros. Isso é infantilidade.
Isso não significa passar a maltratar os outros. Isso é fraqueza de carácter, trauma profundo a precisar de atenção, má formação ou, no mínimo, má educação.
Isso significa, sim, comunicar razões, impôr limites e agir em conformidade.
Às vezes demora ao chegar ao limite.
Às vezes, perde-se uma vida inteira a viver para lá do limite, morrendo um bocadinho a cada dia, sem saber o que correu mal, até se morrer infeliz e vitimizado.
Às vezes, perde-se meia vida a obedecer às circunstâncias externas que nos são nefastas porque acreditamos que estamos a fazer o bem, e só essa convicção é meio alimento para que continuemos. Mas é só meio alimento.
Vivemos carenciados, coisa que só aumenta.
Até que, às vezes, vivendo mal com o desconforto, temos a irreverência de o questionar.
Oh, mas que irreverência! O mundo em volta não gosta disso! Chama-te maluca, diz-te "não estás bem da cabeça!", "isso é utopia", "mudaste!", mas nós sabemos que há ali uma porta num sítio qualquer, algo que um dia vamos encontrar e que nos vai permitir ver as coisas com clareza e discernimento. Nós sabemos que existe, só o smog do ram-ram não nos deixa ver claramente. Existe!
E porque o Universo nos dá sempre o que pedimos (ainda que não o queiramos conscientemente), um dia a porta revela-se. Aí, nós revelamo-nos à porta.
Ou bem que estamos prontos e avançamos, ou mal que nos recusamos a ver e nos acagaçamos, ficando mais uns tempos a viver no acolhedor e bem conhecido conforto do desconforto.
É verdade que, por vezes, precisamos de um empurrãozinho. É verdade que, por vezes, até podemos ter uma multidão de gigantes a soprar vuvuzelas e empurrar até que nos esborrachem contra a porta, que, se não estivermos preparados, não a vemos, não a vamos abrir, ou pior, vamos escondê-la de nós mesmos, e vamos lutar para a manter fechada.
Felizmente, também é verdade que, quando estamos prontos, ainda que enremelados e entorpecidos pelo nevoeiro mental, emocional e societal, nos permitimos que um pequeno sopro de anjo nos encoste à porta apenas o suficiente para ela se abrir... E atravessamos.
Caímos estatelados do outro lado. Deixámos tudo para trás. Gastámos toda a nossa última energia de resistência e ficamos ali um tempo, como despojos que dão à costa, meios mortos. Mas prontos para renascer.
Fez-se o click.
A chave rodou na fechadura, engatou no trinco e destrancou o ferrolho. Desatou-se o nó. Fez-se luz, e um novo sol ilumina cada célula do nosso corpo, e a energiza e nos faz sentir o amor pela vida de volta no coração. Foda-se! Aí tudo parece brilhar de novo, tudo, até o mais óbvio e imutável, parece estar mais nítido.
Subitamente, sentimos a força da vida a retornar, os sentidos a voltarem a captar as sensações mais subtis de prazer... e voltamos a sentir-nos vivos. Voltamos a rir, encontramos pessoas com quem fluimos, uma após a outra, como se até ali tivéssemos vivido num planeta estranho e agora voltamos a casa e toda a gente termina as nossas frases e entende as nossas piadas e nos partilha do nosso sentido de humor inteligente, e cada nova interacção, reforça que "esta sim, sou eu".
Reencontrei o trilho. Reconheço a minha tribo, e sinto-me de regresso a uma casa que não sei onde fica, mas que me "lembro" que era mesmo muito fixe.
Minha gente, eu vou a caminho!
PS. Fora de brincadeiras, esta merda acontece mesmo.
Procurem ajuda. Ela existe e está à vossa espera. Atentem aos sinais — eles mostram o caminho. Basta darem o passo.
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