terça-feira, agosto 24, 2004

À pressão.

Portugal é um país imenso em encantos e fabuleiras. Quem tem carro vai passear, quem não tem também vai. Eu não sei o que hei-de escrever. O pessoal está todo de férias a apreciar as maravilhas de Portugal e do estrangeiro, e eu estou aqui fechada a fazer de conta que sei tudo sobre a experiência de conduzir um BMW pelos caminhos de Portugal. Nem de BMW nem pelos caminhos de Portugal porque o meu carro é velho demais para eu me aventurar para longe da civilização. Justiça seja feita, o meu boguinhas conserta-se até com fio do norte, uma caninha e dois godos do rio. Não é como certos veículos de luxo que, quando páram, páram mesmo e já só de lá saiem de porta-aviões. Mas o que eu queria era escrever sobre Portugal umas quantas pataquadas que não soassem a pataquadas. Portugal é bonito, sim senhor, e vale a pena conhecer. Especialmente ao volante de um BMW que vossa mercê nunca sonharia em cobrir de pó. Não faz sentido. Eu não compraria. Eu não leria, mas tenho esta ambição de tentar que até os textos mais imprestáveis contribuam para alguns segundos de imensa felicidade na mente dos meus leitores, por mais iliterados que sejam, ou tão literados que quase não encontram nada para ler, pelo menos nada que seja digno de se juntar, em posição invertida, no cucuruto das respectivas retinas. Perdoem-me por existir, mas ainda assim vão ter de aguentar comigo. Quanto mais escrevo mais me afasto do assunto em epígrafe e isso está-me a custar. A mesa magoa-me os antebraços. Acho que estou a ficar com a pele sensível. E Portugal tem encantos por demais. E Portugal é um lugar comum. Porque quem conduz um BMW fora da cidade ou da autoestrada ou é emigrante ou tem família na aldeia. Só se tiver um todo-o-terreno, mas este discurso não é para off-roaders, ou como diria um colega meu que abomina o uso de estrangeirismos, para os fora-estradistas... Nem para post (postal) esta bosta presta. Vou começar de novo. Não vou, não quero. O pessoal vai almoçar, mas eu acho que vou ficar aqui a lutar com uma verborreia que ainda não deu frutos. Estou com fome e já não como amoras há muito tempo. Descobri mirtilos no meu jardim ontem há noite quando cheguei a casa. Quando era miúda tinha amoras no fundo do meu quintal e roubava framboesas do quintal do vizinho. Achava que eles deviam ser mais finos que nós porque cultivavam framboesas quando nós tinhamos a sorte de as nossas silvas darem amoras. E agora lembro-me que uma vez nos perdemos entre Lamego e a Régua e fomos dar uma volta imensa...estávamos num Jimny, acho (note-se que este pormenor do carro é a minha ponte com o assunto do texto: carros), e parámos para cumprimentar um velhinho com um burro. Foi aí que descobri que, depois dos cães e dos gatos, os burricos são os meus animais favoritos. Têm um pelinho muito, muito suave que quase que dava para fazer um anúncio a um champô tipo Johnson...só duvido que o cliente aprovasse o conceito. E agora vou postar esta treta, e volto a tentar depois de almoço. Beijos a quem leu até aqui.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quem consegue meter BMWs, amoras e champô Johnson de uma forma coerente num único post merece os meus parabéns.
Copy writer? :)

Gostei bastante.

P.

terça-feira, 24 agosto, 2004  
Blogger S. said...

Ou, como diz o meu amigo que desenvolve um problema de audição ao escutar um estrangeirismo, redactora criativa. É. Mas há dias mais criativos que outros.

terça-feira, 24 agosto, 2004  
Blogger João said...

Eu gostei das amoras, lembrou-me de viagens em que eu era pequeno, o mundo grande, as amoras fantásticas e as silvas imensas...
Sim eu gostei das amoras.

O ião

terça-feira, 24 agosto, 2004  
Anonymous Anónimo said...

O que mais gostei foi a dôr dos antebraços: sinto o mesmo todos os dias. E depois é só aguardar a aclamada verborreia que, como já deste conta, traduz-se em posts fantásticos. Os meus parabéns.

Camélia

quarta-feira, 25 agosto, 2004  
Blogger S. said...

Ó pessoal, o que eu mais gostei é que vocês tenham lido até ao fim. Fico imensamente babada...mesmo. Obrigada pela atenção. O que eu vos digo é: divirtam-se e voltem sempre. Beijos grandes por virem até aqui.

quarta-feira, 25 agosto, 2004  

Enviar um comentário

<< Home