Entretanto, tento.
Num esforço importante para tornar Lisboa um bocadinho mais minha, tenho passado os dois últimos dias a passear. Na Quinta, fui às compras e depois ao cinema. Na Sexta, passei o dia no Jardim Zoológico e depois fui ao cinema. Em ambos dias, regressei a pé para casa, perdendo-me por ruas desconhecidas ou mal reconhecidas, seguindo noções sempre ténues de que "é por ali... acho". Apercebi-me que já não suporto muito bem o sítio onde moro. Está menos assustador, mas está mais sujo. Aliás, Lisboa toda é mais suja. A calçada portuguesa revela mais do que se possa pensar.
Hoje, que é Sábado, quero ir para casa. Quero ir para o Porto. Tenho saudades da minha mãe, dos meus avós, da Loira e do André (por esta ordem mesmo, animal.)
Lisboa não é o melhor sítio para viver. Só para quem nasceu cá, e não conhece diferente, é que Lisboa é... o que o Porto é para mim. Espero pelos dias em que me sentirei em casa aqui. Eles hão-de existir, eu sei, basta deixar as coisas acontecer. Entretanto, tento.
Gostei do Jardim Zoológico. Fez-me lembrar o Palácio de Cristal no tempo em que tinha restaurantes e até animais (agora está muito mais civilizado). Gostei do espectáculo dos golfinhos. O carinho entre os animais e os treinadores fez-me lembrar a minha fabulosa, dedicada e agora saudosa cadela Loira.
Também gosto sempre de ir ao cinema, de preferência à sessão das cinco e meia ou das sete, quando está menos gente. Faz-me lembrar os cinemas do Maiashopping, que estão quase sempre vazios.
Lisboa faz-me lembrar das saudades que sinto do Porto. Acho que estou a falhar no objectivo de me apropriar afectivamente desta cidade. Faltam-me 30 anos de background, de episódios e de recordações. Lisboa continua muito confusa e eu continuo demasiado preguiçosa e desorganizada para a estudar no mapa.
Vou ao Bairro e é giro e tal e tenho amigos novos e tal, mas não partilho com eles aquelas paredes, aquelas soleiras das portas e as centenas de copos entornados ao longo dos anos. Só por isso o meu discurso fica coartado. Calo-me e sorrio, bebo e rio e depois só digo disparates. No final da noite, volto para uma casa que não é só minha, aliás, nem minha é, para um quarto que divido com alguns dos meus objectos pessoais, entre quatro paredes de papel. O meu mundo continua trancado dentro de mim à espera de um espaço onde se possa revelar.
Devo ficar em Lisboa a trabalhar.
Isso faz-me pensar em comprar uma casa, finalmente. Mas não sei onde. Ou sei: Matosinhos. Mas Matosinhos não fica em Lisboa. Mas eu também ainda não conheço Lisboa. Tenho de me perder mais vezes até começar a encontrar-me. Aí sim, já poderei falar, ou escrever. Ou comprar uma casa.
Hoje, que é Sábado, quero ir para casa. Quero ir para o Porto. Tenho saudades da minha mãe, dos meus avós, da Loira e do André (por esta ordem mesmo, animal.)
Lisboa não é o melhor sítio para viver. Só para quem nasceu cá, e não conhece diferente, é que Lisboa é... o que o Porto é para mim. Espero pelos dias em que me sentirei em casa aqui. Eles hão-de existir, eu sei, basta deixar as coisas acontecer. Entretanto, tento.
Gostei do Jardim Zoológico. Fez-me lembrar o Palácio de Cristal no tempo em que tinha restaurantes e até animais (agora está muito mais civilizado). Gostei do espectáculo dos golfinhos. O carinho entre os animais e os treinadores fez-me lembrar a minha fabulosa, dedicada e agora saudosa cadela Loira.
Também gosto sempre de ir ao cinema, de preferência à sessão das cinco e meia ou das sete, quando está menos gente. Faz-me lembrar os cinemas do Maiashopping, que estão quase sempre vazios.
Lisboa faz-me lembrar das saudades que sinto do Porto. Acho que estou a falhar no objectivo de me apropriar afectivamente desta cidade. Faltam-me 30 anos de background, de episódios e de recordações. Lisboa continua muito confusa e eu continuo demasiado preguiçosa e desorganizada para a estudar no mapa.
Vou ao Bairro e é giro e tal e tenho amigos novos e tal, mas não partilho com eles aquelas paredes, aquelas soleiras das portas e as centenas de copos entornados ao longo dos anos. Só por isso o meu discurso fica coartado. Calo-me e sorrio, bebo e rio e depois só digo disparates. No final da noite, volto para uma casa que não é só minha, aliás, nem minha é, para um quarto que divido com alguns dos meus objectos pessoais, entre quatro paredes de papel. O meu mundo continua trancado dentro de mim à espera de um espaço onde se possa revelar.
Devo ficar em Lisboa a trabalhar.
Isso faz-me pensar em comprar uma casa, finalmente. Mas não sei onde. Ou sei: Matosinhos. Mas Matosinhos não fica em Lisboa. Mas eu também ainda não conheço Lisboa. Tenho de me perder mais vezes até começar a encontrar-me. Aí sim, já poderei falar, ou escrever. Ou comprar uma casa.
19 Comments:
Afinal partilhas da minha visão. Afinal Lissabon sucks.
Eu se fosse a ti atravessava a ponte e vinha até Leça. Ficavas melhor servida...
e se viesses para o Porto, tipo "de vez", ou para Matosinhos que era uma escolha mais sensata, e acabasses com essa choradeira nostálgica de vida de saltimbanco. tenho a certeza q cá, também, arranjarias trabalho... se procurares, nem que seja fora da tua área. até temo a resposta q vais dar mas q se lixe, não me apetece ficar calado!
Acho lindo que sintas saudades de casa, mas acho absolutamente brilhante que... tentes. És, de facto, especial. Se depender de mim, já de cá não sais ;)
Conta comigo na tua aventura lisboeta...
"....choradeira nostálgica..." ou não...
A mim deixa-me entretido!
Mas também já era menos egoísta...
Boa tarde,
descobri o teu blog ..há alguns minutos:) e achei engraçado que eu sou de Lisboa e ...sou capaz de ir para o norte..e tu vieste para Lisboa :)
Já conheço um bocado do POrto..Gaia..Matosinhos..e confesso que sinto-me lá em cima como tu te sentes cá em baixo. "peixe fora de água"??
Eu gosto muito de Lisboa..mas também sou alfacinha de gema..LOL é natural q me sinta em casa.
Estás á procura de casa? Hummm..dentro da cidade são carotas,mas se procurares na periferia, tipo massamá, cacém ja são mais em conta..mas mais transito se vieres trabalhar no centro da cidade.
Bem..boa sorte aqui em Lisboa..afinal a "nossa" casa é onde o nosso coração se sentir em paz. É o q vou pensar se for viver para o norte.
SILVIA.... VAI PARA CASA!
Lisboa é uma merda.
É lma pilula dourada por quem sabe que não tem alternativas. No Porto há qualidade de vida. Ponto! Tempo, sitios bonitos e limpinhos, esplanadas com gente, prédios bonitos e ruas arranjadas, lugares de estacionamento, rendas acessiveis, Bifes de lombo tenros e frescos [em Lisboa ninguem os come logo estão sempre já podres e putrefactos]. E empregos Silvia. Lisboa é uma merda. Uma cidade cara, feia, suja, degradada.
sim o que há mais no porto é lugares para estacionar e prédios sem obras..
Que procura, mais tarde ou mais cedo acha-se.
Não vejas as coisas vazias de história, vê nesse vazio a possibilidade de inscreveres a tua existência de fresco!
:)
foi o que eu fiz! e é muito bom!
Vocês são tão giros! Bem, uma miúda já não pode ter saudades de casa que isto torna-se logo batalha campal.
Fiquem a saber que pasei os ultimos dias agarradinha à minha Loira e a apreciar o quão bom é vir ao Porto depois de uma temporada em Lisboa.
(a frase que segue vai servir para um post.) E agora para vos responder um a um, que é coisa rara em mim. A bere:
An jo: Lissabon doesn't suck, but Porto rules. É mais por aí.
Luís. Sim, morar numa daquelas avenidas com árvores que vão dar à praia seria a cereja em cima do bolo...:D
Rui: "procurar trabalho mesmo que seja fora da minha área"... LOOLOLLOLL... ainda não estou assim tão deprimida, nem me acho tão incompetente na minha área. Caro Rui, até gostava de saber como imaginas que seja uma resposta que eu daria... Vá lá, faz de conta que és eu, e dá-me uma resposta "à la SSF".
PG: Beijos, amigo. És daqueles que faz Lisboa valer a pena.
Entidade doninha: Pois, também não entendi essa da choradeira. Não estava mesmo nada na choradeira. Nostalgia talvez e fica sempre bem, agora choradeira... Entretém-te, Doninha, que é para isso que eu sirvo.
SP: Olha, tenho a dizer-te que conheço alguns lisboetas que me mudaram para o Porto e descobriram finalmente o que é qualidade de vida a custos mais ou menos controlados. Passaram a gostar disto. Sê muito bem-vindo. E Lisboa estará sempre a três horas de viagem.
Vais encontrar uma área metropolitana... assim como o desastrado do Anonymous descreve. Sim, é assim tão bom viver no Porto. (Só não é preciso insultar Lisboa, ó anónimo, o que é preciso é assinar os comentários, senão, não vale!)
Filipe: olha que tenho sempre estacionamento à porta de casa e costumava tê-lo à porta do emprego também. E não, nunca trabalhei nas obras.
Joana: É isso tudo, amiga. Temos de ir escrever umas histórias pro Bairro, boa?
Beijos.
Grande mulher!! Com esse espirito, não terás dificulodade em te tornar uma mulher do Norte! POOOOORTO!!
Extraordinário
e enquanto vais pensando nessas coisa todas e enquanto ainda estou d vacances ... k tal pagares-m 1 copo?
Xanusca... Eu SOU uma mulher do Norte. E não pretendo mudar isso nunca, por mais a sul que esteja. :)
Princesa*: O quê? Onde? :P
Nelsinho, paga-me tu a mim que és lindo...
Poderia ter escrito este post, mas noutra versão. Saí de Lisboa para trabalhar ao_sul... Tentei muito adaptar-me, tentei mesmo muito! 8 anos depois sinto-me derrotada e com vontade de voltar a casa a qualquer preço. Não deixes que te aconteça o mesmo.
Cara S
Também vim aqui parar por acaso. E achei piada ao teu texto. Desde de sempre que vivo em Lisboa e amo! Adoro a cidade e jamais, mas jamais iria para o Porto. Ou seja, para estar em Portugal só Lisboa ou o meu querido Alentejo.
Mas entendo perfeitamente a tua angústia. A tua falta de raízes, a tua sensação de não-pertença. Mas isso acabava-se em 2 segundos. Com uma paixão!! eh eh E daqui nunca mais querias sair...
Sumares, tens toda a razão. Só que o argumento da paixão aplica-se até à China.
Devias dar uma hipótese ao resto do País. Lisboa é muito, mas muito pequenina, acredita, e NÃO resume Portugal.
Só agora é que percebi a tua interpelação ao meu comentário no Devaneios, Sílvia, eheh. E não, não era contigo, já que como lisboeta frequentemente residente no Porto - a última temporada foi de oito meses - e até há pouco tempo a pensar numa mudança definitiva, me identifico totalmente com este post. E se eu gosto do Porto. Mesmo muito. Afinal, e ao contrário do que a veemência de alguns tripeiros no ataque ao que é diferente poderia sugerir, o Porto é especial e cheio de gente que vale a pena sentir e conhecer...
Não era dirigido a ti, o comentário em questão, mas era nitidamente dirigido a muitas pessoas que comentaram aqui. Não, Portugal não é só Lisboa. Mas a necessidade que o bairrismo portuense tem de depreciar uma cidade que - como o Porto e diferentemente do Porto - tem uma história própria, uma energia própria, gentes de todo o lado e mais algum - até do Porto-, uma luz própria e é a casa de gente boa como de gente estúpida - tal como o Porto - essa facilidade em ofender e depreciar, a que já fui exposta directa e indirectamente vezes incontáveis, dá vontade de responder. E mal. Mas quando a violência é demasiada, lembro-me sempre do que o meu pai dizia: não há complexos de superioridade. Agora, que há um problema para resolver, isso sem dúvida. Alguns destes comentários são prova disso.
Boa sorte em Lisboa, Sílvia. Como qualquer cidade deste mundo desvairado, vai dar-te água pela barba [salvo seja], mas também te vai acolher na sua luz, se assim o quiseres. Que te seja confortável, a minha casa, e assim se transforme, como a tua casa se transformou para mim e se tornou parte da minha identidade.
[Desculpa o testamento, mas o bairrismo idiota deixa-me... prolixa. Parece que por mais que se explique, nunca chega para nos fazermos entender.]
E agora tá tudo dito. ;)
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