segunda-feira, julho 12, 2004

Filho da p..uta. Ponto final.

Ontem vi a tua foto numa revista da socialite da província profunda. Estavas com um ar muito divertido...Olhei para ti como se fosses um estranho e apontei-te a dedo dizendo, absolutamente sem filtro, à colega que estava comigo: "Este gajo é um filho da puta". Saiu-me. Assim. Não consegui evitar. E não consegui evitar repetir. Por muito mal que soasse, soava-me mesmo bem esta catarse: "Este gajo é um filho da puta". Eu acho que tu és um filho da puta. Mesmo. E estavas todo sorridente. E eu continuo a achar que és mesmo um filho da puta, e não há outra maneira de me referir a ti. Sem ódio, nem ressentimento. Só assim."Este gajo é um filho da puta". Ponto final.
Eu nunca te disse, mas nunca gostei do teu nome.
O teu corpo é feioso e, de facto, só te quis pelo intelecto. Tens uma voz linda, concedo-te. Mas até isso já começo a esquecer. A única coisa que me está gravada na mente é a tua expressão, na terceira vez que nos encontrámos, enquanto eu te pedia para nunca me mentires, não te justificares, não pensares demasiado, não jogares e não me encaixares em nenhuma das tuas gavetas pré-definidas. Tu posicionavas estrategicamente a tua face em frente à minha, olhando-me nos olhos. No entanto, o teu esforço era tanto para demonstrares que me estavas a olhar nos olhos - PROFUNDAMENTE - que a única coisa que apreendi é que não me estavas a escutar de todo, embora me estivesses a tentar convencer de que o estavas. E eu combatia a desconfiança que essa tua atitude gerou em mim. Combatia com tanta força que eu própria já não escutava as minhas próprias palavras. Perguntaste-me se eu estava chateada contigo. Não. Não estava. Já não estava nada. Já não confiava em ti. Nada. Qualquer resposta minha seria inútil. Eu sabia que era assim.
Escolhi ignorar a minha própria convicção durante uns tempos, mesmo depois de demonstrares que não passavas de um pobre de espírito. Continuei a tentar pensar coisas boas de ti. A pensar na noite em que nos conhecemos, em tudo o que me disseste, em tudo o que senti e que, eu sei, não pode ter sido tudo mentira. Tu não és assim tão bom actor. No meu telemóvel, foste Dr. Jeckyl e depois Mr. Hyde, e depois deixaste simplesmente de ser. Mas, ontem, aquele "este gajo é um filho da puta!" saiu-me de tal forma tão brutal e tão sincera que concluí que realmente TU ÉS um pobre filho da puta. E nem sequer é insulto. É a definição que tenho de ti.
Ponto final.

7 Comments:

Blogger Magnolia said...

AH MULHER!!
(O que eu gosto de "gajas com pêlo na venta"...)

segunda-feira, 12 julho, 2004  
Blogger dfrodrig said...

Porque é que vocês gostam tanto dos filhos da puta, e nós, os homens que levam o lixo á rua são os alternativos, os que restam, as 2as escolhas?

Porque é que só mostram paixão pelos que vos colocam num pedestal quando têm de mostrar aos filhos da puta que já o esqueceram.

O problema é que nós também sentimos. E pensamos, por vezes: "Esta gaja é uma cabra."

No dia a seguir, levamos o pequeno-almoço á cama. Sem ressentimentos.

terça-feira, 13 julho, 2004  
Blogger S. said...

Daniel, os Fdp's têm um apelo especial que é o do desafio. As miúdas acham sempre que podem educar os meninos...até descobrirem que não podem, não conseguem e não é possível. Aí crescem e passam a preferir os homens com atitude. Uma coisa de que elas não gostam é de homens fracos, homens-capacho que se deixam calcar e desculpam sempre tudo. Esses são os que têm razão para afirmar "Esta gaja é uma cabra", e com razão, mas deixam-se ficar e deixam-se dominar. O que é bonito e recomendável é uma relação equilibrada onde cada um tem espaço para existir, ensinar e aprender com o outro, com respeito pela personalidade, desejos, ambições e sem sacrifícios castradores (ok, má escolha de palavra). Claro que isto é possível quando as pessoas têm aquela coisa rara que se chama compatibilidade. E inteligência emocional também. Mas não te preocupes, todos temos o que merecemos. E eventualmente encontramos quem nos está destinado. Beijinho.

terça-feira, 13 julho, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Acho que o Tempo é que é o verdadeiro fdp.
Não seria bom se o Tempo parasse um pouco (não nos dá descanso esse sacana)? O Tempo só traz desgaste e putrefação às relações...Que parasse tudo no primeiro momento, no primeiro beijo.
Mas lembra-me de não me meter contigo, cara S.!:)
PS: Sou da Invicta, claro!
P.

terça-feira, 13 julho, 2004  
Blogger S. said...

Não. O tempo não é mesmo nada fdp. Na verdade, o tempo resolve tudo. Se o tempo parasse só viveríamos um momento, e não teríamos termo de comparação com outros momentos melhores ou piores, mas consequentes. Seríamos limitados. O tempo é um aliado, que traz coisas novas e que ajuda a esquecer as coisas menos boas. É o tempo que nos ajuda a ter histórias para contar. O tempo é um amigo. E algumas coisas sucumbem ao tempo. Nas relações é preciso saber evoluir. Ficar preso a um momento só é mau, é tortura. Por isso, venha o tempo.
Mas sou assim tão assustadora? É isso que te pareço, misterioso P.? Com o tempo, verás que nem tudo é como parece no primeiro instante. Talvez melhor, talvez pior. Nunca igual.

terça-feira, 13 julho, 2004  
Anonymous Anónimo said...

Hum..mas, nunca desejaste que, em dada altura da tua vida, o tempo parasse, perpetuando um momento mágico? Não seria bom?
O tempo resolve tudo (...), ajuda a esquecer coisas menos boas?
Talvez para alguns, ou até para a maioria. E acredita que sei do que estou a falar.
É claro que não vou falar da barriga algo proeminente (ok, confesso que até gosto) e da quantidade de vezes que tenho ido ao dentista nos últimos "tempos".
P.

terça-feira, 13 julho, 2004  
Blogger S. said...

Esses momentos podem ser gravados para sempre na tua memória. É o que faço. Quando vivo um momento mágico, ou me sinto mesmo feliz, tento guardar a recordação. Para me lembrar em tempos menos bons. E resulta.

terça-feira, 13 julho, 2004  

Enviar um comentário

<< Home