terça-feira, julho 12, 2005

Reminiscências do Fim-de-Semana.

Era só para dizer que as verdadeiras pessoas de Portugal não vivem nas cidades. Não vivem. Vivem no campo. Vivem no Douro, por exemplo, em Alpendorada, perto do Marco de Canavezes. Apanham escaldões a tirar batatas e depois levam-nas, mais umas pencas muito boas, a casa das pessoas amigas. Têm dentes podres e filhos com doenças complicadas que encaram como mais uma contingência da vida. São simples e lidam com todas as pessoas de forma igual, justa e simples. Sorriem com o coração e com os braços abertos, e oferecem o que têm e ajudam no que podem, sempre de bom grado. São pessoas boas, leais e exigem todo o respeito que merecem. São gente humilde, muito autêntica, são gente que me aquece o coração e me convida a voltar.
Há muito que não me afastava da cidade. Fez-me bem.
:)X

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bom...para uma primeira vez por aqui, fizeste-me lembrar boas coisas...
Alpendorada, Marco de Canavezes, Penafiel, Castelo de Paiva, Amarante, Felgueiras até...tantos e tantos sítios cheios de gente boa e autêntica.
Tenho saudades desses sitios todos e de outros tantos por onde já tive de passar uns tempos...
O Porto massacra-nos apesar de ser adoravel...nesses sítios conseguimos respirar a sofreguidão de estar vivo.
O que é muito diferente de ir-se vivendo.

Parabens, é um blog intenso.

Ché

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger Clementine Tangerina said...

Aiii amoriiii gostei tanto de te "ber" na "têvê" a brilhar e a dizer "...eu sou a menina que põe sempre água"...eheehhehe delicioso!

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger Indibiduo said...

Pow

E por as pessoas a viver na cidade são mais cultas, têm mais conhecimento e mais humanas????

Se calnhar nunca sais-te foi da cidade com medo de ver o que realmente são boas pessoas epara não te desiludires.

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger S. said...

Podes não ter nascido no Porto, P!, mas és de Gaia e Gaia é um caos urbanístico, ó-senhor-arquitecto-que-só-por-isso-também-tem-culpa.
Porra, para quem tem casa no campo, estou mesmo a ver que te oferecem couves e batatas, mas só se for pague 1 leve dois no modelo da região, porque TU NÃO MERECES!!!!!
E mais, há mais na sabedoria destas gentes do que nos livros todos que leste na universidade. Esta gente sabe construir a própria casa sem ter feito mais que a 4ª classe, sabe cultivar a própria comida, criar animais e produzir o vinho que tu tanto gostas de servir no decanter.
P! O meu post estava sereno, mas já que queres cacetada, aqui a tens!
E pergunto-te mais, quantos são os senhores doutores médicos, advogados, arquitectos, professores que querem e vão de livre vontade oferecer os seus serviços e partilhar a sua douta sabedoria com estas gentes? Aquilo é interior, amigo. É dificil lá chegar. É preciso FIBRA, coisa que, na cidade, só existe se for para facilitar o transito intestinal de cagões convencidos que têm a cultura na barriga.
Arre, porra! Bom dia para ti também!!!

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger S. said...

Clementina, podes sempre contar aqui com a CROMA de serviço! ihihihihihih!

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger S. said...

P! Tás a precisar de escrever uns posts no teu próprio blog, não estás?
Primeiro de tudo, lê o meu post outra vez. Sentes o tom da coisa? Seeee-reeee-noooo....
Esse teu stress é absolutamente urbano e nada próprio de quem acaba de regressar de férias na rural Grécia... ah, já me esquecia que a Grécia também já não merece o sol que a alumia.
Tem calma! Respira! 1-2- respira....isso.
Larga a VCI em hora de ponta, deixa lá a moca de CO2 e alcatrão, e vai até ao Gerês respirar ar puro. Depois, voltas e comentas. Bale?

terça-feira, 12 julho, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Estva-se bem na Praia de Bitetos, não estava? Ou na ilhota dos Amores... Ou mais a cima na Estalagem de Porto Antigo a ver o Douro passar...Ou em tantos outros sítios pitorescos que esse Portugal profundo nos oferece. Concordo contigo S. quando falas da genuinidade desta gente que dá o que tem e a mais não é obrigada. Não posso, no entanto, deixar de concordar com P., já que conheço as duas realidades, as duas faces da mesma moeda, e posso dizer, com conhecimento de causa, que não é fácil a vida dessa gente que amanha a terra de sol a sol, esses mesmos que têm os dentes podres e parecem sempre muito mais velhos do que o que são na realidade, que começam a namorar na primária e mal saiem do ciclo casam e têm o primeiro filho passados 9 meses... Não é à toa que estão sempre mortos para irem p'ra construção civil, p'ras auto-estradas para onde quer quer seja mas não para as terras, que estão cada vez mais desertas, verdadeiros silvados do que antes foi terra fértil... Os velhotes queixam-se de que agora, os tempos são outros, já ninguém ajuda, já ninguém dá valor à terra, todos querem morar em caixotes e ir àquelas salas que têm uma televisão gigante... É difícil cultivar no Douro, onde os sucalcos não permitem mais do que a entrada de uma junta de bois (e quando conseguem descer as exíguas escadas que, às vezes, os separam). Faz-me bem, faz-me muito bem passar vários dias, vários fins-de-semana em casa dos familiares, mas é ao ver a labuta de quem tem abraços tão fortes para oferecer que me apercebo, um dia esta aldeia que me viu crescer não terá mais do que duas ou três casas habitadas diariamente, quando a última geração de idosos, se for, restarão as silvas, as casas desertas, os fantasmas e as memórias... Dói, dói muito, mas a verdade é que muito poucos querem esperar horas e horas num hospital mísero, com parcas condições. Pagar pelos produtos não hortículas o dobro ou o triplo do preço e não poder sequer escolher entre o mais barato, o mais caro ou o mediano...
Gostava que as coisas fossem diferentes, mas não são, o interior está votado ao abandono até pelas próprias características geográficas, reconheço, no entanto que, se conseguisse trabalhar lá e ganhar o que ganho aqui, pensaria duas vezes em mudar-me para um sítio mais rural, por variadíssimas coisas, mas sobretudo para, um dia poder mostrar à pequenada como é bom correr no meio dos campos de milho, subir ao arvoredo e comer a fruta in loco... Reminiscências de uma infância, como já aqui disse outras vezes, muito, muito feliz!
Desculpem o post ser tão longo, mas é que agora deu-me cá uma saudade... Acho que este fim-de-semana vou escapar-me daqui... lololol

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger S. said...

Grande comentário grande. A gente do norte é assim. Gostei muito. Hoje estou mesmo a gostar disto. Salvem a terra. A nossa terra, aquela com "t" minúsculo mas que para nós é a maior do mundo.

Daqui a nada, coméjo a cumentar cum jotaque...ai, jejusje, pai nuocho, abé maria, lembrai-bos de nóje, ejilados da terrrra, e dai-nos fuarças prá labrare.
:)

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger S. said...

Tudo depende da definição de "viver".
Filas de trânsito, shoppings congestionados, feiras de vaidades, e inépcia para sobreviver sem recorrer aos serviços de outrém, sempre sob a lei do menor esforço, com uma gestão do tempo subjugada a tudo menos ao sol, não me parece grande definição.
Levem os concertos, os cinemas, os teatros, os cuidados de saúde e os centros de produção de conhecimento para o campo e vejam se não se está bem melhor lá do que cá.

P.S. Só não levem os arquitectos modernos que gostam de plantar cubos de betão no meio das vinhas, ok?

terça-feira, 12 julho, 2005  
Blogger Magnolia said...

Ok!

terça-feira, 12 julho, 2005  

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