Eles não entendem, mas é uma coisa que se sente. Que nós sentimos.
Existe uma alegria de viver muito especial nas gentes do Porto. É uma leveza de espírito, uma espontaneidade pura, uma abertura para receber, cuidar e ajudar os outros.
Voltei ao Porto e sinto-me em casa.
Passei demasiado tempo em Lisboa, logo, dou por mim surpreendida quando qualquer pessoa, detrás de qualquer balcão, em qualquer loja, café ou quiosque, desmonta a minha retracção ou contenção lisboeta adquirida, ao falar comigo como se eu fosse cliente habitual da casa, sorrindo, brincando, resolvendo o meu problema, atendendo ao meu pedido, despedindo-se de mim como de um amigo.
Sinto-me a descongelar. Sinto como se o sol, finalmente, me aquecesse com aquele quentinho bom. Como se o ar. finalmente, me obrigasse a respirar, em vez de me fugir e asfixiar.
Eu sou feliz nesta cidade que está cada vez mais linda, mais interessante, mais viva, mais maravilhosa. Com chuva ou com sol, com o rio espelhado ou grandes bombas a rebentar no paredão.
Eles não entendem porque não sabem do que falamos, nós, as gentes do Porto. É uma coisa nossa, e ainda bem.