quinta-feira, abril 18, 2019

Who ever you are.

Já me apeteceu dizer estas palavras várias vezes a diferentes pessoas. Nunca as disse.
Eventualmente, não me vim a arrepender não as ter dito. Porque não deveria existir a necessidade de as dizer. E se existe, então até que ponto é salutar, até que ponto é um favor que fazemos ao outro, declarar aquilo que deveria ser tão óbvio?
Não sei responder.

segunda-feira, abril 08, 2019

Deixar ir.

Dizerem-nos para deixar ir é a receita perfeita para agarrar mais um bocadinho, até porque, tendo recebido a ordem ou a autorização ou a validação alheia para "deixar ir", sentimos que temos de agarrar mais um bocadinho, uma última vez, antes de, finalmente, "deixarmos ir".
"Deixar ir" nunca acontece rapidamente nem de um momento para o outro. Por isso, se diz "deixar ir", uma expressão meia lânguida, composta de dois verbos, como se a acção fosse mais complexa ou demorada, composta de várias fases. E é. Quando deixamos ir, é como se ficássemos a observar a coisa, enquanto se afasta, enquanto já não estendemos o braço, ou a vontade, para o alcançar e mesmo, depois, quando já fora do nosso alcance, se esfuma na distância ou desaparece abaixo da linha do horizonte. E mesmo assim, continuamos a deixar ir, devagarinho. Sempre devagarinho. Porque a Terra é redonda, e porque o sol volta a nascer no dia seguinte. E porque aquilo que deixamos ir, retorna muitas vezes a bater-nos à porta, a cruzar o nosso caminho.
Primeiro é a cabeça quem deixa ir. Depois o corpo. Só, a seu tempo, o coração, alma, se desapega e então, sim, deixamos ir completamente.
Mas é um processo, e há-que respeitar o processo.