terça-feira, janeiro 30, 2007

Publicidade Enganosa é uma fria.


Sou publicitária e mesmo assim caí. Quis sonhar, quis acreditar nos valores que me vendia.
O produto tinha uma excelente embalagem, um posicionamento completamente distinto da concorrência, uma comunicação agressiva e 360º. Vendeu-me o conceito, vendeu-me a experiência, influenciou-me o comportamento. Acertou em cheio no target.
Na realidade, não trazia garantia, é certo, mas o apelo era forte, a mensagem repetida até à exaustão, o copy prometia tudo o que eu podia desejar, sendo o mais aspiracional possível. Dizia que era para durar para sempre, que nunca mais precisaria de adquirir outro. Que não haveria outro igual e que era mesmo de excelente qualidade. Um investimento como nenhum outro. Desejei que assim fosse, identifiquei-me e comprei.
Vendeu-se bem e eu fiquei feliz com a compra.
Parabéns.
Ao primeiro teste, arranhou. Ficou menos bonito, mas isso dava-lhe carácter.
Ao segundo teste, perdeu metade das funções.
Ao terceiro teste, gripou, plissou, bloqueou. Podia ser que o conseguisse consertar.
Ainda tentei o conserto, implorei peças sobresselentes à Marca, mas a assistência técnica revelou-se intratável. Ainda fiz sugestões, tentei soluções de compromisso. Tentaria até com cuspo, se funcionasse.
Ficou a funcionar a meio gás.
Posso ser uma cliente iludida, mas sou uma cliente exigente.
Metade não é tudo. Não foi nisso que investi.
Quero tudo aquilo que comprei, mas com qualidade e compromisso de satisfação, ou nada feito. Não existe? Há-de ser inventado.
Enquanto isso, vou às compras.

Sou assim. Quero assim. Mereço assim.


É a segunda vez que posto esta imagem (é da Getty).
Só posso pensar que sou coerente e não engano ninguém.

De volta ao meu aconchego.

Há coisas sobre a capacidade de percepção humana que não são fáceis de explicar. Uma delas é a acuidade do instinto. Quando sentimos que algo está mal, que não vai bem, ou que não é como deveria ser, podemos até tentar ignorar esses sentimentos, podemos agir para os alterar, podemos-nos tentar convencer de que estamos errados, que esses sentimentos são só passageiros. Só que não o são. E não se calam e não desaparecem.
Com o tempo e a experiência, aprendi a dar ouvidos ao meu instinto. Mesmo quando me é mais fácil mudar o mundo à minha volta do que calar a minha percepção instintiva. O meu próprio corpo vira-se então contra mim. Fico nervosa, instável, saboto-me a mim mesma, como que, contra a convicção cega e racional que me impus a mim mesma, tentasse provar a razão e a importância do que sinto.
É geralmente um período de poucos dias, dois, três, uma semana de pequenos fogos, algumas explosões e muitos avisos inequívocos do que está para vir. Sílvia contra Sílvia, pela Sílvia. Sofro que nem uma cadela açaimada. Até ao dia do rastejo final. O dia em que podia escolher entre deixar passar o tempo, ou simplesmente clarificar posições. Sou Escorpião. Dizem que me dou bem a destruir para renascer. É assim mesmo. E que prefiro cometer suicídio a deixar que outros me esmaguem. Também foi assim. Mas dou tudo antes desse juízo final. Estendo-me ao comprido, dou parte fraca, dou parte forte, dou tudo, às claras, sem sombra para dúvidas. Só não vê quem não quer, quem não pode, quem não é suposto. Esgotadas todas as tentativas de mudar o mundo, eis que cedo.
E passo a rodar com o mundo.
O que é, é mesmo. O que não era para ser, não era para ser. Sem ressentimentos, e sem retorno.

Estou de volta a casa.
(pelo menos hoje, e com uma paz de espírito que há muito não sentia. Amanhã posso estar de rastos, mas ao menos, por hoje, estou de volta ao meu lugar seguro).

segunda-feira, janeiro 29, 2007

This weekend PMS saved my life.


...desculpa.

domingo, janeiro 28, 2007

Testes por atacado.

Porque este blog é meu e eu posso, aqui fica uma mão cheia de testes. Interessantes, cientificamente válidos e mesmo fixes! Partilhem um ou outro resutado, sim?




You Are a Centaur



In general, you are a very cautious and reserved person.
However, you are also warm hearted, and you enjoy helping others in practical ways.
You are a great teacher, and you are really good at helping people get their lives in order.
You are very intuitive, and you go with your gut. You make good decisions easily.







You Are 80% Happy



You are a very happy person. Generally, you feel content and that all is right with the world. Occasionally, you have a down day - but you have the ability to pick yourself right back up.










What Your Face Says



At first glance, people see you as strong willed and stubborn.
Overall, your true self is creative and expressive.
With friends, you seem logical, detached, and a bit manipulative.
In love, you seem energetic - almost manic.
In stressful situations, you seem selfish and moody.







You Are 20% Left Brained, 80% Right Brained



The left side of your brain controls verbal ability, attention to detail, and reasoning.
Left brained people are good at communication and persuading others. If you're left brained, you are likely good at math and logic. Your left brain prefers dogs, reading, and quiet.


The right side of your brain is all about creativity and flexibility.
Daring and intuitive, right brained people see the world in their unique way.
If you're right brained, you likely have a talent for creative writing and art.
Your right brain prefers day dreaming, philosophy, and sports.

Gostei deste teste.




Your Kissing Technique Is: Perfect



Your kissing technique is amazing - and you know it.
You have the confidence to make the first move.
And you always seem to know what kissing style is going to work best.
Sometimes you're passionate, sometimes you're a tease. And you're always amazing!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A melhor frase da noite.

- Oh Sílvia Maria, tu não desaprendas!

Obrigada, amiga. ;)

Embate de Titãs.


KINGkong vs GODzilla, ou o génio masculino vs TPM.

Primavera em Janeiro.

Os gatos na minha rua andam todos com o cio. Acho lindo.
Aquele miar, meio ronronado, meio desesperado, é paixão em estado animal.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

ET... go home.


Há dias em que é difícil estar longe de casa. Dias em que nos sentimos fracos e permeáveis a todos os ataques, em que as palavras menos meigas chegam com a suavidade de um estalo na cara, quando não nos conseguimos esquivar, quando não temos força para nos defender, quando sentimos que a nossa bolha não fecha completamente e não nos protege como nos outros dias. Há dias em que é difícil estar longe de casa. Dias em que não conseguimos enganarmo-nos e acreditar que onde estamos é tão bom ou igual a estarmos em casa. São os dias em que não temos força para fingir, para fazer um jogo defensivo, ser sempre agradáveis e ser ou fazer aquilo que os outros esperam de nós, aquilo que esperam ver em nós. É difícil estar longe de casa quando mostramos como somos e ninguém nos compreende. Quando nos apontam o sotaque mais rapidamente do que um olhar atento, quando nos apontam o dedo mais facilmente do que estendem um abraço. Quando nos acusam de termos as armas apontadas mas não fazem um esboço para as ultrapassar. E quando os nossos momentos de introspecção são entendidos como egoísmo, expondo assim o egoísmo alheio.
Há dias em que é mesmo difícil estar longe de casa. E noites também. Os dias em que nos sentimos hóspedes. Dias em que preferíamos não ter de fazer cerimónia seja com quem for, e muito menos com as pessoas que não esperávamos que nos cobrassem a quebra da formalidade. Dias, ou noites, em que já é tarde demais para fazer um telefonema porque não há um amigo que sintamos que podemos incomodar, e que esteja perto. Dias em que ficamos sem filtro.

Os dias em que é mais difícil estar longe de casa são também aqueles dias em que escrever num blog é mais fácil e mais reparador do que falar com alguém que ainda não sabe como chegar próximo.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Fui à revisão.

Há dias em que tudo o que me apetece é chegar a casa e esconder-me dentro do meu computador. Como hoje.
Hoje fui à médica. Para quem é mulher, sim, foi a médica. Para quem é homem, é a mesma médica e o meu muore foi um doce e levou-me lá e ficou um bocadinho à espera.
Duas horas e meia de atenção e de consciencialização de que não sou só personalidade e feitiozinho, mas que tenho um corpo e que ele vai funcionando, mais ou menos sem grande defeito. A médica foi óptima, fartou-se de escaranfuchar, deu-me imensos conselhos de gaja, fez-me todos os exames que achou que pudesse cobrar, e eu fiz de conta de colaborava de boa vontade e com toda a descontracção (o sorriso é um instinto de autodefesa... se eu sorrir muito a sôtora é meiguinha quando espetar essa coisa mais um bocadinho, quando retirar mais um frasquinho, quando me virar para aqui, me mandar para ali...eheheh).
Não, na verdade, fui muito bem tratada e, realmente, de vez em quanto, temos mesmo de nos mimar com uma médica mais minuciosa.
Bem, hoje foi o dia em que fui à revisão dos 30 (e dois) e fiquei a saber que até estou bem conservadinha. Ouvi os parabéns umas duas ou três vezes, um aleluia aqui e ali, um raspanete no final, mas sei que fiz a doutora feliz porque era a paciente mais nova que lhe entrava ali no consultório hoje. No fim, trazia tanta, mas tanta, informação sobre mim mesma que acho que fiquei confusa...
Fiquei a saber que tenho características físicas da minha mãe, e da minha avó paterna. Que tenho de tomar cuidado para evitar o sofrimento de uma e a doença da outra. Tenho os genes delas, ah pois é. São as maravilhas da medicina moderna: podemos sempre prevenir o que as nossas antepassadas nem sabiam que tinham.
Gostei da médica e sei que fiz muito bem em ir, mas, porra, agora só que quero meter na toca, a recuperar a compostura.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Quantos me dás?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

A águia delirante.


(eu bem tentei encontrar uma foto dos jogadores do União de Leiria neste jogo,
mas não consegui. Porque será?)



É verdade. O Benfica é um clube grande. Tem um estádio grande e tem uma massa associativa grande com uma capacidade de resistência à frustração, mais do que grande, gigante. Tem jogadores grandes (Luisão) e alguns mais pequeninos (Manu) que jogam bem. No entanto, joga cada um para seu lado e um bocado à sorte e, nos entretantos, pode ser que marquem golos. A equipa não é COESA, logo não concretiza. Vai daí, a tristeza que se conhece.
Estava eu no estádio, vestida de azul e branco, como convém, com um casaco coincidentemente das cores do União de Leiria (azul e vermelho), e não conseguia torcer pelo Benfica. Eu até queria, por consideração e solidariedade para com o namorado, mas o União de Leiria estava simplesmente a fazer um jogo melhor, a defender muito bem, e passou a primeira parte a jogar no meio campo do Benfica. LEIRIIIIIIIIAAAAAAA!!!
É que não dá para torcer pela equipa que joga pior. Se não fui lá pelas cores, fui pelo jogo. O Leiria tem alguns jogadores que - marquem o que digo - ainda vão jogar num dos clubes grandes...err... no Porto. Merecem.
Meteram um jogo belíssimo (celebrado apenas por mim e os 50 adeptos do Leiria que vieram ver o jogo) mas que, claro, só surgiu porque foi na sequência da marcação de uma falta que, sendo contra o Benfica, obviamente não existiu. Aliás, toda e qualquer falta perpetrada por um jogador do Benfica é pura ficção e o árbitro é um piiiiiii, piiiiiiii, piiiiiii e um filho da ganda piiiiiiiii, e que só merece mimos escatológicos. Qualquer falta marcada a favor do Benfica, quando não existe devia existir, e se existe nunca é suficiente, porque o árbitro não viu e não marcou e está feito com o Pinto da Costa e não puxou do vermelho e, por isso, é um piiiiiii, e um piiiiii e ainda mais piiiiiii e não há caracteres que cheguem para repetir as menções escatológicas.
O muore começou a ficar tristinho. Aliás, o estádio todo estava tristinho com o marcador a reconhecer a superioridade do jogo do Leiria. Que desperdício de aficção, este Benfica... Eu tentei explicar-lhe que era natural que assim fosse. Afinal, era o Benfica que estava a jogar. Não dava para mais...
Mas lá está, o futebol não é justo e o cansaço nota-se em quem treina menos, pelo que, na segunda parte, o Benfica marcou. Duas vezes. Estava eu a pedir um beijinho ao muore quando... quem foi mesmo?... marcou o primeiro golo. O muore tinha dito que não, mas depois deu logo uma data deles. Já ficou mais contentinho.
Algum tempo mais tarde, lá veio o grande Mantorras e marcou o segundo. O muore ficou feliz e eu fiquei feliz também. O Porto já nem está nesta competição, por isso, interessam só os que estão vivos.

Só mais algumas observações finais: O Nuno Gomes é uma menina a jogar e já entra em campo com aquele cabelo de bimbo molhado para parecer que se esforça muito. O Simão é outro bimbo armado em metrossexual. Finalmente, o Rui Costa é um senhor a jogar.
Tenho dito.

domingo, janeiro 21, 2007

Sabem o que me faz ficar mesmo, mesmo, mas mesmo, mesmo, MESMO azul?


Ir ver o Benfica a jogar no Estádio da Luz.
Vou de azul, claro está.

(vou encarar isto como um jogo de futebol à luz das velas...ehehehe)

sábado, janeiro 20, 2007

Uma herética na Catedral.

Amanhã vou cometer sacrilégio.
Hoje já lá andei a pisar o terreno dos infernos (o termo é deles, nem sequer precisa ser meu) quando acedi a acompanhar o meu muore ao...cof! cof!... pff!..pfft... dito coiso, ai... ali, como é que se chama o... o coiso, o estádio ali ao pé do Colombo, o do Eusébio relegado para chutar a bola para a 2ª Circular. Tristeza...
Fomos lá para comprar... ai valha-me Deus, o Papa e o S.João Baptista, eu juro que foi o moço que teve a ideia, insistiu e até ofereceu as entradas. Eu juro! Eu não dei um tostão para aqueles pobres diabos. Em vez disso, ofereci, para a troca, um jogo no Dragão para ele ver como se joga bom futebol e o que é realmente um grande clube, e assim, ver a verdadeira luz, aquela que brilhará sempre do alto das tabelas das competições, e se converter, redimido e agradecido, finalmente, à verdade do Dragão.... Mas dizia eu, ai... fomos para comprar bilhetes para o jogo de amanhã, e eu confesso que não me senti bem. Foi uma sensação esquisita...pfff! pfff! bbrrrr.... Amanhã estarei na Luz outra vez... no meio dos vermelhos todos. Argh! Yuck!
Aaai, Amor amuore, a quanto obrigas...
Isto até me faz perder o sono. Oh Santinho Pintinho da Costa, senhor Papa que mandas no futebol de Portugal e em todas as Catedrais, igrejas e capelinhas, perdoa-me o sacrilégio e protege-me, nem que seja com um steward comprado. Ou, então, deixa lá. Não te incomodes, confia, porque o meu muore, apesar de ser benfiquista, respeita muito o meu sangue azul e defenderá o meu esqueleto portista contra os da própria espécie, caso seja necessário.
Glup...
... LEIRIIIIIAAAAAAAA!!

Voltei a treinar.


Não há bela sem dor, mas este pleasure é só um bocadinho próximo demais da pain.
É só no início. Isto já passa.
Quem joga por gosto...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Tudo junto

I've been wandering around the house all night
Wondering what the hell to do
I'm trying to concentrate but all I can think of is you
Well the phone don't ring cuz my friends ain't home
I'm tired of being all alone
Got the TV on cuz the radio's playing songs
that remind me of you

Baby when you're gone
I realize I'm in love
The days go on and on
And the nights just seem so long
Even food don't taste that good
Drink ain't doing what it should
Things just feel so wrong - baby when you're gone

I've been driving up and down these streets
Trying to find somewhere to go
Ya I'm lookin' for a familiar face but there's no one I know


This is torture, this is pain
It feels like I'm gonna go insane
I hope you're coming back real soon
Cuz I don't know what to do

(Bryan Adams ft Melanie C)

quinta-feira, janeiro 18, 2007

quarta-feira, janeiro 17, 2007

What if...?


E se eu disser que não acredito? E se eu confessar que não consigo afastar este sentimento de desconfiança, que não consigo desligar o alerta cuja sirene já me fura os ouvidos? E se eu admitir que aquilo que os meus olhos vêem me parece verdade, mas mesmo assim a realidade me parece ilusória, e eu não consigo acreditar? Até quando este sentimento? Será doidice minha? Trauma? Ou serão as putas das minhas antenas escorpianas que cada vez se enganam menos, a gritar para que não as ignore?
O que me faz ficar é o que me dá mais medo de ir.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Sete anos de azar?

Tenho uma relação paranormal com o meu boguinhas. É verdade, e data do tempo em que ainda não era meu, mas pertencia à minha mãe.
Lisboa não tem sido meiga para o bogas, na exacta mesma medida em que conto as horas que passo com um pressentimento marado e as noites em que durmo mesmo mal.
Às vezes, estaciono bem o boguinhas. Em sítio seguro, legal, perto da polícia e com iluminação q.b. Outras vez, isso é simplesmente impossível.
Numa e noutra situação, há alturas em que me preocupo e alturas em que o bogas fica estacionado uma semana e nada mais recai sobre ele senão repetidas cagadas de pomba e muito, muito pó. Sempre que me preocupo, algo acontece. Geralmente com o espelho retrovisor.

Um dia, ainda no Porto, estava a minha mãe de férias, e eu usei o carro dela ir para tratar de uns assuntos. Na altura, já eu ficava em casa do meu namorado. Nessa noite, estacionei o bogas (ainda) da minha mãe num parque de estacionamento, perto da casa de família, local seguro e vigiado. Nessa noite, ouvi muitas sirenes, ouvi corridas de mota na rua, ouvi barulhos iguais ao de outras noites, mas que eram mais inquietantes que em outras noites. De manhã, fui ver. Tinha o retrovisor pendurado.

Noutra ocasião, já cá em Lisboa, deixei o bogas estacionado, durante quase uma semana, numa rua de que nunca gostei muito, mas que, na altura, era a única onde havia lugares. Estive quatro dias no Porto. Quando voltei, tinham-me arranhado o carro de uma ponta à outra (daqueles riscos feitos à navalha) e quebrado um chuvente.

Quando estaciono o carro na rua paralela à minha, durmo em sobressalto. Foi assim na noite em que o carro do lixo decepou o meu bogas. A agressão aconteceu a meio da noite (não dei por nada), mas fui acordada às sete da manhã, pelo carro dos bombeiros que não conseguia passar. O meu carro estava estacionado à direita da via de sentido único. Do outro lado, estava um jipe. Mas como fui eu que respondi às buzinadelas, e como era o meu carro cujas peças estavam espalhadas pelo chão, fui crucificada logo ali. O retrovisor estava feito em picadinho, e o carro cheio de arranhões verdes.

Também houve o episódio do arroz de caril, com que alguém se lembrou de alimentar os gatos em cima do meu carro (tive direito ao tupperware e tudo!), e que ficou tão ressequido, mas tão ressequido, que duas lavagens automáticas não conseguiram arrancar os bagos todos.

No outro dia, estacionei o carro na Graça. Estava mau tempo. Ali perto, havia um andaime. Preocupei-me que alguma coisa pudesse cair em cima do carro, mas, mais uma vez, não havia grande alternativa. Não fui em paz. Quando voltei no dia seguinte, descobri que me devia ter preocupado, sim, mas com os gatunos que me tentaram roubar o retrovisor. Não saiu, mas ficou pendurado.

No domingo passado, à noite, estacionei o meu carro na Graça e , sim, perto dos trilhos do eléctrico. Foi no exacto mesmo sítio de onde me haviam rebocado o carro há um mês atrás. Ok, foi no exacto mesmo sítio menos 10 cruciais centímetros que fazem a diferença entre o eléctrico passar e não passar. Mais uma vez, o retrovisor estava todo desconjuntado, pendurado e o espelho fora gentilmente deixado em cima do pára-brisas.
Durante o resto da noite de domingo, toda a segunda feira e terça de manhã, os eléctricos tinham passado sem grande transtorno (um deles mandou abaixo com o retrovisor, mas não deve ter sido o primeiro porque o espelho não aguentaria 2 dias em cima do pára-brisas sem alguém o roubar).
Contudo, assim que chego ao carro, hoje, um eléctrico encosta-se à traseira do carro e o guarda-freio decide que não passa. Fala-me com maus modos, diz que não passa, mas antes de proferir a palavra "RE-BO-QUE", já eu tinha retirado o bogas e me dirigia à garagem para remontar o mesmo retrovisor de sempre.
O carro não estava mal estacionado. Estavam lá dois agentes da PSP que nem se incomodaram com a cena. Deviam ter visto quilos de eléctricos passar ali toda a manhã.

Hoje tirei o passe combinado da Carris e Metro.
Acho que vou recambiar o carrinho de volta para o Porto.
Ter carro em Lisboa cansa-me a beleza e esvazia-me a carteira.
Estou farta.

Palavras ocas.

Assustam-me.
Fazem-me desconfiar da boa índole de quem as profere.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Apetecia-me uma novidade...

Contai-me as vossas...
:)

O livro que é mesmo bom.


Se um dia eu escrevesse um livro, escreveria este.
Mas como já está escrito (pela Lucía Extebarría, que só é a minha escritora favorita), tomai-o e lede-o todos.
O bom do livro é melhor do que aspirina. Faz bem a tudo, e até evita úlceras.

E no meio disto tudo,



Recuperar a minha rotina.
Largar o telemóvel.
Dormir mais vezes em casa.
Inscrever-me no ginásio.
Apostar em novas actividades pós-laborais
Voltar a ler.
Estudar.
Voltar a escrever.
Voltar a jogar capoeira.
Ir para a natação.
Combinar (e ir) jogos de ténis com amigos.
Ir jantar com amigos.
Ir mais ao cinema sózinha, ou acompanhada, tanto faz.
Não deixar de fazer nada que pense em fazer.
Não pedir, não exigir, não sugerir, não aproveitar cada oportunidade.
Aproveitar todas as minhas oportunidades.
Ficar na minha.
Não perder noção de quem sou.
Não me esquecer dos meus sonhos.
Não responder a provocações.
Estar sempre presente.
Considerar lipo-aspiração.
Marcar a depilação definitiva.
Escrever mais, escrever melhor.
Estudar.
Dormir mais.
Comer melhor.
Pensar menos.
Pensar mais.
Encontrar um meio termo.
Lidar melhor comigo mesma.
Aguentar as dores do crescimento.
Amar e deixar fluir.
Aproveitar o melhor de cada momento.

Sem assunto

Literalmente.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Calo-me.

Cada vez que penso em acusar alguém de alguma coisa, desisto. O mais provável é eu já ter incorrido na mesma falta e estar só a apanhar com o karma da coisa.

Diz que sim.

Ouvi dizer, no outro dia, que Lisboa é uma mulher e o Porto é um homem.
Concordo.

Lisboa é uma senhora idosa, e o Porto é um morcão.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Deixem-se ficar a ouvir...





Querem mais? Aqui.

(o player foi desactivado para não incomodar de cada vez que se abre o blog. Mas ide ao link. Vale mesmo a pena escutar o meu amigo Hugo, The Moss)

sábado, janeiro 06, 2007

Lisboa, 2007

Lisboa.
Culturalmente sou do Porto, e isso é mais forte do que alguma vez me poderia ter apercebido que nunca houvesse deixado a minha cidade. Mais do que nascida e criada, a minha cultura é do Norte, a minha identidade funde-se com a do Porto. Sou do Porto, e ando perdida.

Tive uma amiga, há uns anos, que era de Lisboa, mas morava no Porto. Era um bocadinho trabalhólica, logo não tinha grande vida para além da rotina de trabalho-casa-trabalho. Quando me conheceu, e começámos a sair e a fazer coisas, começou a gostar mais da Invicta. Antes disso, a vida dela era uma fuga para Norte. Contudo, não se adaptava. E o desespero era tal que até já investigara o fenómeno da deslocalização e da adaptação a novas cidades. Dizia ela que, segundo os estudos científicos que encontrara, era de dois anos o período de adaptação a uma nova cidade.
Dois anos.
Já cá estou já um ano. Já estive a estudar e tive coleguinhas e cocei muito a barriga. Agora já estou a trabalhar e é diferente. Tenho amigos que já não vejo porque trabalham e estão sempre ocupados, ou que não vejo porque eu própria estou cansada e não lhes ligo. Tenho um namorado que, em menos de um mês, já me mostrou bem mais de Lisboa do que um ano de viagens de metro e saídas no Bairro. Tenho uma rotina, apanho o autocarro ou vou de carro, estaciono criativamente em Lisboa (e até já o faço no Porto) e já desisti de ter o carro impecável. Peço café pingado e bitoque para não ter de explicar mais nada. Digo que sim a todos os chavões nortenhos que me quiserem colar aqui em Lisboa, e desisti de alimentar polémicas norte/sul. Ainda não tenho lojas favoritas, nem um shopping onde goste de me perder quando preciso de terapia de retalho (o que me poupa imenso dinheiro). Já me oriento mais ou menos nesta cidade. Ainda não atingiu o nível instintivo, mas já é mais confortável. Ainda não sou de cá.

Entretanto, sinto-me longe do Porto.
E não tenho saudades.
Sinto-me cada vez mais longe do Porto, sem me sentir mais perto de Lisboa. Isto confunde-me. Tenho dias em que realmente não sei de que terra sou. É o mais estranho de tudo isto. Talvez daqui a mais um ano já me tenha encontrado um bocadinho mais. Bem preciso.

Caixa de Pandora.

Sempre fui uma pessoa reservada - eu sei que não parece - mas fui, e sou. Discreta no que toca à vida dos outros, aos sentimentos dos outros, àquilo que fazem e às opções que tomam e como reagem. O que os outros fazem, especialmente no reduto dos próprios lares, merece de mim a maior das discrições. Posso concordar e posso discordar, mas não sinto que precise de me pronunciar.
Tudo o que fazemos afecta terceiros, mas cada um sabe de si, e por muito que aquilo que vejamos não nos agrade, há que ter muito cuidado com as distâncias... não queremos abrir a caixa de pandora perto demais da nossa cara.
Não tenho nada a ver com isto, mas estou cá com um pressentimento de que vai sobrar para mim.

Mudis operandis.

Este é um blog actualizado em tempo real. Os posts que não são publicados no momento em que são escritos, jamais o serão. É assim.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Ano novo, postezinho novo.

Olá amiguinhos!!!
Pois é, voltei. Voltei à agência, logo voltei à net. Aquela treta do Zapp tem-me deixado mal, vai daí, não blogo quando me dá a inspiração. Tenho alguns posts no electrodoméstico branco (só por ter escrito isto merecia ser condenada a trabalhar durante uns eternos 5 minutos num PC rançoso) que pode ser que cá venham ter quando conseguir ligá-lo à net.
Por outro lado, também já não tenho grande razão para ressabiar, pelo que a energia gasta em blogar tem sido investida em coisas não blogáveis, a não ser que me apetecesse produzir um best seller em duas pernadas. Agora que penso nisso...