segunda-feira, julho 22, 2013

A evitar a lupa.

Porque magoa os olhos. E o que os olhos vêem, o coração sente.
Por isso, desvio o olhar, faço de conta que não é nada, que não pode ser, que dali não vem nada.
Ou então, fixo-me por momentos em que está longe, tão longe que nem vejo, que quando aparece é fugaz e desfocado. É melhor assim.

quarta-feira, julho 17, 2013

Tudo.

Tudo o que disserem, pois que têm toda a razão. Ela nasce em vós, reside em vós, vem cá fora fazer vítimas e depois regressa para vós. Eu sou só um alvo, um dano colateral, um transeunte apanhado no fogo cruzado entre vós e o vosso espelho.
Deixem-se estar, não se incomodem.
Eu vou apanhando e passando.

Doido #1

Pagavas para me ter, mas a compra saiu-te mal. Veio com defeito e não a feitio.
Assim que pudeste, fizeste-me mal.
Não fiquei para ver. E agora, tudo voltou ao normal.

Doido #2

Ah, tens um piquinho a estranho, a azedo, com um toque de sinistro. A tua cabeça parecia espetada num pau de vassoura com cabelos de mopa e a expressão de uma marioneta. És o senhor dos atilhos e dos fios, manipulador exímio de ti mesmo, nem tanto de quem te rodeia. Falas de forma encriptada, mas tão cristalinamente simples, que de tão dissonante se torna até coerente. O sim é não, o que faço é faço sempre, e no coração não existe um sentimento especial, mesmo que o resto do mundo saiba que não é verdade. Mentes-te e queres que te descubram, mas és tão evidente que ficas mal na figura. Andas nú e pensas que estás vestido, de farpela ou até armadura, mas és de um transparente que se deseja opaco. Quando eu aceito o teu jogo e digo que sim, que acredito, que vejo o que tu mostras, acedendo à cegueira que te convém, tu logo viras o bico ao teu próprio prego e te desnudas para que eu te veja. Porque queres que te veja, nem que seja a última coisa que vejo quando me apontas o cano à testa e apertas o gatilho da tua pólvora seca.
É um farsante, numa comédia sem graça, e ocupas todo o palco e a plateia também. Estás sózinho com o teu eco e só com ele te sentes acompanhado. Bem hajas, que bem precisas.

Doido #3

Sabes que mais? Não acredito em ti.
És um fantoche, um armante, um actor quase competente. Falas, falas, falas, acertas em muita coisa, mas há algo que destoa. Não sei o que é, não compreendo porque tem de ser assim, mas impede-me de te celebrar. Ris-te à pressão das minhas piadas, transbordando de inveja porque sou eu que as digo, facto que faz delas ameaças. E ris como quem tem medo de não rir.
Não te entendo. Tão inteligente que és, tão elegante todos os dias, mas tão rasteiro e inseguro, tentas esconder que foste e serás sempre um puto de bairro, hoje arrivista e maquilhado.
Não te compro, não te levo, tolero-te, e depois deixo-te. Esquivo-me por entre as gotas da tua chuva, desejando que fossem uma torrente que me carregasse para um sítio mais real, mais honesto, mais simples, uma praia, um novo areal. Assim como assim, tentas afogar-me no teu lamaçal, chafurdar comigo e chamar-lhe brincadeira, ver se luto, se te respondo, se me incomodo com a sujeira. Se há lama, eu fundo-me com ela, aceito-lhe a natureza e deixo-me escorregar. Não resisto, vou deslizando, desprezando os teus arremessos. Logo, logo, neste lamaçal, muito ou pouco há-de chover, e tudo isto há-de escorrer de volta para o mar. 

Cenas, coiso, isto e aquilo e não tenho nada a ver com isso.

Estou com vontade de escrever. Estou mesmo. Estou farta de postezinhos da treta no Facebook e imagens com palavras que é preciso apanhar uma monumental porrada para sequer começar a compreender. Estou com vontade de escrever, mesmo que ninguém me vá, possa, ou se incomode a entender porque, na verdade, não me interessa nada.
Estou cansada e não consigo dormir. Estou carregada de uma energia irrequieta, a cabeça cheia de palavras, o coração cheio de sentimento e os braços vazios. Sim, que os preencho quando me aparece o anjo correspondente, mas que de tão perfeito, se vai no momento certo. Depois mudo de cenário e a lua é outra. Cá estou novamente, num cenário feito à minha imagem, só não sei se boa ou má, ou simplesmente sofrível.
Estou desconfiada, descrente e intolerante. Estou defensiva e, para ser franca, acho que o mundo está cheio de malucos em crise porque tem mesmo de estar. Está tudo a bater mal para que um dia possa ver a luz e bater melhor. Eu estou uns passos à frente, como um dia alguém mo disse, e parece que espero.
Mas estou farta, intediada, cansada de esperar. Já lutei, já caí, já chorei e já me ergui, já senti dor em cada passo, e agora celebro a felicidade que consigo apreciar. Ok, estou pronta, com o curso dos malucos desejavelmente cumprido e ultrapassado com flying colours.
Que mais tenho de fazer, ou deixar de fazer, quanto mais tenho de esperar por aquilo que sei que vem por aí?
Este filme está velho, está gasto, já me começa a irritar. É tudo uma fantochada, o discurso está gasto, o guião está desactualizado. Vivo de noite, arrasto-me de dia. Não quero saber, não faz sentido, o préstimo é quase nulo. E vejo-os correr e discorrer como se tudo fosse tão importante, até ao momento em que uma opinião diferente deita tudo a perder. Estou-me a cagar, não quero saber, tenho outras coisas para aprender, e ao mesmo tempo para ensinar...