segunda-feira, junho 30, 2008

Prontos para o Algarve?


É só agarrar no chapéu, toalha e toy-boy do momento, e já vos apanho.
:)

Só mais um, vá. :)


Já vai tarde este post, mas perdoa-me, que o assunto é de abordagem difícil. Aliás, é um desafio complicado, sensível também, e até de peso. De muito peso, mesmo, alargado nos ângulos de análise, exigentíssimo na escolha das palavras, ou não fosse sobre um dos mestres da escrita - de comédia, pronto, mas, ainda assim, da escrita - o que faz dele um caso a ser tratado com elevada seriedade.
Sim, porque o Goulão é uma pessoa séria. Pelo menos está sempre sério, ou parece, especialmente quando se prepara para esmagar os insectos da vida com as suas observações perfurantes. Do alto dos seus muitos quilos de sabedoria, sagacidade e conhecimento enciclopédico, dispara larachas certeiras como lanças e aniquila todo o orgulho alheio, todo o costume indigno, logo, digno de crítica, e toda a atitude lamentável. O Goulão [faz de conta que] é um bicho papão que come meninos guionistas ao pequeno almoço. Mete medo, mas conquista o nosso respeito, e logo a seguir, a admiração e amizade. O Goulão mostra como se faz. O Goulão não falha. E não só não falha em quase nada, também acerta em quase tudo, além que é uma pessoa do mais extremo bom gosto, ou quase... Aliás, corrija-se para "Absoluto bom gosto" e risquem-se todos os "quase".
Ele molda o mundo à sua passagem (literária), cria personagens e põe as palavras na boca de quem mais não teria o que dizer. Ele manda, ele escreve, com palavras ele grava imagens no ouvido e na retina como se de pedra se tratasse. Sem o Goulão a bordo, a Terra sairia da órbita. Ao QI equivalente ao número da sua cintura, junta-se um coração que não lhe cabe no cinto. É assim, GRANDE, como daqui até ali, e à volta do mundo outra vez, e ainda assim não chega para descrever a generosidade deste que é um dos últimos cavalheiros de Lisboa.
Um ser como já não se fazem muitos, até porque agora toda a gente quer ser magra. E porque o Pedro, definido numa só palavra, é MAGNÂNIMO.
Tem é mau feitio.
Mas odeia o Benfica, o que por si só e tudo o resto também, justifica tudo.
Gosto de ti, rapazinho.
Feliz aniversário!!! Noves fora, é só mais 1. :)

Agora, se fazes favor, escolhe o melhor restaurante por mim, delicia-te com o mais gourmet dos pratos, bebe um copo do melhor vinho, rodeia-te dos teus amigos mais queridos e faz de conta que também estou aí à mesa.
Beijinhos, e obrigada por dares tantas vezes o exemplo.
Parabéns!


Euzinha, Sílvia. :)

sábado, junho 28, 2008

My look on blog.

(post em preparação)

Ingredientes:
Pessoa de extremo bom gosto, mas só quase... Aliás, corrija-se para "Absoluto bom gosto" e risque-se o quase.

Cão de loiça.


Quando nenhuma alegria tem significado, quando nenhuma lágrima é justificada, quando nenhuma celebração merece partilha, quando nenhum dia especial justifica uma presença, quando nenhum gesto tem resposta, quando nenhum agrado tem importância, e quando toda a vontade espelha pura conveniência, afasta-te, antes que façam de ti um cão de loiça.

Fica com ele.

Ontem, decidi que não vou mais esforçar-me por quem, a troco de alguns gestos magnânimos, descura sistematicamente os pequenos gestos, condenando aqueles em torno dele a longas travessias de deserto, com o eventual, distante e condicional à vontade do senhor, momento no oásis.
Quem não tem €10 para carregar um telemóvel e enviar uma mensagem grátis, escusa de ter €1.000.000 para esbanjar tarde demais.

sexta-feira, junho 27, 2008

Mas em bom.

Uma amiga minha, de Lisboa, veio cá ao Porto, em negócios. Encontramo-nos depois do trabalho, fomos jantar e depois andámos às compras...
Até já parecia a minha vida em Lisboa. Mas em bom. :)

terça-feira, junho 24, 2008

Eu fui.


Ontem fui ao S. João.
Pode parecer nada de insignificante e há já alguns anos que não me atraíam as multidões de martelos em punho, mas foi este ano, ir ao S. João, foi muito especial.
Especial porque, se não tivesse sido operada ao joelho, ontem não teria ido ao S. João. Porque ficaria cansada, porque teria medo de saltar, e dançar, e de andar muito.
Ontem, andei cinco horas a pé e cheguei ao final da noite com o joelho muito fraco e a perna a querer ceder. Mas é porque ainda não recuperei o tónus muscular, logo, ainda não estou a 100%, nem a 60%, sequer. Mas vou a caminho. E ontem foi um belo teste.
Comecei por ver largar dois balões de S. João que desafiaram a chuva e a gravidade, para deleite da criançada, e minha também, numa festa familiar em casa de um amigo com uma boa onda do tamanho do Porto. De nariz no ar e à chuva, fui comendo sardinhas que me chegaram para um ano inteiro. O vinho também aqueceu a alma. Depois servi de guia a outro amigo, de Aveiro, cuja amizade pretendo reforçar daqui para a frente. Fizémos o percurso ao contrário. Começámos em Massarelos, vimos o fogo de longe, dançámos e saltámos (eu com muito jeitinho) em Miragaia, e continuámos até às Fontaínhas, regressando depois à Boavista. A cada novo bailarico, eu perguntava-me se conseguiria chegar ao próximo, se o caminho implicava subir ou descer muito, ou tropeçar ou escorregar. E sim, implicava tudo isso. Mas ia indo. Estava de volta à minha cidade. Sem queixas, sem dores, sem medos e a esticar um pouco mais, fui descobrindo até onde conseguiria chegar. Acabei a subir a Escadaria dos Guindais. Para quem é de Lisboa... hmmm... imaginem ir do Martim Moniz até ao Castelo sempre a subir escadas, e talvez o dobro da distância. E cheguei lá, sem dificuldade maior no joelho do que nos pulmões.
Ao fim de quatro horas e meia a andar, percebi que tinha chegado o momento de ir para casa e adormecer com gelo no joelho. E assim fiz.
E hoje é feriado e sabe-me que nem ginjas. :)

sábado, junho 21, 2008

Nesting... 10% complete.

sexta-feira, junho 20, 2008

Constatação de um facto.

Enquanto tive o blog escancarado à curiosidade dablogosfera e arredories, tinha montes de comentários, quase todos de pessoas que eu não conhecia. Os meus amigos iam, liam, mas nunca comentavam.
Agora que o tenho reservado apenas a alguns escolhidos, constata-se o facto: os amigos não comentam.
Porque será isso?


Outro facto curioso: eu também raramente comento noutros blogs.

Que os bois venham com nomes.

Para algumas coisas, preciso de apanhar forte e feio nas orelhas.
Aliás, para TUDO, eu preciso de apanhar forte e feio nas orelhas. Porque preciso mesmo que as coisas me sejam ditas, pro-fe-ri-das, s-o-l-e-t-r-a-d-a-s, para que marquem, para que me ardam nos olhos ou ecoem entre as orelhas e me deixem, pelo menos, a recordação dessa sensação. Por isso, gosto de quem me diz as coisas na cara e sem rodeios.
Por isso, desconsidero quem me faz promessas vãs, quem me fala com rodeios, quem me doutrina antes de me conhecer.
E gosto pouco de quem não fala.
Os actos também são bem vindos, mas não em substituição das palavras.
:)

quinta-feira, junho 19, 2008

Eu só cá vim ver a bola.

Conversa na agência:
– Vou ver o jogo a casa de quem a tiver maior...
— Já ganhei!! A minha tem 40 dedadas!

O consolinho.

Hoje estava a precisar de mimo, pelo que mandei uma SMS em que se lia assim:
"Estou desconsolada. Anima-me".

Resposta imediata de quase todos:
—"Então, que se passa?"
Seguiu-se uma troca de várias sms com os vários amigos em meu socorro, alguns telefonemas e o mimo que eu queria.

Resposta imediata e mais sem filtro:
—"Queres sexo?"
Seguiu-se uma troca de várias sms com o autor da dita, terminando a conversa com um convite para passar um fim de semana fora numa das melhores praias do país.

Por fim, a resposta do Francisco:


Independentemente da abordagem, obrigada a todos. Funcionou. :)

quarta-feira, junho 18, 2008

Desabituações.

Ele já não fuma há uma semana.
Eu já não ligo há 36 horas.
Viva o ginásio!

segunda-feira, junho 16, 2008

Em traços simples...


Lisboa é uma carapinha.
O Porto é um belo e sedoso cabelo liso, que ganha uma leve ondulação nos dias de maresia.

Não que eu não gostasse de Lisboa, mas...

Aaaahhh... hoje estou cansada. Foi um dia longo, em que fiquei a trabalhar nas duas horas de almoço em que costumo optar por ir até à praia, ao rio, ao parque ou ao ginásio. Mas hoje tinha combinado com o PT ao final do dia, por isso aproveitei para adiantar trabalho.
E cá estou eu, já meia a dormir, depois de uma sessão no ginásio que, para já, ainda não passou de bicicleta e passadeira, seguida de umas braçadas na piscina e, quando chego a tempo, um aula de hidroginástica... mais jacuzzi, mais sauna, mais turco. :) Ainda tenho de me organizar para chegar a tempo das aulas de Pilates, Yoga e Bodybalance.
:)

quinta-feira, junho 12, 2008

Qualidade de vida é...#2

Ao telemóvel:

— Estás no jardim?
— Não, estou na rua [em que trabalho].
— Ah... tava a ouvir passarinhos...

Caminhones sem cojones.



Mas já desmobilizaram?
Assim?
Já tá?
Ganham os grandes, morrem os pequenos?
Com Espanha paralizada?
F***...
Ratos.

Oops...

Ontem foram quase 200 euros.
Eu que já começava a estranhar o dinheiro que não me desaparecia da carteira, perdi-me ontem no shopping da terra. Com a populaça reunida em volta do jogo de futebol, as lojas pertencem-me, e até os empregados estão mais atentos ao golo do Ronaldo do que à minha dificuldade em encontrar uma touca de natação que combine com o fato preto e laranja. E depois foi o Continente e voltar a fazer compras que cabem no frigorífico, e depois só um soutienzinho novo... ou cinco, um deles de desporto, e depois umas calças de ganga - já que as minhas favoritas morreram - ou uns calções e uma jardineira... e um top, ou dois.
Voltei a descobrir o prazer de andar às compras. Só já não me falta espaço na conta bancária.

Qualidade de vida é...#1


Ser acordada às cinco e meia da manhã pelo chinfrim dos passarinhos da rua que chilreavam à desgarrada com o grilo que vive no meu jardim.
Tss tss...

quarta-feira, junho 11, 2008

Gaiola dourada.

Não devo favores a ninguém, e isso é muito libertador.
Também já percebi que é desconcertante para quem vive numa gaiola dourada e nem se apercebe daquilo de que já abdicou.

segunda-feira, junho 09, 2008

E depois veio o cão...

E foi melhor fechar o blog.
Só para quem me apetece. Porque eu quero. Ou acabo já com esta treta.
Obrigada por compreenderem. :)


P.S. - Não, não teve nada a ver com o Pinto da Costa... só quase.

sábado, junho 07, 2008

Sim, Porto, voltei!


Nos dois anos e meio que estive fora, quando vinha ao Porto, sempre que saía à noite, tinha a sensação de que não reconhecia qualquer rosto. Era como se as caras que eu conhecia na cidade se tivessem mudado para parte incerta.
Nos últimos dois dias, esse fenómeno alterou-se radicalmente: desde uma antiga directora criativa, ao senhor que organizou o primeiro cruzeiro fitness, ao primeiro namorado (agora com o triplo do peso, uma esposa e um filhote de cinco anos), pessoal do tempo da faculdade, filhas de amigas da minha mãe, ou caras simplesmente repetidas nas noites de há anos.
Esta semana, fiquei na toca, mas agora já me apetece começar a ligar aos amigos.
Estou de volta. Comece a festa! :)

quinta-feira, junho 05, 2008

Adaptações.

Quando me mudei para Lisboa, para me sentir mais em casa, ia passear para o hipermercado Continente do Vasco da Gama.
Agora que voltei para o Porto, gosto de ir aos cinemas Medeia, e escutar a musiquinha da intro do Cinema Europeu.

Cada um vai à UEFA com aquilo que vale.

Miguel Sousa Tavares: A Conspiração contra o Campeão

A CONSPIRAÇÃO CONTRA O CAMPEÃO(I)

1- Com a entrada do século XXI, a direcção do Benfica tomou a decisão estratégica de lançar mão de todos os meios para impedir que a hegemonia do FC Porto, que se tinha afirmado com clareza nas duas décadas anteriores, se continuasse a prolongar. Por razões várias, mas essencialmente por falta de capacidade de gestão desportiva e falta de paciência para aguardar os resultados de uma mudança paulatina de atitude, o Benfica percebeu que tão cedo não conseguiria derrotar em campo o FC Porto e havia então que tentá-lo por outros meios.

A primeira medida estratégica foi a tomada de poder na Liga de Clubes, que Luís Filipe Vieira afirmou ser mais importante do que a formação de uma boa equipa de futebol. Para tal, Viera aliou-se a Valentim Loureiro, o verdadeiro dono do tão criticado «sistema» e então de más relações com Pinto da Costa. Juntos passaram a dominar a Direcção da Liga, a Comissão Disciplinar e a Comissão de Arbitragem. Muito embora o FC Porto tenha logo começado a sentir as consequências dessa aliança (foi a época em que só os jogadores do FC Porto é que tinham cotovelos e só a eles se aplicavam os célebres «sumaríssimos»), a verdade é que ela, por si só, não chegou para fazer ajoelhar os portistas. De positivo, para o Benfica, ficou a conquista do campeonato de 2004/05 - aquele que, nos últimos trinta anos, mais se deveu a favores de arbitragem.

A seguir veio a associação do Benfica com o poder político. Primeiro, descobrindo-se que o clube vivia à margem do cumprimento das obrigações fiscais que outros cumpriam e beneficiando da complacência da comissão governamental encarregada de fiscalizar as contas dos clubes e que se «esqueceu» de fiscalizar o Benfica. A seguir veio a tremenda ajuda financeira dada pelo então presidente da Câmara de Lisboa, Santana Lopes, para a construção do novo Estádio da Luz. Enquanto a comunicação social se distraía a noticiar ninharias denunciadas por Rui Rio no Dragão, milhões e milhões eram dados ao Benfica de mão beijada, sem escândalo algum. E, para que não restassem dúvidas da dívida de gratidão contraída, viu-se a Direcção do Benfica, levada por Santana Lopes, a comparecer a um jantar de propaganda eleitoral do PSD durante a campanha legislativa de 2004, na mais descarada manifestação da tão falada promiscuidade entre o futebol e a politica alguma vez vista.

Mesmo assim, não chegou. Havia que fazer mais e foi então que surgiu o «Apito Dourado».

2- Diz o povo que o que nasce torto nunca se endireita e o «Apito Dourado» nasceu torto desde o princípio. Ao escolher colocar sob escuta apenas os telefones de Valentim Loureiro e Pinto da Costa, os investigadores mostraram desde logo ao que vinham e o que visavam com o seu método de «pesca de arrasto». Cabe perguntar, de facto, quem determinou e com que razões que uma investigação ao futebol português apenas se deveria concentrar no FC Porto e no Boavista?

O mais eloquente telefonema de todas as escutas talvez seja aquele em que o presidente do Benfica tem o azar de ser gravado quando telefona para Valentim Loureiro. Aí se torna evidente o grau de cumplicidade entre ambos e a forma tranquila como discutem que árbitro convém ao Benfica para um jogo com o Belenenses. Mas esse processo foi devidamente arquivado, por se entender que não tinha interesse- mesmo em relação à enigmática frase de Luís Filipe Vieira para o major: «Como sabe, tenho outras maneiras de resolver o assunto.»

3- As escutas a Valentim concluíram que ele pressionava os árbitros dos jogos com o Gondomar- peixe mais do que míúdo- e que tentou pressionar árbitros em três jogos do Boavista, nos quais, para azar dos investigadores, o Boavista perdeu dois e empatou um.

Pior sorte tiveram ainda as escutas a Pinto da Costa. Dois anos de telefonemas interceptados concluíram que a equipa de arbitragem de um FC Porto-Estrela da Amadora, chefiada por Jacinto Paixão, pediu umas «meninas» a um intermediário que fez chegar o pedido ao presidente do FC Porto e terá obtido a anuência deste. E que o árbitro Augusto Duarte, na véspera de apitar um Beira-Mar-FC Porto, apareceu, na companhia de um empresário ligado aos portistas, em casa de Pinto da Costa, para tomar um «cafézinho». Mas, azar dos investigadores: os factos reportam-se à época de 2003/04, aquela em que o FC Porto treinado por Mourinho passeou uma tão ampla superioridade, que foi campeão nacional com doze pontos de avanço e campeão europeu; ambos os jogos foram já na parte final do campeonato e nenhum deles influia na classificação de qualquer das equipas envolvidas; e, finalmente, os «experts» consultados não conseguiram ver qualquer influência da arbitragem nos dois jogos, um ganho, outro empatado pelo FC Porto. Faltava assim um elemento jurídico essencial no direito punitivo e que tanto irritou alguns comentadores justiçeiros: o tal nexo de causalidade. Para haver corrupção tem de haver um resultado obtido com essa corrupção. Não havendo resultado, o que fazer? A Comissão Disciplinar da Liga, no seu recente e tão auto-elogiado acórdão, resolveria a questão pelo mal menor: tentativa de corrupção. Uma original tentativa de corrupção, em que é o corrompido que toma a iniciativa de abordar o corruptor.

4- Estava, pois, o apito encravado, para grande desespero da nação, quando entra em cena Carolina Salgado. Três anos antes, ela tinha estado na Luz, entre os Super-Dragões, com um cartaz mal-criado e provocatório que dizia «Ó Orelhas, estou aqui!». Fora de si, Luís Filipe Vieira protagonizaria no final uma insólita conferência de imprensa sobre a vida privada de Pinto da Costa, acusando-o de viver com uma usurpadora no lugar da mulher «legítima». Mas a vida é, sem dúvida, um espectáculo imprevisto e por vezes irónico: a «legítima»de Pinto da Costa, que Vieira protegia, passou a divorciada e voltou a ser «legítima», e a «usurpadora» passou da benção papal a proscrita e desaguou. nos braços do homem a quem chamara «Orelhas».

O presidente do Benfica chegou a participar em reuniões em hotéis com Carolina Salgado e os investigadores da PJ. Arranjaram-lhe quem lhe escrevesse um livro, quem do livro fizesse filme, e asseguraram-lhe meios de rendimento para que ela contasse «tudo o que sabia» ou que dizia saber. Mais tarde, com Maria José Morgado, passou a ser tratada como o tesouro mais precioso, acompanhada, dia e noite, por seguranças a soldo dos contribuintes, para assim se dar também a ideia de que é uma testemunha incómoda e ameaçada. E, graças a ela, o Apito Dourado ganhou um novo fôlego que já parecia perdido. Os processos arquivados por falta de provas ou de consistência foram reabertos, gastaram-se mais uns milhares ou milhões de euros em investigação e animaram-se as hostes justiçeiras.

5- Mas, de novo, verdadeiramente novo, não se apurou mais nada. Era exactamente o mesmo, os mesmo jogos, as mesmas meninas, o mesmo cafézinho. Apenas Carolina Salgado acrescentou dois dados novos: que Pinto da Costa terá recorrido aos seus serviços (!?) para tentar matar (!?) Ricardo Bexiga, vereador da oposição na Cãmara de Gondomar, e que, durante a tal cena do cafézinho, terá passado um envelope com 500 contos em moeda antiga ao árbitro Augusto Duarte. Tudo está pois, dependente, da credibilidade da testemunha Carolina Salgado. A qual, salvo melhor opinião, vale zero: pelo seu curriculum, pelas suas evidentes motivações e pelas suas contradições.

A conspiração contra o campeão (II)

6- A mais extraordinária acusação a Pinto da Costa constante do «livro» de Carolina Salgado era a de que ele lhe teria comanditado a execução do dr. Ricardo Bexiga, vereador da oposição na Câmara de Gondomar, a qual ela teria tentado levar a cabo em colaboração com alguns marginais das suas relações. Extraordinária, porque primeiro era preciso acreditar que Pinto da Costa seria capaz de encomendar a morte de alguém; depois, que se preocupasse em fazê-lo por solidariedade política ou pessoal para com Valentim Loureiro, a quem Ricardo Bexiga fazia frente em Gondomar - e logo na altura em que os dois dirigentes desportivos estavam de relações frias; e, enfim, porque quem lhe escreveu o texto não reparou que, com essa «revelação», ela se incriminava a si própria numa tentativa de homicídio. O Ministério Público resolveu não acreditar na história e arquivou sumariamente o assunto, até porque as contradições em que ela caíra (como a de contar que destruíra previamente as câmaras de vigilância do parque de estacionamento onde a agressão teve lugar e que, afinal, nunca existiram), revelaram que a senhora estava, pura e simplesmente, a inventar. O problema é a dualidade de critério: quando se incrimina a si própria, a testemunha Carolina Salgado não merece credibilidade alguma ao MP; quando incrimina Pinto da Costa, já merece toda.

7- O outro «testemunho» relevante de Carolina Salgado, e que, por si só, justificou a reabertura dos processos criminais arquivados e a punição da CD da Liga, foi a de que durante a cena do «cafezinho», Pinto da Costa teria passado um envelope com 500 contos ao árbitro Augusto Duarte - e este teria aceite. Aqui, é preciso acreditar em duas coisas: que o presidente do FC Porto acharia necessário comprar um árbitro para um jogo que já nada interessava (dirão que foi por serviços passados, mas acontece que, nessa época, Augusto Duarte não apitara ainda nenhum jogo do FC Porto: azar, outra vez.); depois, é preciso acreditar que Pinto da Costa, apesar da irresponsabilidade com que misturou a sua vida pessoal com a vida do clube, seria suficientemente estúpido para corromper árbitros diante da namorada conhecida no «Calor da Noite». Mas a dr.ª Maria José Morgado acreditou e o dr. Ricardo Costa também. Resta uma perplexidade jurídica: já vimos que faltava o nexo de causalidade para dar como provada a corrupção; mas resolver o problema através da esperteza da «tentativa de corrupção» é que não se percebe: se ele deu 500 contos ao árbitro e este os aceitou, porquê apenas a tentativa?

8- Agora, perguntar-me-ão: e as «meninas» para a equipa de Jacinto Paixão - não acredito também que Pinto da Costa tenha dado ordem para aceder ao pedido? Acredito, sim senhor: acredito nisso, não acredito na explicação que ele deu para a etimologia da palavra «fruta». Então se acredito, não acho que seja um caso de corrupção? Não, não acho. Primeiro, porque não havia necessidade alguma; segundo, porque era prática instalada e corrente.

Se para alguma coisa tem servido o julgamento de Gondomar é para demonstrar que, mesmo ao nível de uma terceira divisão, está instalada a tradição de o clube da casa presentear os árbitros com «lembranças». E as «lembranças», que começam por ser peças simples de ouro e refeições de borla nos restaurantes locais, vão subindo de importância à medida que sobe a importância e riqueza dos clubes anfitriões. Nos processos disciplinares instaurados a árbitros pela FPF e decorrentes das investigações do Apito Dourado, os acusados, segundo relatava o JN de 19.03.08, têm-se defendido com o que o ex-árbitro Jorge Coroado (um dos «peritos» usados pela justiça) revela a propósito no seu livro O último cartão: está lá tudo contado, incluindo os presentes que lhe davam e as «meninas» que lhe ofereceram num jogo internacional. E os jornalistas desportivos de Lisboa sabem muito bem quais são os cabarets da cidade onde era possível encontrar árbitros em companhia de «assessores» dos clubes da capital (normalmente, ex-árbitros), e o que lá estavam eles a fazer. Deixem-se, pois, de hipocrisias: se aquilo foi uma tentativa de corrupção, só não são todos arguidos porque o Apito Dourado resolveu escolher apenas dois alvos para investigação.

9- Acontece que, à excepção de uma breve aparição no julgamento de Gondomar - onde foi facilmente trucidada pelos advogados dos réus - Carolina Salgado nunca foi contraditada com a defesa do FC Porto. Protegida e, supõe-se, exaustivamente «trabalhada» pelo MP, nunca teve de se confrontar com perguntas incómodas num tribunal. E, embora as suas declarações ao MP tenham sido consideradas decisivas, nem sequer foi ouvida, menos ainda contraditada, pela CD da Liga, antes de condenar o FC Porto.

Apesar de, em minha opinião, o FC Porto ter sido sempre mal defendido em todo este processo - jurídica e mediaticamente - não é preciso ser adivinho para prever que uma investigação criminal que basicamente repousa só no testemunho de Carolina Salgado, está condenada ao absoluto fracasso no dia que chegar a julgamento. O Benfica não anda a dormir e também o percebeu. Daí que, ao longo de toda esta época, a sua estratégia se tenha desviado das imensas expectativas alimentadas com a nomeação do «dream team» da dr.ª Maria José Morgado para as expectativas da justiça desportiva. Passou a exigir que o CD da Liga se antecipasse aos tribunais e se encarregasse do julgamento, condenação e pena.

10- E o CD fez-lhe a vontade. Aliás, segundo o seu presidente, já em Janeiro eles estavam prontos a decidir o que decidiram em Maio - antes mesmo de deduzirem acusação e estudarem a defesa. Só que havia prazos a cumprir e os prazos baralharam tudo: quando o CD decidiu tirar seis pontos ao FC Porto, já o Benfica estava a vinte de distância e de nada lhe servia a «justiça».

11- Criou-se então a expectativa - devidamente alimentada pelos jornalistas engajados - de que o FC Porto não resistisse à tentação de recorrer da condenação do CD. Isso, mais a conjugação dos prazos do recurso, permitiria que eventual confirmação da pena remetesse o seu cumprimento para a época que vem e, assim, o FC Porto iniciaria a época com menos seis pontos que o «Glorioso». Sempre era alguma coisa.

Creio que eu e Rui Moreira fomos os únicos portistas a defender que, mesmo assim, o FC Porto deveria ter recorrido. Porque, mesmo quando o combate é desigual e o jogo está viciado, há alturas em que se deve ir a jogo, justamente para mostrar a diferença de carácter. Assim não o entendeu a direcção do FC Porto e logo lhe saltaram em cima os benfiquistas do jornalismo a concluir hipocritamente que, se o clube não tinha recorrido, era porque reconhecia a culpa. Olha que chicos-espertos!

12- Todavia, o Benfica mostrou que tinha a jogada muito bem arquitectada e pronta a ser executada. Assim que se soube que o FC Porto não recorrera, o Benfica passou ao plano B: queixinhas à FPF, para que as reencaminhasse à UEFA, a fim de excluir os portistas da Liga dos Campeões, em benefício do «glorioso» 4.º lugar dos encarnados. E também a FPF lhe fez a vontade: a forma como notifica a UEFA de que «ficou provado que o FC Porto cometeu infracção disciplinar muito grave - corrupção da equipa de arbitragem» (só muito mais à frente esclarecendo que foi «sob forma tentada» e nunca esclarecendo que, sobre os mesmo factos, existe um recurso pendente) - é absolutamente esclarecedora do fim pretendido.

13- Mas a verdade é que, aparentemente, este cenário não foi previsto pela, mais uma vez passiva, defesa do FC Porto. Juridicamente, uma hipotética decisão da UEFA, hoje, que venha de encontro à escabrosa pretensão benfiquista seria uma aberração e um abuso. Qualquer ignorante de Direito sabe que não há retroactividade da lei penal e que a tentativa de chamar a isto, não uma sanção, mas uma condição de inscrição ou coisa que o valha, não passa de um exercício de desonestidade intelectual.

Se a lei da UEFA de 2007 se pudesse aplicar a factos passados, o Milan não teria podido disputar a edição deste ano da Liga dos Campeões e a Juventus não poderia disputar a do ano que vem. O problema está em que todos sabem que as decisões da UEFA são jurídicas nuns casos e politicas noutros - e foi nisso que o Benfica apostou. O FC Porto reúne as condições ideais para uma decisão politica e servida como «exemplo»: é um grande clube em termos desportivos, um histórico da Liga dos Campeões, vencedor da prova há apenas quatro anos - mas é também representante de um país pequeno e de direitos comerciais de menor importância face aos tubarões da Europa. O alvo ideal.

14- Seja qual for a decisão da UEFA, o Apito Dourado está condenado à morte. Fez-se tudo o que se pôde, com um objectivo predeterminado e um alvo prefixado. E o resultado envergonha os seus promotores. Quando toda a poeira assentar, ficará para a história apenas como mais um momento em que a inveja dos medíocres ditou a sua lei. É, em grande parte, a história de Portugal.

segunda-feira, junho 02, 2008

Parabéns!


Ou 40.
:)

Aos Lisboetas,

Vocês nem sabem que não sabem.
Mas eu também não vou contar. Vocês não iam alcançar.
Deixem lá. É coisa de quem é "do Norte"... ;)

Há muito que não sentia algo assim.

Aqui, tudo me parece fazer mais sentido.
Talvez seja porque ainda não mergulhei no trabalho, mas, por enquanto, parece-me tudo bom, bonito, calmo e muito, muito agradável.

domingo, junho 01, 2008

Reflexão tripeira.

Se isto continua assim, um dia destes, as gentes do Porto voltam a servir tripas.

Eu não vou.


Nós não vamos, ninguém vai.
São 50 euros de gasolina até ao Rock in Rio, uns míseros 30 litrinhos, mas isso agora não interessa nada. O que interessa é que também não vou comprar peixe. E que o exemplo dos pescadores devia ser seguido por Portugal em peso. O caos assumido em vez do caos dissimulado. Transportes, comércio (incluindo as grandes superfícies), hospitais, correios, lixeiros, GREVE GERAL sem data para desconvocar, incluindo a senhora empregada de servir do sr. Primeiro Ministro, a cozinheira, o sr da lavandaria, o sr. motorista, todos os guardas de S. Bento, a secretária pessoal, o assessor de imagem, o médico pessoal, e todo o resto da Função Pública efectiva, contratada e precária... Ia ser complicado para nós também, mas a isso nós já estamos habituados.