terça-feira, fevereiro 26, 2019

Buraco negro.

Um buraco negro é sempre assustador. Quando encontramos um buraco e não lhe vislumbramos o fundo, sentimos, se não for medo, alguma precaução. Acontece que quando uma pessoa está num buraco negro, a minha tendência natural, é salvar essa pessoa. É puxá-la para cima, é trazê-la para a luz, é mostrar-lhe que o mundo continua cá fora. Só que por vezes, esse buraco é tão fundo, e a pessoa é tão pesada...que arranca um pedaço de ti.
Já não tenho assim tanto de sobra.

Abaixo do vermelho.

Aquele momento em que todos querem um pedacinho de ti, não têm nada para te dar e tu tens ainda menos para dar seja a quem for.





Não consigo.

sábado, fevereiro 23, 2019

E ao sétimo dia, ela descansou...mais um bocadinho.


Não me lembro de outra semana assim, tão introspectiva, tão indulgente, tão só para mim, com tantos altos e baixos, com tantas revelações e constatações, tantas recordações e epifanias, e com tantas bençãos e anjos terrenos e outros a ajudar.
A Mãe Terra devolveu-me com a pele purificada, mas a alma em carne viva. A Mãe Lua provocou-me o espírito o tempo todo. O Pai fogo nunca se apagou, e o Espírito do Vento tanto me deu alento como me levou o pensamento.
Meti-me em casa, na toca, escutei o meu corpo e a minha alfa, fiquei quietinha a ganhar estrutura outra vez. Sinto mesmo que  foram como dias de recém-nascida, em que tudo é novo e tudo incomoda, tudo estimula, tudo alimenta e tudo desgasta. Dormi muito. Dormi tudo o que quis, adiei trabalhos para depois do 7º dia. Faltei a festas, compromissos e hábitos. Bebi muita água, e não precisei quase de comer. Só fiquei. E no ficar, a vida veio ter comigo. Cuidou-me, mimou-me, deu-me colo. Tive uma semana inteira em que não dei nada a ninguém, não perdi nada para ninguém, apenas me poupei e me acrescentei. Permiti-me, como jamais me havia permitido antes. Voltei a mim, sem ruídos, sem fretes, sem interrupções nem invasões. Sete dias sozinha, metida comigo mesma, e em nenhum dos dias me faltou um cuidado, um olhar de carinho, um abraço, um toque curativo, uma mensagem para aquecer o coração. Todos os dias, chorei, todos os dias me amei, todos os dias agradeci uma benção, todos os dias sorri.
Em sete dias, renasci.
Amanhã, volto ao mundo.
A todos os meus anjos (vocês sabem quem são), estou grata. :)



quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Uma conversa sincera, sem filtro.

Ou várias, sobre tudo o que te vai na alma, todas as preocupações, todas as ideias loucas, mal acabadas, mal formuladas, todos os disparates, todos os indizíveis, tudo o que te trespassa a alma e o coração e que não admites que te passe os lábios. Tudo, tudo mesmo, só para libertar, só para deixar sair, fluir, aliviar, até cansar, até secar a saliva, até o sangue correr limpo outra vez.
Meter para dentro é cancerígeno, é destruidor, é maligno tanto para ti como para a aqueles que tentas proteger de tudo o que te vai dentro. Mas tu não tens de dizer a esses o que te vai dentro. Diz-me a mim e eu digo-te a ti, e vamos até à praia e contamos tudo um ao outro e gritamos todas as asneiras ao vento e ao frio e depois lavamos a boca com a areia grossa e a água do mar. E lavamos a alma também.
Foda-se. Mentir a nós mesmos, inventar, meter para dentro é pior do que admitir que estamos fracos, frágeis, a tremer por dentro como se um terramoto estivesse a mandar por terra tudo o que tomamos por sólido. Fala comigo, caralho! E escuta-me quando eu falar contigo. Aceita-me, não me julgues, e deixa-me fluir também, que eu farei tudo isso por ti.
Já não sei ser de outra maneira. Quem aguentar, fica. Quem não aguentar, cai da beira do prato... e nem sequer o cão lhe pega. Vá, anda. Confia.
Deixa sair. Aqui onde estamos, é seguro.

segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Sem perguntas

Estou a precisar de um abraço, de um colo e de um cafoné sem pressas, sem condições e que dure até quando eu precisar. Estou mesmo.


Update:
Obrigada, Universo, por tudo hoje.
E por estares a trazer de volta a minha turma para mim.
Já me sinto eu, novamente.
Baby steps, because my new best self is now two days old. :)

Hoje sou um feto.

Entrar no Temazcal é retornar ao seio da Mãe Terra, rendermo-nos aos elementos, e morrer, pacificamente, para renascer depois purificada.

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

Cinco minutos, cinco.

O Dia dos Namorados seria muito mais verdadeiro e interessante se fosse simplesmente o dia do Perfeito Cavalheirismo.
Um perfeito cavalheiro consegue transformar completamente o dia de uma mulher apenas por se disponibilizar a fazer um desvio de 5 minutos para lhe dizer um olá, oferecendo-se para carregar o saco pesado que ela trazia e a acompanhar ao carro.
Cinco minutos, cinco, de simpatia, delicadeza, cuidado e gentileza, e voltei a ter fé na "Homenidade". Foi como voltar a respirar. E a sorrir, leve.
Afinal, tive um belo dia dos Namorados. Como deve de ser.

Tudo o resto são adolescentes aprisionados na fase rebelde, que se comportam como absolutos cepos. Cada um escolhe como souber. Quanto a mim, Good riddance!

quarta-feira, fevereiro 13, 2019

Quero dar-te tudo o que tiveres para mim.

 Quero que me tragas uma história bonita. E verdadeira, e tão sólida e inexpugnável que nada possa destruir a sua verdade, a sua beleza, o amor que ela emana e que me aquece a alma. Uma história que sirva de espaço seguro, de certeza de presente e de futuro, algo tão puro e incondicional como uma melhor amizade, um amor fraterno, uma paixão eterna. Quero sentir que nada no mundo pode destruir a nossa ligação, nem na terra, nem no céu, nem agora nem noutro tempo ou dimensão. Quero sentir esse calorzinho no coração, quero sentir a calma a descer por cada uma das minhas células e o meu corpo a relaxar ao ponto de adormecer no teu colo. Quero acordar no dia seguinte e render-me a ti, e jamais desejar partir. Quero poder confiar que, contigo, estarei segura e protegida e simplesmente aceite. Quero que sejas tu a trazer-me tudo isso. E quero riso. Quero que me tragas riso e me faças rir contigo. Quero rir o resto das nossas vidas, e quero rir, mesmo quando chorar, só porque estás ali comigo e isso lava qualquer dor ou raiva. Quero que me dês tudo de bom e que saibas tudo o que é bom para mim, porque eu dedicarei a minha vida a fazer o mesmo por ti.
No amor puro e incondicional, nada se perde, tudo se transfere, tudo se devolve afinado, melhorado, valorizado, num ciclo interminável de dar e receber.
Quero tudo isto de ti, porque é apenas isto que tenho para te oferecer.

terça-feira, fevereiro 12, 2019

Meu amigo, o meu desejo é que te fodas.


Aquele momento em que, finalmente, deixas de ter peninha do coitadinho a quem a vida correu mal e que por isso se acha no direito de foder os outros a seu bel-prazer porque, afinal a vida também o fodeu a ele.
Meu amigo, do fundo da minha amizade mais incondicional, te digo: vai-te foder. E que te fodas todo, te fodas bem, até ao casco. Até não sobrar nada daquilo que te fodeu e tu possas voltar à vida como pessoa inteira e respeitosa e sensivel e desperta.
Fica sabendo, meu filho da puta armado em vítima revoltada, que nada, mas NADA nesta vida te dá o direito de desconsiderares quem te cuida, quem te ajuda e te desenrasca sem pensar duas vezes, quem te preza, quem te respeita e, sobretudo quem te ama. Se não consegues amar ninguém, vai-te curar, vai-te tratar, vai-te foder. Não te venhas armar em amigo para pedir ajuda, em troca de falsas promessas que repetes sabendo que jamais as vais cumprir, até porque ficas logo mais papista que o papa e dás o dito por não dito quando te pedem ajuda a ti.
Lá por estares descoroçoado, isso não te dá o direito de tratar os outros como calhaus. Ou gretas de lamentações. As mulheres não são putas mecânicas ao teu serviço, são pessoas com sentimentos e vontades e opiniões e lugar no mundo, que merecem o mesmo respeito e voz que tu te arrogas.

Querias um post, aqui está ele.
"Gustastes" ? Agora, fode-te.

Ainda me hás-de agradecer muito por estas palavras da salvação.

True story.


Um raiozito de sol a mais, ou dois, fazem maravilhas.

Todos os dias de sol, faço questão de ir tomar o pequeno-almoço a um cafezinho cuja esplanada está sempre ao sol. Faço-o porque preciso do passeio, porque me quebra o jejum, e porque o empregado me trata como a menina mais bonita da esplanada, é sempre atencioso e me olha com um carinho sincero que me aquece o coração.
E porque, quase sempre, um passarinho pequenino me vem desejar bom dia. :)
It's the little things.

domingo, fevereiro 10, 2019

Sete é um número perfeito.

Eu e ele, sentados à mesa da confeitaria.
- Sabes, estou a pensar em voltar a pintar o cabelo de castanho... É a minha cor original. O que é que achas? Achas que me ficaria bem?
Ele arregalou os imensos olhos, debruçou-se sobre a mesa e, com as mãozinhas sempre frias, amparou-me as madeixas de cabelo que me emolduravam o rosto, olhou para mim, olhou para os cabelos que lhe cobriam as mãos e disse:
-Mas, assim tu ficas tão linda! Estás bem assim.
O meu coração derreteu e demos as mãos. Trocamos mais umas quantas palavras das quais já nem me lembro porque o meu coração estava cheio de mimo e eu já só tinha olhos para aquelas mãozinhas frias, de dedos compridos, que eu tentava aquecer. Ele continuava ali, de mãos dadas comigo e dedicar-me uma atenção rara.
Entretanto, chegaram os húngaros (os biscoitos, não os tipos) e ele meteu um à boca, enquanto me pegava no telemóvel para me mostrar um vídeo mesmo, mesmo fixe.

quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Contacto Zero Ou Um Copo de Água Não se Recusa a Ninguém.

Este ano que passou, 2018 — sinto que é até um sacrilégio referir-me a 2018, como se já estivesse tão morto e enterrado que nem devia estar falar nele —experimentei muita coisa nova. Experimentei-me a mim, sobretudo, sendo o melhor que sei ser, e fazendo o pior possível com isso a mim mesma.
Como profunda escorpião que sou, atirei-me à fogueira das emoções mais profundas e andei lá a bater com a cabeça, o coração e a regar tudo com lágrimas. Dei tudo a quem não tinha como retornar coisa alguma. Fui peça em vez de pessoa, não uma, mas duas vezes. Percebi que a minha energia, normalmente tão luminosa, tão criativa, tão redemoinho-por-vezes-furacão, também se esgota, também se acaba e arrasta o meu corpo com ela. E com tudo isso, dois-mil-e-dezoito foi lindo. Apaixonei-me, observei-me, recolhi-me, abri-me, dei-me e, finalmente, descobri o amor incondicional. Descobri quem sou com quem não me via, porque não tinha como. Descobri o que é amar sem saber no que vai dar, sem prender, simplesmente amar no momento, porque o destino ninguém controla. Descobri que amo a mais pura verdade do ser e a intimidade da alma. Descobri que sou amor em estado puro — e em todos os outros estados, também. Descobri que o amor não se bloqueia, não se corta, não se impede. O amor flui como água. Toma muitas formas, tal como a água. Pode ser fervente e logo se evapora, e depois vai-nos pingando de volta no coração.
Em 2017, alguém me apelidara de Sarita (ler com sotaque indiano, sff.). Significa riacho, ribeiro, curso de água. Demorei um bocadinho a integrá-lo, mas nunca um apelido foi tão bem aplicado, porque é mesmo assim que me sinto.
O amor que sinto, o amor que sou, é como água, fluido, e imparável, ainda que sujeito às mutações das circunstâncias. Ora seca e se evapora para ir chover mais adiante, ora se infiltra e alimenta e anima a vida em quem resseca, ora jorra com mimos e atenções, ora observa de longe como uma núvem no céu. Também pode gelar e cortar como facas, ou embater de frente e destruir se o obstáculo for demasiado grande ou repentino. Mas sempre lava. Sempre clareia. A água não se segura, não se contém. Água contida é água morta. Esvai-se pelas brechas e poros de contentores incontinentes... A bem ou a mal, toma os aromas daquilo que toca, incorpora as impurezas, e depois precisa de voltar à terra para filtrar tudo isso. Por vezes, até chega a servir de esgoto, mas até isso, o amor leva para transmutar. Mas, acima de tudo, o meu amor nutre, vivifica, devolve à vida, assegura a vida, e retempera para que sigamos adiante.
Em 2018, aprendi que "exclusão" é um termo técnico que até os mais treinados para o identificarem e corrigirem, a praticam e a prescrevem. Comprovei que não há santos nem gurus perfeitos, e que nenhum, nenhum, pratica a 100 por cento aquilo que apregoa. Que todos estão sedentos de amor, também. Por muito que dêem, estão sequiosos de o receber. E que por muito que me sugerissem ser gelo, a humidade penetra sempre até aos ossos, e eu como a água, lá me vou imiscuindo-me até chegar à verdade do ser, ao cerne de cada questão. Vou até ao fundo, ainda que isso me custe a minha pureza, a minha qualidade cristalina, ainda que depois tenha de me ferver para me libertar do que não é meu. É a minha natureza. E eu confio na natureza. Ela também é fluida.
Sou água: eu molho, refresco, sacio, lavo e purifico, até posso levar tudo de enxurrada, conforto e desconforto e entranho-me até à alma. Sem água não há vida. E quando nasce, do meio das pedras, do alto da montanha, das profundezas da terra, ela não sabe onde vai desaguar. Simplesmente, flui.
Alguém me sugeriu: Contacto zero! Pois. Mas um copo de água não se recusa a ninguém.