Fui à bola com ele. Eu vou à bola com ele. Conheço-o bem e gosto disso. Gosto da liberdade de ser e acontecer que nos permitimos. Gosto muito dele. E fui à bola com ele, ao Bessa, ver o Portugal/Azerbai(ei)jão.
Estive com ele na bancada da Imprensa e revi os meus colegas ali a debitar os caracteres que, amanhã, o Portugal futeboleiro vai ler, discutir, concordar ou discordar e depois esquecer.
Vi os jogadores, as estrelas do futebol luso, brilharem no relvado ali tão perto. Foi uma sensação estranha. Eu nunca tinha ido ao futebol, pelo menos não a um estádio. Na bancada de Imprensa não podia propriamente festejar os golos da selecção. Ali ao lado, acima e abaixo, trabalhava-se. Por isso, tive de me conter e empatizar com o esforço dos meus ex-colegas. Caladinha, tive mais tempo para observar coisas.
Observei, por exemplo, que Cristiano Ronaldo bebe Powerade azul, enquanto que os atletas do Arzebeijão só bebem água.
Observei que os tugas em deslocação (alguns deles) ao gélido Norte de Portugal, jogavam de manga comprida. Já os ex-soviéticos se sentiam nos trópicos, por isso, jogavam de manga curta. Observava-se uma excelente noite no Bessa, nem quente, nem fria. Estava-se mesmo bem.
Numa observação mais pessoal, constatei que, ao ver os jogadores da Selecção ao vivo, os mesmos que todos os dias vejo na televisão, nos anúncios, nas revistas, nos jornais, nas latas de coca-cola, a sensação era igual à de ver uma outra qualquer estrela da música, televisão ou cinema, ali no relvado. O fascínio dos media aplicado a um bando de putos que bem podiam estar a jogar no recreio do colégio, não fosse pelas luzes da ribalta, no estádio e fora dele. Vai daí, jogavam o Cristiano Ronaldo, o Maniche, o Costinha, o Postiga, o Ricardo, mas podiam estar a jogar a Catarina Furtado, os Gato Fedorento, a Floribella, os D'zrt e o restante elenco dos Morangos, que o entusiasmo seria o mesmo. Ah e tal, olha eles!... E pronto.
Observei também que faltava música durante o jogo. Aquilo não é ténis, o pessoal pode fazer a festa nas bancadas, aliás, esse é o encanto, o buzz, a pica que dá ir ver um jogo ao vivo. Então porque só pôr música quando era marcado um golo e não durante o jogo todo? Aposto que os jogadores até jogariam com mais ginga.
Gostei. Gostei de ter ido à bola. Gostei.
Cheguei atrasada e saí cedo. Podia ter aproveitado melhor.
Não faz mal. Ainda há muito campeonato pela frente.