sábado, setembro 30, 2006

O bocadinho aqui ao lado.

Já tinha saudades de Lisboa.
(Vocês vão gostar deste post.)
É verdade. E, não tendo estado fora, ontem apercebi-me do quanto eu sentia a falta de estar em Lisboa, de passear em Lisboa, de conduzir e me perder por ruas desconhecidas e mal pavimentadas (não resisti), ou deixar o carro parado dias a fio e andar só a pé ou de metro. Já sentia falta da confusão, do bafio de escape, da curiosidade em cada esquina e ao virar dela também. Sentia falta da cor, do movimento, da agitação, da genica de Lisboa. Durante um mês, troquei o paralelo e o pára-arranca da cidade pelo alcatrão da autoestrada desimpedida (é verdade!), e mudei-me para a província, ou quase, porque era mesmo aqui ao lado. Durante um mês, estive onde nada acontecia, nada se resolvia, onde até Judas teria tempo para polir as botas, as mesmas botas de sempre. Durante um mês, esperei sempre até às 4 da tarde para que o dia começasse. E depois esperava até às seis para que o trabalho começasse, e depois vinham os fornecedores e não esperavam dez minutos para interromper o trabalho que começara. Chamaram-me pulga eléctrica, mas pouco tive oportunidade de electrizar, a não ser mandar uns bitaites, escrever outros, responder à letra a umas quantas piadinhas, e acreditar que poderia mudar aquela inércia instalada. Era, afinal, o que me tinham pedido, só que faltou um pedacinho assim de vontade de quem decide. Faltou o tal 1,80m de diplomacia e casmurrice, de inteligência, criatividade e experiência que se mantiveram, senão adormecidas, pelo menos estremunhadas. Faltou o timoneiro que o queria ser, mas não tinha paciência para isso, o que queria resultados, mas podiam ser sempre adiados. Faltou um pedacinho assim de vontade de quebrar vícios e mudar atitutes, de aproveitar o que havia de novo e bom, ao invés de adicionar cabeças e deixá-las adormecer.
Estou de volta a Lisboa e, de repente, tudo me parece mais vivo.

Imaculada Conceição.

Oh well... fica para uma próxima encarnação. Ou não.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Sem conserto.

Pior do que os homens que não têm tomates, são aqueles que têm o saco roto.

Err...

quinta-feira, setembro 28, 2006

Mais leve.

1.
Andava mais pesada que uma betoneira. Todos os dias era a mesmíssima coisa. Voltas e mais voltas e íamos dar sempre ao mesmo sítio. Aquele filme não era o meu. Não dependia de mim quebrar o ciclo, ainda que esperassem que o fizesse, porque sou a frila, porque sou de fora, porque sou fresca. Como se eu fosse a infantaria, a carne de canhão, o batedor que abre caminho para quem vem, confortavelmente, mais atrás, não ter de se incomodar.

2.
Sou desbocada, sou pouco diplomática, separo completamente o pessoal do profissional, e ao fim de alguns bojardos profissionais, quem insiste em posições pessoais levou, com certeza, alguns encontrões. Ele diz-me que é isso que espera de mim, que faz parte do meu charme profissional. Eu respondo que só o faço porque não tenho nada a perder, excepto o meu tempo, e isso é o mais valioso.

3.
Não quero saber de amizades e incompetências. Prefiro afinidade e competência. Não aceito "achismos", prefiro "palpites informados". Gosto de discutir ideias com quem tem experiência e mente aberta, com quem é inteligente e com quem realmente se interessa. Trabalho sem filtro, penso sem filtro, falo sem filtro, para ter mais o que filtrar depois. Gosto de sentir a energia a fluir. E as ideias também. Gosto de ensaiar soluções. Especialmente, gosto de chegar às soluções. Mas temos de estar todos, e não só um ou só outro.

4.
Gosto muito do trabalho que faço. É uma merda em três actos e contribui pouco ou nada para a paz mundial, mas tenho paixão pelas palavras e por torná-las apetecíveis juntamente com a banha da cobra que embrulham. Gosto mesmo muito.
Curiosamente, nunca fui estagiária. Vim do outro lado da mesma moeda. Confiaram em mim e atiraram-me aos lobos. Sempre me dei bem com os canídeos. Não lhes mostro medo (não resulta da mesma forma com algumas pessoas). Sou intuitiva e gosto do que faço, gosto da matéria prima, gosto das ferramentas e gosto do trabalho em equipa. Gosto de gostar do resultado.
Quem trabalha por gosto aprende rápido, pensa rápido, trabalha melhor. Eu sou assim, e continuo a achar que ainda tenho tudo para aprender. Também é preciso ter vocação. E isso é coisa que não se ensina.

5.
Hoje estava decidida a virar as costas e a fazer uso da liberdade que me caracteriza. É dos poucos privilégios que me restam. A liberdade de expressão e a de movimentos. A primeira estava a ficar gasta e sem resultados. Restava a segunda. Ir e não voltar.
Felizmente, conversámos. Espero que não tenha sido só conversa.

6.
Porque eu já carrego o meus próprios sonhos, não tenho de carregar o dos outros. Se cada um carregar o que lhe compete, é mais leve para todos.

As mulheres movem o Mundo.

Porque é o que os homens esperam delas.
E mesmo quando são eles a acartar com o peso, são elas que os empurram.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Eu gosto de maçãs verdes.


A acção greenmyapple da Greenpeace aqui.

Do Uri para mim.

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimento
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
e a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também.



É bonito demais para ficar escondido nos comentários.
Metade de um obrigada, Uri, porque a outra metade é um sorriso de felicidade.

Estou assim.


(sem palavras...)

Frase do dia (cont.)

...
J. says: Fui ver como estavas.

:)

Pink post-it

Frase do dia.

...
J. says: Vim agora do teu blog...


:)

terça-feira, setembro 26, 2006

Rigor mortis.

"Cliente que já não reclama, é cliente que está morto".

Tenho é de ter calma.




You Have Good Karma



In general, you like to do the right thing when it comes to others.
Your caring personality really shines through.
Sure, you have your moments of weakness - and occasionally act out.
But, all in all, you're karma is good... even with those few dark spots.

Mal acostumada.

Estou a ouvir musica brasileira enquanto trabalho.
Das duas uma: ou me mudo para o Brasil, ou arranjo namorado brasileiro. Preciso de um homem que seja bom em muita coisa, que tenha ginga no corpo e paixão na alma.
E nas palavras, também.

Shuffle.

Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
E não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar de mais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Eu sinto-me frágil

Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil

Está a saber-me mal
Este whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
Frágil
Eu sinto-me frágil

Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Eu sinto-me frágil


pelo bom velho Jorge Palma

Silvia e os filtros de percepção.


Devia calar este blog, por exemplo.

Estaca Zero.

Nem posts consigo escrever já.
Fui drenada pela arma do vampiro.

Trauma alfacinha.


Fico nervosa quando ouço o carro do lixo passar.
Independentemente de onde tenha estacionado o carro.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Cento e oitenta graus A MAIS.

Toca o disco, vira o disco, repete o disco, arranha o disco, continua a tocar o disco, parte o disco, cola o disco. E toca o mesmo.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Sono.

Se se pode levar trabalho para casa, porque não se pode dormir no local de trabalho?

Prefácio.

Para antes ou depois do post que se segue:

"Cliente que reclama é cliente que (ainda) se importa."

De rajada.

Mais do mesmo.

Lisboa tem dias.
Lisboa tem dias em que dá cabo de mim, em que me agride e eu vou ao tapete. Lisboa é tão linda como uma loira burra. Bela, excitante, cara, e insuportável. Lisboa é uma cidade muito mal amanhada. Em termos de planeamento do território, consegue ser pior que Vila Nova de Gaia. Um caos urbanistico, um amontoado de prédios que foram ultrapassados pelo tempo e pelas necessidades modernas das populações. Não há estacionamento, os pisos são desadequados, escorregadios, esburacados e cobertos de carros e caca de cão. Os prédios são altos e sem elevador. Gastam-se milhares de litros de água para molhar o chão e nem por isso ele fica mais limpo (há uns carros aspiradores/esfregonas/vassouras muito jeitosos no Porto. Nunca vi nenhum por aqui). Os carros do lixo são conduzidos por motoristas revoltados com a vida que passam por cima de carros estacionados só porque sim, e porque a vingança se serve fria ao pobre do desgraçado a quem calhar a vez. Não há um restaurante onde se coma bem e barato. Lisboa é suja demais. Do lixo ao luxo é um passo. Lisboa é apinhada demais. É saloia demais, podre demais, cara demais, nouvelle riche demais. Lisboa é acidentada e tortuosamente cansativa. Lisboa tem pombos a mais. Lisboa não tem jardins. Lisboa é quente demais. Lisboa vira as costas ao rio, Lisboa tem uma linha de comboio a vedar o acesso à praia. Em Lisboa é tudo longe demais e só faltava um bocadinho assim para estar perto. Lisboa é macrocéfala ao ponto da deficiência.
Lisboa é o exemplo do erro tão crasso, mas tão crasso que já é (quase) impossível de corrigir. Lisboa é agreste.
Lisboa obriga a um dispêndio estúpido e desnecessário de energia que compromete a qualidade de vida nas coisas mais básicas.
Lisboa é a capital e, por isso, devia dar melhor exemplo.

Dito isto, Lisboa tem pessoas lindas que me fazem esquecer tudo isto num minuto. E é só por elas que eu gosto de Lisboa.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Fruto silvestre.

Este blog é como uma amora silvestre.
É de geração espontânea e não se dirige ao grande consumo, mas toda a gente já provou um ou outro post.

Unlucky fin.


Eu tinha um carro.
Não era um grande carro.
Era pequenino
E tava arrumadinho...
Tururu-ruruu...

Um dia o carro
Tava parado
E veio um furacão
E fez-lhe um amassão...
Tururu-ruruu...


*P.S. - Este furacão veio disfarçado de Gordon, mas deixou assim uns riscos verde-alface, para além do retrovisor esmigalhado, esmifrado, AMPUTADO!!! e com restos de alface por todo o lado.
Alface, estão a ver... Alface como em CARRO DO LIXO DA CML!!!!

Agora o carro
Vai ficar caro
Parece o Nemo*
E eu vou ficar com uns euros a meno.
Tururu-ruruu...



O Nemo tinha uma lucky fin, uma barbataninha mirradinha. Foi mais ou menos assim que ficou o meu boguinhas, sem retrovisor e, de resto, já tão massacrado de estar nesta MERDA desta cidade (excuse my french... grrr!!!).

quarta-feira, setembro 20, 2006

Pensamento positivo do dia.

Tudo o que começa, acaba. E tudo o que acaba, recomeça.
:)

Uma torturinha.

segunda-feira, setembro 18, 2006

O Porto longe demais.

Sempre que vim a Lisboa em trabalho (ou à procura dele), era sempre grande excursão. Começava por me obrigar sempre a levantar cedo demais, tendo marcado as entrevistas para o horário da tarde, de maneira a não chegar demasiado esbaforida. Lisboa era sempre mais quente, por isso a indumentária nortenha rendia-me, frequentemente, um aspectozinho mais transpirado do que seria desejável (hoje conto ter frio, no Porto). Lisboa era grande demais, stressante q,b. e drenava-me a energia. Voltava ao Porto no mesmo dia, sempre com uma sensação de alívio.
Hoje vou ao Porto em trabalho. Parece um contra-senso. Acordei cedo, escolhi roupinha de trabalho, apanhei taxi para Sta Apolónia e vou perder o comboio. Faltam 3 minutos e o DC que requisitou a minha presença na reunião, está irreversivelmente preso na Marginal, a muitos quilómetros de distância e ainda mais minutos de atraso. Vamos de carro, depois de termos comprado os bilhetes na net , pelo que a CP não substitui os bilhetes nem devolve o dinheiro.
(Há um velhinho pespegado a olhar para mim a teclar na sala de espera da estação).
Negociei que não regresso hoje e aproveito para ver a famelga.
É a primeira vez que venho ao Porto em trabalho e admito que estou nervosinha. É estranho. É como vestir a camisola da equipa adversária e vir jogar ao campo do antigo clube.

domingo, setembro 17, 2006

Uma palavra esquecida.

Huh?... Sim? Ah, pois sou eu. Eu..., pois esqueci-me do que ia a dizer, ando muito esquecida ultimamente. Deve ser a fraqueza. Sou uma palavra antiga e já pouca gente me usa, vai daí tenho tido pouco exercício. Enferrujo. No outro dia, houve um velhinho que...o que é que ele disse, mesmo?... Ele disse qualquer coisa, aliás ele empregou uma palavra que... bem, ele emp... empregou-me a mim! Pois foi. Mas é pena porque assim não me lembro o que foi que ele disse. Lá está... Sou uma palavra muito esquecida.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Blogger posta por mim.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Matou a charada.

Como diz uma amiga minha,

"Os homens têm de ter flecha."
Karrene, 2006.

Anti-derrapante.

Uma palavra só para os ditos arquitectos de Lisboa que precisam de uma ajudinha a escolher pavimentos que NÃO REPRESENTEM UM RISCO DE SAÚDE PÚBLICA:

GRA-NI-TO.
(na falta deste, podem sempre tentar cimento de areia grossa)

quarta-feira, setembro 13, 2006

Dia Cinzento.

Sinto-me (mais) em casa.
:)

Brincamos.


- Oh mãe, dááááá!!
- Não, querido. É muito caro.
- Oh mãe, mas dá.
- Oh querido, eu gostava muito mas não posso.
- Mas eu quero...
- Mas nada. Tu nem tens o que fazer com aquilo...
- Tenho, tenho, mãe. Tenho montes de coisas que posso fazer...
- Aquilo não serve para ti, filhote.
- Serve sim, mãe. Deixa-me experimentar, vá.
- Oh. Já te disse que não estás preparado.
- E como é que eu posso ficar preparado se tu não dás?
- Não insistas, por favor.
- Mas eu queroooooo...
- Já te disse que não pode ser.
- Eu prometo portar-me bem, arrumar tudo, levantar-me cedo, comer tudo à mesa, eu prometo, eu juro...
- Prometes nada.
- Prometo sim. Oh mãe, olha pra mim... vou chorar.
- ...
- A sério, mãe, dáááááá... olha que eu choro!!...
- Ai!... Pronto, vou fazer a experiência. Se não for como dizes, nunca mais te dou nada!
- Vai ser o melhor presente de sempre. Vou andar todos os dias com ele e nem empresto a ninguém, a sééério...
- Pronto, chato. Está bem, convenceste-me. Vou confiar em ti. Vamos lá, então.
- Ena!!! És altamente e super-hiper-mega-ri-fixe!!


(LOGO NO DIA SEGUINTE)

- Então, onde está aquilo que te ofereci?
- ... Huh!? De que é que estás a falar?

Nope...

Aluguei-me a um sonho que não é o meu. Preciso de acordar para a vida.

Eu não sou daqui.

Ando a habituar-me a uma terra que não é a minha, e a caminhos que se tornam rotineiros sem que, por isso, se tornem mais familiares. Não sei se me estou a habituar a esta terra, ou só mesmo à sensação de não-pertença.

Pop Pop, Pop musik.


Música para os ouvidos. Conforto para a alma.
(apesar de magoar um bocadinho a vista)

terça-feira, setembro 12, 2006

Sabor do dia.

Desconsolado, com toques de chocolate e chá verde com menta e canela, mas ainda assim, desconsolado.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Eu também testemunho sobre o 9/11.

Foi há cinco anos, conforme me recordou o João. Cinco anos! Já lá vão cinco-anos-cinco desde que eu iniciei oficialmente a minha carreira como copywriter. Qual jornalista, qual redactora, qual quê!!? "Copywriter precisa-se", lia-se assim no anúncio ao qual respondera prontamente uns meses antes das torres caírem. Assim como assim, era fresca na agência. Tinha uns dois mesitos de casa e trabalhara durante o mês de Agosto. Não conhecia metade da equipa ainda. Naquele dia, fomos almoçar a uma churrasqueira piolhosa, mesmo ali ao lado. O director criativo, dois colegas designers, e eu, ainda meia envergonhada e gorda, também. Tínhamos acabado de nos sentar para almoçar quando a Ana, a copy sénior, chega, toda sorridente e exuberante, e se junta a nós, pedindo desculpa pelo atraso..."mas acho que houve uma confusão qualquer e que uma avionete se despenhou num centro comercial não sei onde", disse.
Na altura, eu ainda não conhecia a amplitude tétrica do humor negro da minha colega. Até hoje, continuo a achar que aquele comentário foi sincero e que ela não sabia mesmo aquilo a que se estava a referir. "Oh Ana", respondi-lhe eu, "esperemos que a avionete fosse telecomandada e o centro comercial estivesse vazio, caso contrário não terá assim tanta piada..." (Eu sei, eu ainda estava na fase de dizer coisas acertadinhas). Com uma fonte de informação como a Ana, não tardou que passássemos a assuntos realmente importantes como... futebol.
Quando nos levantámos para pagar, o dono da churrascaria, geralmente tão apressado e despachante, havia perdido todo o interesse em nos aviar. Estava colado à televisão gordurosa e mal sintonizada que havia por trás do balcão. No ecrã, via-se mal, mas não foi por isso que demorámos a perceber ao que estávamos a assistir: uma das torres gémeas já ardia. Um avião havia embatido no World Trade Center. E embateu várias vezes, por causa dos replays.
- "Centro comercial, ein, Ana? Avioneta?"
- "Eh, foi quase. O avião não parece assim tão grande..." e continuou como se nada fosse.
Entre o pagamento e o troco, veio mais um avião e acertou na segunda torre. A Ana já havia saído. Ela só trabalhava de manhã e tinha sempre muito que fazer. Nós, que restámos, ficámos especados em frente à televisão. O DC, geralmente um gajo cool, impávido e despreocupado, ostentava agora o semblante mais carregado de sempre, e as mãos mais enterradas nos bolsos do que o costume. Na mente dele, confrontavam-se agora as preocupações com uma Terceira Guerra Mundial (porquê usar maiúsculas para um acontecimento que nunca se deu?), o futuro dos dois filhos e a contracção do mercado publicitário. "Grande merda, isto é uma grande merda", dizia, "mas, porra, os americanos estavam a pedi-las. Não tenho pena nenhuma... só que isto vai f... tudo." Parecia filme. Eu própria imaginei alto cenário de guerra ali à volta, com a Boavista e a Praça do Bom Sucesso todas esburacadas de balas e a ser sobrevoadas por aviões B-52, sacos de areia e barricadas por todo o lado, fumo, e eu de farda beje e batom vermelho.
Voltámos para a agência, e juntámo-nos ao resto do pessoal que estava a assistir ao fim do mundo, lá em cima (seis andares acima) na sala de reuniões da Publicidade. Afinal, o fim do mundo é um fenómeno cuja importancia só encontrava comparação possível junto das viagens de mota do nosso Director ao Continente Africano e ilhas, e os videos dos "dias da agência" para cujo visionamento éramos sempre intimados a comparecer). Subi no elevador com a minha DC. A rapariga já soluçava. Adepta das medicinas alternativas e da paz interior, tremia como varas verdes e respirava fundo para se acalmar. O fraco resultado que conseguiu veio-se abaixo com a derrocada da primeira torre. Eh pah, que desgraça e tal... O pessoal estava lá todo, sem saber o que dizer. Minutos depois, estávamos quase a debandar quando caiu a segunda torre. As piadinhas à portuguesa começaram logo. Pronto, deja vu e tal, "se calhar era melhor irmos trabalhar, já não há ali nada para ver, esta cena já se está a repetir. Há pipocas? Mete mas é aí um filme de jeito...".
O resto do dia foi estranho. Ficámos todos muito calados...
É o que me lembro do 11 de Setembro de 2001.

A propósito, um filme de jeito:
Loose Change - Second Edition (Part 1)
Loose Change - Second Edition (Part 2)
Loose Change - Second Edition (Part 3)

Tempo do Norte.

Lisboa hoje acordou como eu gosto. 20º graus de uma manhã perfeita, fresquinha, enevoada e com brisa de maresia. Estava tão bom, tão bom, que voltei para a cama e dormi mais uma horinha. Afinal, estava em casa.

OOOMMM...

Estou tão calma, mas tão calma, que nem consigo escrever este post.

domingo, setembro 10, 2006

Esqueçam tudo o que alguma vez escrevi...






































As palavras mágicas foram ditas.














"Queres....
namorar...
comigo?"
























Não, não vou comentar.

A abébiazinhazita.

Tão discreta, mas tão discreta, que nem o dicionário deu com ela.

S-Speed.

Sim. Na minha vida, os acontessimentos paressem susseder-se a um ritmo alussinante...

sábado, setembro 09, 2006

Sílvia, Sílvia, Sílvia...

Eu pensava que sim, mas tenho de confessar: eu AINDA não ultrapassei a idade dos meninos bonitos.
Tss tss...

Irónico...

Se eu mostrar interesse sincero, eles fogem. Se estiver sinceramente desinteressada, eles melgam-me.

31 going on 13.

Ter 30s é do caneco... Especialmente quando me sinto e comporto como uma adolescente, e depois fico embaraçada com isso, como dita a bela da consciência adulta.

Nope...

ainda não postei nada de novo...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Outra coisa boa.


Eles estão lá para nos ENSINAR, e nós estamos lá para APRENDEEEEER!!
YUPPIIII!!!

quarta-feira, setembro 06, 2006

Coisas boas.

Uma lucky escape.
Um dia na toca.
O dia que se segue.
Mimo.
Faxina, arrumações e a roupa ainda por passar a ferro.
Seis horas de conversa.
A constatação de que os meus amigos estavam mesmo a torcer por mim.
Uma caipirinha de morango. Outra.
SMS's de todos os lados.
Uma reunião às 17h30.
Um abraço.
Uma palavra: "Focus!"
Finalmente, um supermercado cheio de coisas boas. Ou melhor, dois!
Telefonemas diários da mamã.
Pão saloio.
Meio quilo de frutos silvestres.
Um taxista que não resmunga.
Messenger.
A felicidade de um DC alucinado que, against all odds, insiste em trabalhar comigo.
Um amigo, de longa data, do Porto, que vem viver para Lisboa (isto aqui está cada vez caseiro).
Apenas 12 quilómetros em apenas 10 minutos.
A brisa do mar.
Uma ventoínha virada para mim.
Uma mesa sem cantos.
Trabalho para fazer.
Posts na varanda.

terça-feira, setembro 05, 2006

Para que não restem dúvidas.

Estou contente. :)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Apesar do calor.

Só me apetece meter-me atrás de um computador e trabalhar, trabalhar, trabalhar... enquanto que o resto do mundo faz de conta que eu não estou aqui.

Em várias frentes.

domingo, setembro 03, 2006

O Domingo como ele é.

Acordei tarde, tomei pequeno almoço com os vizinhos, falei à família e escrevi aos amigos, e ainda tive tempo para arrumações de fundo, antes de dedicar o resto da tarde à arte de bem conversar numa das melhores esplanadas de Lisboa.
Junte-se, claro, um gajo giro e inteligente, um jantar no restaurante favorito e meia Lisboa percorrida a pé, numa noite morna e serena... e voilá! Lisboa é linda.

Há dias em que adoro cá estar.

Ponto de cruz.


Acho a coisa mais linda do mundo. Os lenços de namorados.
É assim uma coisa como deve de ser, e tem tudo a ver comigo. Ela borda um lencinho e oferece ao moço por quem se encantou, para lhe revelar a sua afeição, e na esperança de o conquistar. É simplesmente lindo...
Já não se usam, claro.

Estive mesmo para bordar um.
Em vez disso, optei por apagar um número do telemóvel. Quem não entende, não merece.

Já me começo a sentir bem melhor.

sábado, setembro 02, 2006

Sim ou não.

Sopa não temos.

First come, first served.

Já devia saber melhor do que esperar fosse pelo que fosse, fosse por quem fosse. Nunca resulta, só dá prejuízo e chatices. Não volto a esperar. Nem mesmo por Setembro.

Há dias assim.

Depois de ontem.


Alguém me diz por que razão hei-de eu sair da cama hoje?
Não hei-de. É Sábado.

Peixe da fritura.

Se,
Carago
s. m., Ictiol.,
nome vulgar de um peixe de grandes dimensões da fauna marinha portuguesa;


Então,
Na banca do peixe no mercado do Bolhoum:

- Oh sinhuora, arrainje-me um carago, faxabor.
- Um quê, freguesa linda, amori do meu coraçoum!?
- Um carago. E bem arranjadinho, se num simporta.
- Oh muore, mas que peixinho é que disse que queria, lindeza? É tudo fresquinho. É só escolher, muore.
- Um carago, um qualquer, escolha a senhora, que sabe melhor do que ieu.
- Ai cum carago! Oh freguesa, teinhe chicharro, teinhe faneca, teinhe sardinha, teinhe uns carapauzinhos muito bons e teinhe aquele que agora numalembra o nuome...
- Num sei que escolha... Ah, ja sei, carago! Quero esse aí à sua beira!
- Esse qual, freguesa, que carago é que disse que quere?
- Olhe, esse parece-me fresco. Beija lá.
- Eu, eu, eu... eu já num tou a ber beinhe.
- Tem carago mais fresco?

- Só carago mais beilho. (Desampara-me a loja, ó sustruona, cum carago já!)
- Isso não, ó bailha-me Deus e os ainjos, senhuora! Olhe, quero o melhorzinho que tiber, um graundinho assim.
- Carago, isso queremos tuodas. Quando num há, beinha um quilinho de cenouras por semana que faz o mesmo efeito! A bere...
- É, eu debia comer mais legumes e mais peixinho. Olhe, arrainje-me lá um à sua buntáde.
-Ó freguesa, sabe o que lhe digo? Bá co carago...

sexta-feira, setembro 01, 2006

O depurador.

Foi há um ano. É preciso que se diga:

Cabrão, filho da puta, crápula, terrorista, chantagista, mal formado, intratável, dissimulado, anormal, brugesso, mentecapto, pedante, bruto, mercenário, insuportável, burro, demente, mentiroso, ignorante, desonesto, incompetente, fraco, triste, cobarde.
Mas estava no meu caminho.
Obrigada. Depois de si, a vida melhorou bastante.